terça-feira, 8 de novembro de 2022

O grande mandamento

 


No capítulo 22, do Evangelho que escreveu Mateus, temos o diálogo entre os fariseus e o nosso Senhor Jesus. Os fariseus eram a nata da religião, os formadores de opinião, os mentores, aqueles que eram tidos como dignos de serem imitados. As criancinhas se espelhavam neles. E é interessante olhar para este capítulo e ver que Jesus vai ensinar o que de fato é importante na prática religiosa.
 

Nosso mestre vai ensinar que todo o sistema de crença, toda doutrina religiosa, e os mais de 600 pareceres que os fariseus tinham feito, como um emaranhado explicativo da reunida religião, se resumia em apenas 2 mandamentos. Amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu pensamento. E amar o próximo como a si  mesmo.
 

Será que essa palavra continua ecoando nos nossos dias? Será que nossos mestres e formadores de opiniões também não precisam ouvir e viver esses 2 mandamentos? Algo semelhante com o trecho da canção da Banda Resgate, que diz “o que eles precisam saber… Deus não é o que se vê na tv”
 

A palavra mandamento significa ordem de comando, voz de comando. Vem da palavra mandar. O mandamento da palavra é uma voz que direciona a nossa vida. E de todos os mandamentos, ou seja, a voz inicial que deve comandar e direcionar a nossa vida, deve ser amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu pensamento e amar o próximo como a ti mesmo.
 

Jesus bem explicou que este é o primeiro, ou seja, temos outros mandamentos, temos outras doutrinas, temos outras coisas que devemos fazer, mas ele também disse que este é o primeiro e grande mandamento. Então essa deve ser a maior voz que nos direciona. A principal voz de comando deve ser essa a voz mais alta em nossa consciência: amar a Deus e amar ao próximo como a ti mesmo. Essa deve ser a nossa principal mensagem, o nosso principal testemunho, nossas atitudes devem refletir isso, ou não estamos sendo guiados pela voz de comando.
 

O verbo amar no novo testamento vem do grego agapeo e do substantivo ágape. Tanto a forma verbal e a forma substantiva aparecem mais de 200 vezes no novo testamento, e significa amor incondicional.
 

Somente podemos amar a Deus, com esse amor ágape, esse amor incondicional, se primeiro formos nutrido pelo seu amor. Esse grande amor de Deus pode ser vivenciado por nós, através da Cruz. Ele primeiro te amou e por isso ele libera uma voz de comando para que você o ame.
 

O amor ágape não espera recompensas. É um amor sacrificial. É um amor que não espera receber nada em troca. Esse é o amor de Deus para conosco. Você não precisa fazer nada para recebê-lo. Você já o tem. É de graça, e é pela graça. Não há nada que um filho possa fazer para que seus pais o amem. Por ser filho, são amados. Aceite todo amor que o Pai libera sobre você.
 

Precisamos aceitar o amor de Deus para conosco. Seja nutrido pelo poderoso amor do Senhor através desses versículos:
 

O amor de Deus é envolvente e nos atrai para Ele:
Com amor eterno te amei; também com amável benignidade te atraí” (Jr 31.3)
 

O amor de Deus é fortemente poderoso para nunca diminuir:
Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel?” (Os 11.8)
 

O amor de Deus concede identidade de pertencimento aos seus discípulos
como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1)

Então, contemplando esse grande amor de Deus, somos atraídos para ama-lo. Mas entenda que a expressão dita aqui, diz que é um amor de todo o nosso coração, de toda nossa alma e de todo o nosso pensamento. É um amor que vai além de sentimentos, porque é um amor racional, ou seja, é um amor que envolve decisão. É um amor que envolve entendimento. O amor demonstrativo. É um amor em que minhas condutas e minha vida mostram que eu o amo.

Amor ao próximo como a ti mesmo

 

No segundo mandamento, embora Jesus não tenha colocado o adjetivo grande, ele o descreve como semelhante ao primeiro. Semelhante em grandeza e importância, mas é o segundo porque depende do primeiro e somente vivendo o primeiro conseguimos ser  assertivos no segundo.
 

Entenda que aqui há 2 situações. Para eu amar o próximo a medida desse amor deve ser o meu amor por mim mesmo e quando a gente fala de amor a si mesmo a gente corre o risco de entrar na área do orgulho ou da presunção. Verdade é que não damos muita importância nos ensinamentos de amor a si próprio, pois temos medo do orgulho. Esse conceito de amor próprio que é sinônimo de orgulho remonta aos tempos dos filósofos gregos. Foi Aristóteles que desenvolveu um conceito de amor próprio que era semelhante ao orgulho, para ele quem era humilde era desprezível. Então na cultura grega o amor próprio era sinônimo de orgulho porque a humildade era vista de forma negativa. Mas Jesus Cristo disse que aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. Ele é o símbolo do amor então, sim, é possível ter amor próprio sem orgulho.
 

