domingo, 6 de outubro de 2019

Renúncia


E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lc 9.23


Em 2013, eu renunciei um cargo de chefia no meu trabalho para melhor atender às demandas da minha recente jornada pastoral. Embora eu soubesse que era o que deveria ser feito, confesso que meu coração e meu orçamento sentiram. Não é fácil renunciar. Ainda que seja por um bom motivo, o fato é que dói. Sabemos que deve ser feito e, às vezes, demoramos a fazer.
Cristo nos chama a renunciar algo bastante peculiar. Para segui-lo, devemos renunciar a nós mesmos. Para melhor entender o que é renunciar a si mesmo, passemos para o exemplo de três humildes servos do Senhor:

Abraão renunciou sua terra e sua parentela para viver uma promessa
A promessa era grandiosa, mas dependia de uma imediata renúncia.  Estrelas do céu e areia do mar viriam com a condição de Abraão sair do meio da sua terra e de sua parentela. Muitas promessas valiosas são condicionadas a renúncias  dolorosas. Amamos ouvir e sonhar com as promessas divinas, mas temos dificuldade em renunciar e cumprir nossa parte do acordo. Abraão até que foi rápido em abrir mão de sua terra. Logo que recebeu o mandato, ele e sua parentela já saíram da terra dos caldeus. É a renúncia parcial. Renúncia de uma metade. É quando abrimos mão se quase tudo que Deus nos exige. Abrimos mão da terra mas demoramos a fazer o mesmo com a parentela. 

Moisés renunciou o palácio e sua realeza para liderar uma nação de ex-escravos numa longa jornada pelo deserto.
O detalhe importante é que entre a renúncia e o exercimento do chamado houve uma espera de 40 anos. É quando aprendemos que depois da renúncia, eu ainda serei provado se de fato eu renunciei. É o período do anonimato da preparação. Antes de liderar toda nação,  Moisés liderou sua família.  Antes de lidar com o povo de Deus, ele teve que lidar com a fazenda de seu sogro. Esse período de espera contribui para nos preparar para algo maior. É onde nossa fidelidade no pouco é testada antes de sermos colocado no muito.

Jeremias renunciou o sacerdócio para ser profeta.
Em seu tempo, o sonho do pai sacerdote era ver seu filho sacerdote. O sacerdote era respeitado e bem visto por todos. Em seu tempo, o profeta era uma espécie de massageador de ego do rei, falava o que o rei queria ouvir. Ou era isso e tinha as regalias dos rei, ou era verdadeiro e tinha o desprezo do rei e de todo o povo. Jeremias foi chamado para ser profeta do Deus Verdadeiro e deveria profetizar toda verdade contra o rei. Teve que abrir mão do sacerdócio para ser um profeta verdadeiro. É a renúncia do que eu quero ser para Deus para ser o que Deus quer que eu seja para ele.

Mais dois detalhes do versículo nos ajudam a entender melhor o que é de fato renunciar.

Após mim
1- Cristo é o exemplo maior de renúncia. Abriu mão da glória celeste para morrer na cruz. Abriu mão de sua vontade para beber o cálice da obediência de seu Pai.
2- Cristo está à frente. Estamos todos após Ele. Primeiro ele. Nosso olhos nele. Ele sempre adiante de nós.  

Todos os dias
Não pode ser apenas quando eu estiver  bem, ou quando estou afim. A renúncia deve ser todos os dias. Mesmo que eu não queira, mesmo que minha vontade não queira, eu tenho que negar isso em mim, renunciar minha vontade, e seguir o Senhor. Tem dias que eu vou querer muito.  Tem dias que eu não vou querer nenhum pouco. Mas seu chamado de renuncia é para todos os dias, quer sejam bons, quer sejam maus. Muitos fazen quando querem, participam quando estão a fim... mas os que assim fazem, estão longe dos passos do Cristo de Deus. Quando minhas condições internas me estão favoráveis, então eu tenho que fazer. E quando não estão,  é aí que devo negar a mim mesmo,  renunciar a mim mesmo e fazer aquilo que o Senhor da Igreja requer. Que o Santo Espírito nos mostre se de fato estamos seguindo os passos do Senhor. Se estamos realmente renunciando nossa vontade.

A renúncia é o combustível divino que gera santificação no nosso coração pecador. Que possamos renunciar a chefia de nossa vida.  Em nome de Jesus, amém!

Erisvaldo Pinheiro Lima 
Outubro de 2019

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Primavera e suas belas mudanças

Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Jó 14:7

E a tão esperada primavera chegou. Suas novidades são bem notórias aqui na capital. O clima logo muda. A umidade desértica cede lugar a uma chuvinha suave que nos convida às cobertas com um bom livro ou um filme em família. Mas algo foi notório esse ano. A estação de mudança chegou com três dias de atraso. No domingo, amanhecemos com a boa notícia que era primavera. O clima, porém, era o mesmo. Apenas três dias depois é que pudemos desfrutar daquele cheirinho único  de terra molhada que sucede um longo período de seca. Ao terceiro dia de primavera, o clima mudou. Esse tempo de mudança nos traz à memória aquela que foi a maior d todas as notícias. "Ao terceiro dia, Cristo ressuscitou". Uau... Cristo vivo é a primavera para todos que atravessam vales de sequidão da vida. Cristo vivo é a oportunidade de mudança de qualquer clima difícil de nossa alma. E porque o Cristo de Deus está vivo, eu posso desfrutar dos novos e preciosos frutos que só Ele é capaz de gerar em mim, para benefício do meu próximo. Que sejamos refrescados com essa boa notícia. Amém. 


