terça-feira, 25 de junho de 2019

Escatologia: Os 24 anciãos



Podemos dividir o livro do Apocalipse em três partes. Ap 1.19 nos fornece essa divisão. “As coisas que vistes”, contendo a descrição do Cristo de Deus no primeiro capítulo. “As coisas que são”, com o detalhamento da igreja do Senhor, descrita nos capítulos 2 e 3. E, por último, “as coisas que acontecerão depois destas”, que compreendem do quarto ao último capítulo.
Enfatizamos, a partir de agora, a última parte. O capítulo 4 inicia a terceira e última parte do livro do Apocalipse. É nesta seção que narra os detalhes do período tribulacional que a terra e seus moradores vão sofrer. Já vimos anteriormente que a igreja que guarda a Palavra de Cristo já terá sido arrebatada quando iniciar essa tribulação. Vemos, também, que a partir do quarto capítulo não se menciona mais sobre a igreja santa do Senhor. Após ser arrebatada, a igreja passa pelo momento de coroação no Tribunal de Cristo e se une ao seu Senhor para sempre. A descrição dos 24 anciãos nos fornece valiosas informações de como estará a igreja trasladada durante a Tribulação na terra. Neste estudo, veremos a posição da igreja durante esse terrível momento que a terra vai sofrer.
Após ter sido arrebatado em espírito, João descreve o trono e o que está assentado sobre esse trono. Descreve, também, outros 24 tronos que cerca o trono principal e menciona os 24 anciãos coroados e vestidos de branco que estão assentados neles. Eles aparecem em 12 passagens de Apocalipse:


·         4.4
·         4.10
·         5.5
·         5.6
·         5.8
·         5.11
·         5.14
·         7.11
·         7.13
·         11.16
·         14.3
·         19.4.

Nestas passagens, vemos que os 24 anciãos estão assentados em tronos com singular aproximação ao trono de Deus; se lançam com o rosto em terra e adoram; um deles consola o choro de João e mostra profundo conhecimento do agir do Cordeiro; têm harpas e taças de incenso; cantam em adoração; celebram o triunfo de Deus e acrescentam o “amém” e “aleluia” no julgamento da meretriz. A cada desenrolar dos acontecimentos da Grande Tribulação na Terra, esses anciãos rendem adoração e glória a Deus.

Mas afinal, como podemos identificar esses 24 anciãos?

Há, pelo menos, três interpretações, veja:

1.      Seres angelicais: Alguns entendem que sejam anjos governantes. Note, porém, que os anjos ficam ao redor dos anciãos (Ap 7.11 e Ap 5.11)

2.      Santos do Antigo e do Novo Testamento: Ainda outros acreditam que representam Israel e a igreja, juntos em adoração a Deus e ao Cordeiro. Sendo a associação de 12 (tribos de Israel) mais 12 (apóstolos) soma 24 (o povo de Deus das duas eras).

3.      Representantes da Igreja Arrebatada: O último grupo acredita que representam a totalidade da igreja no céu.

Defendemos essa última interpretação. Para isso, listamos sete motivos pelos quais acreditamos que os 24 anciãos são representantes da Igreja Arrebatada:

1.      O número 24: Remete ao trabalho sacerdotal que foi organizado por Davi em I Crônicas 24 e 25. Os chefes, ou anciãos, das 24 turmas sacerdotais representam uma ordem de sacerdotes. Os salvos do Antigo Testamento não podem desempenhar a função sacerdotal no céu devido o pecado. O único grupo de salvos que foram lavados do pecado foi a igreja arrebatada. Por isso, podemos apontar os anciãos como representantes da igreja, com ofício sacerdotal no céu, e estarão à serviço de Cristo, o Grande Sumo Sacerdote de Deus (1Pe 2.5,9)

2.      A posição: Em Ap 3.21 e Mt 19.28 a igreja recebe a promessa de se assentar no trono do próprio Cristo (Oh quão insondável é essa promessa!). A posição dos 24 anciãos que estão assentados em tronos intimamente ligados ao trono de Cristo, não poderia ser de anjos. Estes estão ao redor do trono, e não assentados no trono. Em Lc 1.19, o anjo Gabriel declara que assiste (estou de pé) diante do trono. Em 1 Rs 22, Micaías afirma que viu o Senhor em seu trono e um exército de pé diante dEle. O único grupo que está assentado em Cristo é a Igreja (Ef 2.6)

3.      As vestes brancas: Em Ap 3.4-5, vemos que a igreja de Sardes recebeu a promessa de se vestir de vestes brancas. Na transfiguração, as vestes brancas foram vistas em Cristo (Mc 9.3), mostrando que tanto o Senhor da igreja, quanto a igreja do Senhor, se vestirão de vestes brancas.

4.      As coroas: Não estão usando a coroa de monarcas (diadema), na verdade, os 24 anciãos estão usando o tipo de coroa de recompensa (stephanos), que são premiadas após o julgamento dos vencedores (Tribunal de Cristo). O ato de lançar suas coroas aos pés de Cristo em adoração, mostra que o julgamento de coroação deve ter sido recente.

5.      A adoração: Aponta para a igreja. O conteúdo da adoração é inerente à igreja: atos de criação (Ap 4.11), redenção (Ap 5.9), julgamento (Ap 19.2) e reinado (Ap 11.17).

6.      Conhecimento íntimo do plano de Deus: Em Ap 5.5 e 7.13-14, vemos que Deus participa do desenrolar dos eventos da tribulação aos 24 anciãos. Há uma intimidade de conhecimento, e isso cumpre a declaração do Filho em Jo 15.15.

7.      Associação com Cristo no ministério sacerdotal: Em Ap 5.8, os anciãos estão com harpas e taças de incenso. Isso leva a crer que representam a igreja, como sacerdócio ministrante, cumprindo Ap 1.6.

Assim, entendemos que os 24 anciãos são representantes da igreja arrebatada que possuem:

1.      Conhecimento íntimo de Cristo

2.      Proximidade íntima com Cristo

3.      Adoração íntima a Cristo

Estão vendo e contemplando a glória que Cristo recebeu do Pai, que atendeu o pedido do Filho em Jo 17.3,24. São o presente que o Pai deu ao Filho!

Encerramos este estudo com a primeira e última adoração dos 24 anciãos registradas na visão de João. Cremos que entoaremos essa adoração lá. Enquanto esse grande e insondável momento não chega, que possamos ensaiar essa sublime adoração cá:

Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas (Ap 4.11).

Amém. Aleluia (Ap 19.4).


Amém. Maranata, ora vem Senhor Jesus!


Pr Erisvaldo Pinheiro Lima

Estudo ministrado na Igreja Santuário do Altíssimo, em Junho de 2019.

Fonte bibliográfica:
PENTECOST, J. Dwight, Th.D. Manual de Escatologia Uma análise detalhada dos eventos futuros. Editora Vida. Tradução: Carlos Osvaldo Cardoso Pinto

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