O famoso psicólogo Denis Watley, que aconselhou os primeiros astronautas, disse “o primeiro e mais bem guardado segredo do sucesso total é que devemos sentir amor dentro de nós para que possamos dá-lo a outros.”
 

Amar a si próprio não significa ser presunçoso. Pelo contrário, amar a si significa estar contribuindo para a solução de nossas maiores necessidades. Acredite, isso não é narcisismo. Não é situar-nos à frente de todos, na verdade é colocar Deus à frente de todos. Entenda que quando a gente se alimenta e faz exercício estamos fortalecendo o nosso corpo, estamos cuidando do templo de Deus. Entenda que quando estamos construindo o nosso desenvolvimento intelectual com conhecimento apropriado, estamos praticando o amor próprio. Entenda que quando evitamos e nos esforçamos para não praticar situações que desonram a Cristo, estamos comprometidos em cumprir o grande mandamento que inclui também como a ti mesmo.
 

Então, no auto cuidado, nós precisamos nos conhecer. Sabermos quais são os nossos limites, entendermos quais são os nossos gatilhos, conhecer bem nossa personalidade, nossos pontos favoráveis e desfavoráveis. Precisamos fazer um mergulho dentro de nós para que os nossos pontos favoráveis cada vez mais glorifiquem a Deus quem nos deu. E ao mesmo tempo permitir que a palavra atuando em nós possa ir diminuindo os nossos pontos desfavoráveis, isso é amadurecimento, isso é amor próprio. Aquela pessoa que não muda que diz eu nasci assim vou morrer assim, não tem amor próprio. O amor é uma evolução, é uma planta cultivada que tende a crescer, dar suas flores e seus frutos.
 

Amar ao próximo
 

Amar a Deus e aceitar o amor dele por nós é a base para o amor próprio. Amar a si então se torna a base para amar o próximo. A dificuldade que temos de amar as pessoas e cumprirmos o nosso papel social, de conviver bem com as pessoas, oferecendo um bom testemunho cristão, é porque não estamos conseguindo cumprir primeiramente o amor a Deus e também o amor a si.
 

É como uma engrenagem final. A base é amar a Deus de todo o meu coração,  pensamento e de toda a minha alma, e a próxima camada é amar a si. O amor próprio é a arte visível disso, é o amor que eu demonstro ao meu próximo. Meu relacionamento com o próximo então é a parte visível do meu amor para com Deus e para comigo. À medida do meu amor demonstrativo às pessoas, é a mesma medida demonstrativa que eu tenho para com Deus e consequentemente para comigo. Não tem como mudar essa ordem. Eu não posso dizer que amo a Deus se eu não demonstrar amor pelas pessoas. Em sua carta, o Apóstolo João disse que nós o amamos porque ele nos amou primeiro se alguém diz eu amo a Deus e aborrece a seu irmão é mentiroso pois quem não ama seu irmão o qual viu como pode amar a Deus a quem não viu e dele temos este mandamento que quem ama a Deus ame também a seu irmão (1Jo 4.19-21).
 

Amar o próximo, então, não é apenas uma declaração de amor. Não é dizer eu amo você, eu amo as pessoas, eu amo o pobre, eu amo o órfão e a viúva. É uma obra que é feita em favor destes, é uma demonstração desse amor. 


“quem pois possui bens do mundo e vendo o seu irmão necessitado lhe cerrar o seu coração como estará nele a Caridade ou o amor de Deus meus filhinhos não amemos de palavra nem de língua mas por obra e em verdade” (1Jo 3.17-18).


O amor é como uma luz. Se você entra num ambiente escuro e acende uma luz, logo consegue enxergar melhor em sua volta. O amor é a luz que me faz enxergar as necessidades daqueles que me cercam. Precisamos acender uma luz em cada ambiente que nós entramos. O amor é atencioso. O amor percebe além das circunstâncias. O amor nos move a agir “em favor de”.
 

“outra vez vos escrevo um mandamento novo que é verdadeiro nele e em porque vão passando as trevas e já a verdadeira luz ilumina aquele que diz que está na luz e aborrece seu irmão até agora está em trevas aquele que ama a seu irmão está na luz e nele não há escândalo mas aquele que aborrece a seu irmão está em trevas e anda em trevas e não sabe para onde deva ir porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1Jo 2.8-11).
 

Que acenda a luz do Senhor sobre ti e através de ti, em cada ponto que teus olhos alcançarem. Que se acenda um amor verdadeiro, inteiro e demonstrativo. E que ali também chegue para benefício das pessoas que Deus coloca ao seu redor.
 

