sábado, 21 de julho de 2018

Sacerdotes deficientes de ontem e os ministros com limitações de hoje

Jesus, o pão vivo, é a cura para nossa deficiência espiritual



Nenhum homem da semente de Arão, o sacerdote, em que houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas ao Senhor; falta nele há; não se chegará para oferecer o pão de seu Deus. (Lv 21.21-22)

De acordo com a lei mosaica, os sacerdotes que possuíam alguma deformidade física ficavam com algumas restrições nas atividades do Tabernáculo. A lista englobava tanto deformidades permanentes, como a cegueira de nascença, ou temporárias, como um membro quebrado. Suas limitações físicas os limitavam no serviço do Tabernáculo de Deus.

Entre as restrições, esses sacerdotes eram impedidos de oferecer o pão de seu Deus. A ordenança levítica do rito do pão da proposição é descrita em Êx 25.23-30. Observe o quão significativo é este rito:

“E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face continuamente”


Esse pão da proposição representava a presença do Senhor Deus como sustentador e provedor de Israel. Ao ser colocado na mesa, o pão era colocado perante a face do Senhor. Um rito de muito significado espiritual. O pão é símbolo de tudo quanto serve para alimentar o corpo. Israel é o corpo. É o bichinho de Jacó. A filha de Sião. É a menina dos olhos de Deus. E o próprio Deus é o sustentador de Israel.

Em Lv 24 vemos a descrição desse rito. Aos sábados, os sacerdotes aptos ao ritual, organizavam os doze pães sobre a mesa. Um para cada filho de Israel. Os pães substituídos eram ingeridos pelos sacerdotes ali mesmo no Santo Lugar. Todo o ritual aponta para Cristo, o Pão da Vida, que disse:

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é minha carne, que eu darei pela vida do mundo. ” (Jo 6.51)


Os limitados sacerdotes não participavam de todo o ritual dos pães da proposição. Os sacerdotes com alguma limitação física não participavam da organização da mesa.

“... falta nele há; não se chegará para oferecer o pão de seu Deus. ”


Se, por um lado, ficavam impedidos de organizar a mesa e servir os pães, por outro, eram livres para se alimentarem do pão no Santo Lugar:

“O pão do seu Deus, das santidades de santidades e das coisas santas, poderá comer. ”


As limitações físicas impediam o sacerdote de organizar a mesa e oferecer o pão da proposição diante da face de Deus. Mas ainda assim, eram orientados a estarem ali, e se alimentarem desse pão no Lugar Santo. Não serviam o pão, mas se alimentavam dele. Não organizavam a mesa, mas estavam presentes no ritual. Mesmo impedidos de realizarem o rito, não ficavam excluídos do Lugar Santo. Que esse princípio nos ensine ainda nos dias de hoje!

Ainda há sacerdotes com limitações no templo. Não mais limitações físicas, mas ainda pior, há limitações espirituais. Descreveremos uma lista com algumas limitações. Oro que o Espírito fale conosco. Como no tempo levítico, são limitações que devem impedir o ministro de organizar a mesa e servir o pão. Mas também são limitações que não devem privar o ministro do alimento do pão! O ministro com alguma dessas limitações deve estar no Santo Lugar, mas não são apropriados para servirem o alimento no púlpito! Essas limitações recebem o nome de mecanismos de defesas. Veja, e permita que o Espírito Santo fale contigo:

