domingo, 6 de outubro de 2019

Renúncia


E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lc 9.23


Em 2013, eu renunciei um cargo de chefia no meu trabalho para melhor atender às demandas da minha recente jornada pastoral. Embora eu soubesse que era o que deveria ser feito, confesso que meu coração e meu orçamento sentiram. Não é fácil renunciar. Ainda que seja por um bom motivo, o fato é que dói. Sabemos que deve ser feito e, às vezes, demoramos a fazer.
Cristo nos chama a renunciar algo bastante peculiar. Para segui-lo, devemos renunciar a nós mesmos. Para melhor entender o que é renunciar a si mesmo, passemos para o exemplo de três humildes servos do Senhor:

Abraão renunciou sua terra e sua parentela para viver uma promessa
A promessa era grandiosa, mas dependia de uma imediata renúncia.  Estrelas do céu e areia do mar viriam com a condição de Abraão sair do meio da sua terra e de sua parentela. Muitas promessas valiosas são condicionadas a renúncias  dolorosas. Amamos ouvir e sonhar com as promessas divinas, mas temos dificuldade em renunciar e cumprir nossa parte do acordo. Abraão até que foi rápido em abrir mão de sua terra. Logo que recebeu o mandato, ele e sua parentela já saíram da terra dos caldeus. É a renúncia parcial. Renúncia de uma metade. É quando abrimos mão se quase tudo que Deus nos exige. Abrimos mão da terra mas demoramos a fazer o mesmo com a parentela. 

Moisés renunciou o palácio e sua realeza para liderar uma nação de ex-escravos numa longa jornada pelo deserto.
O detalhe importante é que entre a renúncia e o exercimento do chamado houve uma espera de 40 anos. É quando aprendemos que depois da renúncia, eu ainda serei provado se de fato eu renunciei. É o período do anonimato da preparação. Antes de liderar toda nação,  Moisés liderou sua família.  Antes de lidar com o povo de Deus, ele teve que lidar com a fazenda de seu sogro. Esse período de espera contribui para nos preparar para algo maior. É onde nossa fidelidade no pouco é testada antes de sermos colocado no muito.

Jeremias renunciou o sacerdócio para ser profeta.
Em seu tempo, o sonho do pai sacerdote era ver seu filho sacerdote. O sacerdote era respeitado e bem visto por todos. Em seu tempo, o profeta era uma espécie de massageador de ego do rei, falava o que o rei queria ouvir. Ou era isso e tinha as regalias dos rei, ou era verdadeiro e tinha o desprezo do rei e de todo o povo. Jeremias foi chamado para ser profeta do Deus Verdadeiro e deveria profetizar toda verdade contra o rei. Teve que abrir mão do sacerdócio para ser um profeta verdadeiro. É a renúncia do que eu quero ser para Deus para ser o que Deus quer que eu seja para ele.

Mais dois detalhes do versículo nos ajudam a entender melhor o que é de fato renunciar.

Após mim
1- Cristo é o exemplo maior de renúncia. Abriu mão da glória celeste para morrer na cruz. Abriu mão de sua vontade para beber o cálice da obediência de seu Pai.
2- Cristo está à frente. Estamos todos após Ele. Primeiro ele. Nosso olhos nele. Ele sempre adiante de nós.  

Todos os dias
Não pode ser apenas quando eu estiver  bem, ou quando estou afim. A renúncia deve ser todos os dias. Mesmo que eu não queira, mesmo que minha vontade não queira, eu tenho que negar isso em mim, renunciar minha vontade, e seguir o Senhor. Tem dias que eu vou querer muito.  Tem dias que eu não vou querer nenhum pouco. Mas seu chamado de renuncia é para todos os dias, quer sejam bons, quer sejam maus. Muitos fazen quando querem, participam quando estão a fim... mas os que assim fazem, estão longe dos passos do Cristo de Deus. Quando minhas condições internas me estão favoráveis, então eu tenho que fazer. E quando não estão,  é aí que devo negar a mim mesmo,  renunciar a mim mesmo e fazer aquilo que o Senhor da Igreja requer. Que o Santo Espírito nos mostre se de fato estamos seguindo os passos do Senhor. Se estamos realmente renunciando nossa vontade.

A renúncia é o combustível divino que gera santificação no nosso coração pecador. Que possamos renunciar a chefia de nossa vida.  Em nome de Jesus, amém!

Erisvaldo Pinheiro Lima 
Outubro de 2019

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