Para fecharmos, então, vamos meditar sobre as 7 leis do amor ao próximo, formulada pelo escritor Dr John Haggai:
 

Primeiro, devemos decidir cultivar amizades em que não exigimos nada em troca. Foi Maquiavel quem disse que todo relacionamento tem um interesse por trás. Segundo esse pensador, nos relacionamos para obtermos algo em troca. Ao contrário disso, a Bíblia mostra o amor de forma incondicional. Amamos sem esperar nada em troca. Não amamos pelo que pode acontecer com a gente, pelo contrário  amamos porque somos nascidos do amor do calvário, isso está no nosso DNA, na nossa identidade celestial.
 

Segundo, é preciso um esforço consciente para nutrir interesse autêntico pelo próximo. É uma questão de decisão. Precisamos decidir e demonstrar interesse pelas pessoas. O que as pessoas ao meu redor precisam? Nunca se esqueça que o evangelho é a resposta para todas as necessidades das pessoas.
 

Terceiro, cada um de nós é uma pessoa singular. Entenda que levará tempo para conhecer melhor as pessoas. Sabendo que cada um é singular, precisamos melhorar a nossa compreensão Antes de exigir a mudança do outro, sermos nós mesmos a própria mudança.
 

Quarto, esforce-se para aprender a ouvir. Você realmente escuta as pessoas? É necessário um esforço nosso para colocar a nossa atenção naquilo que o outro está dizendo. Isso também é um exercício de paciência. Escute com sinceridade o que o outro tem a dizer. Mostre interesse no que ele está dizendo. E lá na frente faça perguntas daquilo que ele já disse, daquilo que ele te confiou.
 

Quinto, disponha-se a amar, quer você saiba como ou não. Mesmo que você não saiba o que fazer, decida-se amar o próximo. Se você não sabe como demonstrar o amor ao próximo, esteja disponível. Amar ao próximo envolve gastar o tempo com ele. Envolve ajudar na sua necessidade.
 

Sexto, trate sempre os outros como iguais. O cristão não faz acepção de pessoas. Independentemente da cor, do credo religioso, da orientação sexual, dos seguidores das redes sociais, independente da posição social, trate o próximo com respeito . Há uma dignidade intrínseca em cada pessoa, por ter o homem sido criado à semelhança de Deus, que o faz ser digno de ser respeitado. Amar significa respeitar.
 

Sétimo, cuidado com suas palavras. Use sempre palavras de elogio e de encorajamento. São palavras afirmativas. Se o que sai da nossa boca tem poder para levantar ou derrubar alguém, escolha levantar. 

Decida ser benção na vida das pessoas que estão em sua volta. Há poder em nossas palavras. O mundo foi criado através de uma palavra. A palavra cria mundos. Use o poder que tem para criar destinos, abrir caminhos, mostrar o alvo, levantar cabeças, apontar uma direção, mudar uma história. Cuide bem das palavras que saem da sua boca, depois há de sermos julgados por elas, cada palavra será considerada no dia do juízo, mesmo aquelas que não lembramos mais. Porque na verdade quem escuta, geralmente não esquece. É mais fácil quem diz esquecer o que foi dito, não quem ouviu. Nossas palavras edificam o amor próprio dos outros, enquanto que nossas críticas desencorajam, matam o entusiasmo e o amor dos outros.
 

A prática do amor ao próximo então requer disciplina, concentração e paciência e deve ter importância suprema para nós. Amar a Deus, amar a si e amar ao próximo é tão importante que, para expressar esse amor, precisamos do poder do Espírito Santo que habita em nós. Semelhante àquele pai do jovem que estava possesso, que disse me ajude a crer, te convido, humildemente, a pedir ajuda para que Deus ensine a amar. Jesus disse que aquele que me ama obedece os meus mandamentos. Amar é obedecer. Cantemos mais uma vez “quero te amar mais Senhor”. Um amor comprovado e demonstrado. E amando o Senhor, com todas as nossas forças, aí sim, sendo nutrido e vivendo esse amor em nosso interior, amar o próximo como a si mesmo.
 

Aceite o desafio de demonstrar seu amor ao maior número de pessoas possíveis nesta semana. Você é capaz de fazer uma lista de 3 amigos,  e fazer algo incrível por algum deles nesta semana? Você é capaz de colocar uma nota no bolso e doar para a primeira pessoa que te pedir? Você é capaz de mandar uma mensagem de reconhecimento para alguém que te ajudou? Você é capaz de liberar perdão em favor de quem te maltratou? Permita que o amor divino flua através de ti, e pessoas serão curadas nisso. E você será a primeira beneficiada com essa cura! Em nome de Jesus.

Amém!

Erisvaldo Pinheiro Lima

Palavra ministrada em Outubro de 2022, na Igreja Santuário do Altíssimo.


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