1-      Projeção: Ocorre quando o sujeito se sente mal por ter algum erro moral e ele projeta esse erro nos outros. Exemplo: Ao invés de assumir que não gosta de uma determinada pessoa, ele diz que aquela determinada pessoa não gosta dele. Às vezes, até assume um erro, mas esse tipo de sujeito projeta esse erro nas outras pessoas. Exemplo, ele assume que mentiu, mas diz “todo mundo mente mesmo”. Ele desconfia que outras estão praticando exatamente o que ele mesmo pratica, como no exemplo de um marido adúltero que tem muito ciúmes da esposa.
2-      Racionalização: É um sujeito que inventa boas desculpas para seus erros, e os imagina como reais. Uma pessoa, por exemplo, que não lê a Bíblia e coloca como desculpa o fato de não possuir ensino superior. Por ter um dia a dia muito corrido, ele não tem o hábito de oração. Mesmo não sendo o real motivo, o sujeito que racionaliza acaba acreditando e se sentindo melhor com a falsa desculpa para seus erros e faltas.
3-      Regressão: Ocorre em algumas pessoas que, ao serem frustradas, agem com condutas infantis. São atitudes em que durante sua infância até que lhe servia para conseguir algo, mas que feitas na fase adulta, apenas lhe expõe ao ridículo. São exemplos disso, pessoas que “dão birra”, renunciando ou se isolando, quando as coisas não ocorrem como elas querem.
4-      Substituição: Esse mecanismo de defesa ocorre quando um sujeito não consegue descarregar sua ira ou frustração em seu agressor e o faz em alguém mais frágil. O exemplo clássico disso é descrito quando um determinado pai de família é agredido verbalmente pelo seu patrão. Ele não consegue (ou não pode) responder seu chefe, então, ao chegar em casa, descarrega tudo na esposa, que, por sua vez, desconta tudo no filho, que desconta tudo no pobre do cachorro. Parece cômico, mas há ministros que, por exemplo, suportam cargas e afrontas na igreja, mas descarregam tudo em casa, na sua família. Isso é substituição de agressor, é um mecanismo de defesa, é uma limitação espiritual.
5-      Compensação: Ocorre em pessoas que tentam compensar alguma limitação física ou moral, se esforçando em ser bom numa outra área. Por exemplo, uma jovem senhora que não consegue ser mãe e se esforça muito para se destacar como uma boa professora de crianças. Aparentemente parece ser positivo, porém, se esse comportamento for exagerado, pode desenvolver complexos de superioridade ou de inferioridade.
6-      Identificação: Pode ser identificado quando uma pessoa inclui em suas condutas ou até mesmo em sua personalidade, uma série de características de outra pessoa que admira. Por exemplo, um pregador se esforça em pregar como outro de renome; um cantor se esforça em cantar igual a outro de renome. Já vi casos de ministros que copiam não somente uma mensagem inteira de outro mais conhecido, mas incluíram também a mesma entonação na voz, a mesma postura no púlpito e até o mesmo jeito de segurar o microfone! Isso não é o “imitar” que Paulo ensinou, isso é Identificação, é mecanismo de defesa, é limitação espiritual.
7-      Fantasia: Alguns se sentem bem ao fantasiar situações onde o sujeito sempre é o centro ou retém toda admiração. Embora alivia até certo ponto, ainda é um escape à realidade. Na sua forma mais extrema, esse sujeito tende a tornar-se esquizofrênico.
8-    Formação de reação: Ocorre quando a pessoa demonstra em excesso o inverso de sua real expressão contra alguém. Se aquela determinada pessoa lhe fez mal, ela se esforça demasiadamente com uma expressão carinhosa. O que aparentemente parece ser positivo, ainda é um disfarce que precisa ser tratado.

Há alguns outros mecanismos de defesas. Destacamos esses oito acima. São limitações espirituais que carecem de tratamentos. Podem ocorrer por vários fatores. A falta de amadurecimento é um deles. 

Um sacerdote não pode ser imaturo, não pode ser neófito. Aquele que serve o pão no Lugar Santo deve ter maturidade espiritual. O Apóstolo Paulo exige de um ministro da palavra que seja “não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. “ (1Tm 3.6) 



Pense nisso... 

Na lei mosaica, os sacerdotes com alguma deficiência não podiam organizar a mesa e nem servir o pão. Nos dias da Graça, os ministros com deficiência espiritual, que possuem uma soma dos mecanismos de defesas que foram listadas aqui, também não devem organizar o culto e nem servir a palavra. Tanto na lei mosaica, como nos dias da Graça, é recomendável que o pão seja ingerido por todos! 

Enquanto que na lei mosaica, o sacerdote com deficiência permanente estaria sujeito às limitações no rito dos pães da proposição; na Graça, os ministros com alguma limitação espiritual podem (e devem) buscar no Pão Vivo a força da provisão e a fonte de restauração para que seu culto esteja pleno. O que era permanente, hoje pode ser transitório. O Pão Restaurador pode sanar qualquer mecanismo de defesa que possa estar nos inabilitando para o culto pleno. Alimentemo-nos, pois, do Pão Vivo que desceu do céu. 

Que sejamos curados! Amém!


Bispo Erisvaldo Pinheiro Lima 
Mensagem ministrada em março de 2018, na Comunidade Evangélica Arca da Aliança. 


Fonte de Pesquisa: 

Bíblia de Estudo Pentecostal 

HOFF, Paul. O INCONSCIENTE E OS MECANISMOS DE DEFESA. In: O PASTOR COMO CONSELHEIRO. Editora Vida, 1996, p.38-47

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