#PorqueEleVive #Primavera #FrutosDoEspiríto #amor #alegria #paz #paciência #amabilidade #bondade #fidelidade #mansidão #domíniopróprio

Erisvaldo Lima 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Crises de ansiedade e o tratamento bíblico

Imagem é parte da capa do livro do mestre Ayrton Willians, Editora SEBI, que adquiri num estudo dele, no dia em que a palavra me trouxe a cura que testemunhei nesse estudo.

Antes de entrarmos no assunto ansiedade, é necessária reflexão quanto à compaixão que deve ter no coração do conselheiro. Nosso Senhor Jesus é nosso exemplo de aconselhador. Seu nome é Conselheiro (Is 9.6). A palavra de Deus registra vários momentos em que o Jesus foi movido de íntima compaixão. Para esta reflexão, vejamos um exemplo em que se fala da compaixão de Cristo, partindo da comparação desses dois versículos similares:

E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
Mateus 4:23

E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
Mateus 9:35

A sequência de Mt 4.23 fica claro que a multidão seguia Jesus movida por interesse de cura. No início do capítulo seguinte, essa mesma multidão não subiu ao monte. Somente os discípulos subiram. Jesus ensinou apenas os discípulos que haviam subido ao monte. Mesmo assim, no capítulo 9, Jesus não fica magoado ou ressentido com essa multidão. Ele continua ensinando, pregando e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 

Seu olhar de compaixão pela multidão está registrado em Mt 9.36

E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor. Mateus 9:36

Aquela multidão não é diferente das pessoas de hoje. Aquela multidão estava cansada e desgarrada. O que faltava, e talvez o que falta hoje, é o cuidado pastoral. Eram ovelhas que não têm pastor. 

Mesmo sendo movida por interesse de cura. Mesmo não subindo ao monte para aprender os ensinos de Cristo, nosso incrível Senhor olha para aquela ingrata multidão com um olhar de compaixão.

Nosso Senhor mostra o remédio. O ensino, a pregação e a cura, acrescidos da compaixão pastoral. Que o doce Espírito nos revele isso, que sejamos pastores movidos de grande compaixão pelas multidões. Que levemos a pregação, o ensino e a cura para todas as ovelhas cansadas e desgarradas do nosso Bom Pastor.

ANSIEDADE


O DSM ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, utilizado por psicólogos e psiquiatras, a ansiedade é classificado como uma doença, e por isso, passível de ser tratada por meio de medicações. O seu caso mais agudo é chamado de TAG, ou Transtorno de Ansiedade Generalizada. 

O objetivo do aconselhamento bíblico é oferecer cura a diversos e diferentes males da mente, como a ansiedade, através da Bíblia Sagrada. 

Eu já tive diversas crises de ansiedade. Já dei entrada num hospital público com suspeita de infarto. Após exames, o médico me diagnosticou com Transtorno de Ansiedade. Embora tenha recebido uma receita com medicação, eu não concordei. Tinha certeza que a dor no peito, a falta de ar, o desespero que eu estava sentindo, as mãos suando eram sintomas de algum problema no coração. Fiz então um plano de saúde e realizei um check up no coração. E, para minha surpresa, meu coração estava muito bem obrigado. Após diversas crises, aceitei que eu tinha de fato essa tal ansiedade. Há pouco tempo, meu coração (mente) foi curado da ansiedade. A medicação foi um trecho bíblico. É esse trecho que quero compartilhar com os amados irmãos. Oro ao Senhor para que assim como fui curado pela palavra, você também seja.

A passagem central está em Mt 6.25 e Fp 4.6 que diz NÃO ANDEIS ANSIOSOS. O primeiro trecho me convenceu que minha ansiedade era uma falha diante de Deus. O segundo trecho, me trouxe a cura definitiva. Vamos ao primeiro trecho:

·         Mt 6.25


A ansiedade rouba nossa confiança. Queremos estar no controle de determinadas situações. Queremos garantias e vermos soluções. As vezes temos pressa e queremos resolver logo. Temos anseios e sonhos. Alguns realizados e outros frustrados. Cobramos muito das pessoas e de nós mesmos. Ficamos ansiosos com tantas coisas. A passagem de análise é bem clara, não podemos andar ansiosos. Não é sugestão. Não é proposta. É imperativo. Se Cristo ordena que não podemos andar ansiosos, então precisamos mergulhar nessa passagem por completo.

Não andeis ansiosos é uma declaração de Cristo que faz parte de um vasto e precioso sermão. É o sermão do monte. Esse é seu contexto. A preparação para esse valioso sermão está nos trechos que o antecedem. O final do capítulo 4 e início do capítulo 5 nos direcionam para uma correta preparação para aprendermos os variados assuntos desse sermão. Essa introdução prepara o discípulo para extrair as mais profundas lições ensinadas por Cristo no monte. A ansiedade é um dessas diversas lições. Passemos, então, a três recomendações introdutórias para o sermão do monte:


  • ·         Mt 4.17 ARREPENDEI-VOS

É a base para cada ensinamento do sermão do monte. É o primeiro comportamento do humilde servo do Senhor ante seus ensinamentos. Essa fala de Cristo está ligada a uma citação de Isaías 8.12-22, onde o próprio Deus derramou um juízo ao seu povo. A terra de Zebulom e a terra de Naftali andaria em trevas, em sombras de ansiedade. Esse juízo foi derramado porque o povo havia se afastado dos mandamentos de Deus. Cristo em sua obra redentora tem por objetivo quebrar juízos e maldições que assolam o povo. E para quebrar o juízo de viver em ansiedade, o povo deveria, antes de tudo, se arrepender.


  • ·         Mt 4.20 RENÚNCIA

Cristo chama seus quatro primeiros discípulos. Pedro e André, Tiago e João. Eram homens da pesca. Cristo os convida a serem pescadores de homens. Atendendo ao chamado de Cristo, esses homens logo deixam suas redes e seguem o Senhor. Ao falarmos de qualquer assunto do sermão do monte, no caso de hoje vai ser ansiedade, devemos ter essa postura de renúncia. Precisamos renunciar tudo que achamos que sabemos sobre isso para aprendermos o que Cristo ensinou. A falarmos de ansiedade, devemos ter em mente que Cristo algo maior e melhor para fazer conosco e através de nós. Renunciemos, pois, e passamos a segui-lo.

  • ·         Mt 5.1-2 DISPOSIÇÃO PARA APRENDER
Note que havia uma multidão seguindo Cristo, mas apenas seus discípulos subiram ao monte para aprender seus ensinamentos. Devemos ter essa disposição para aprender. Subirmos à presença dEle para ouvir sua voz que continua a nos ensinar.


Assumindo, então, uma postura de arrependimento, de renúncia e disposição para aprender, voltemos ao texto de Mt 6 que fala de ansiedade. Enfatizo que somente com essas três disposições tendo sido devidamente assumidas, o humilde servo do Senhor encontrará a cura para ansiedade contida em Mt 6.

  • ·         Por isso, vos digo: não andeis ansiosos
A expressão “por isso” aponta uma ligação ao texto anterior. Para não andarmos ansiosos, temos que aprender três ensinos. Vejamos:

Mt 6.19-21 Cristo ensina que não devemos ajuntar tesouros na terra, e sim no céu. E fecha esse assunto enfatizando que onde estiver nosso tesouro, aí estará nosso coração. A pergunta que a pessoa ansiosa deve fazer é: qual o tesouro do meu coração? Se os tesouros de nossos corações tiverem nomes ligados as coisas dessa terra, então, facilmente andaremos ansiosos. O tesouro no coração de Jó era sua esposa ou sua integridade física, pois, quando ele perdeu sua fazenda e seus filhos, por mais que tenha sofrido, ele adorou ao Senhor. Mas quando perdeu a esposa e sua saúde, ele emudeceu em abatimento interior. O tesouro no coração de Saul era sua liderança, pois quando ele viu o elogio das cantigas das mulheres feitas a Davi, ele se enciumou. Quando tinha que esperar a ordem de Samuel para batalha, não se aguentou e se precipitou. Sua posição era seu tesouro. O tesouro no coração de Eli era seus filhos, a ponto de não corrigir os erros deles. Se colocarmos tesouros ligados a coisas da terra, facilmente seremos tomados por erros e momentos de ansiedade.

Mt 6.22-23 Cristo ensina que onde colocarmos nossos olhos, ali vai ter uma consequência, seja de luz ou de trevas. Ambicionamos coisas onde colocamos nossos olhos. A pergunta a ser feita no coração do ansioso é: onde tenho colocado meus olhos? O que tenho ambicionado? Por muito tempo eu sonhava em ter uma chácara. Esse sonho foi realizado há pouco tempo. Após ter comprado, descobri algumas situações ruins relacionadas a ela. Questões que aconteceram lá dentro, disputas na justiça, enfim, isso me deixava muito ansioso. Todo novo assunto que eu descobria, a crise de ansiedade vinha. Esse texto me trouxe luz para esses momentos de trevas. Meus olhos estavam na chácara. Ambicionei tanto uma, que a possibilidade de a perder me causava ansiedade. As trevas que vinham como consequência disso, eram os momentos de crises de ansiedade. Tive que tirar meus olhos da chácara e coloca-los na soberania do Senhor!

Mt 6.24 Por último, Cristo ensina que não podemos servir dois senhores. Ou servimos a Deus, ou servimos a Mamom. Aqui, a pergunta a ser feita ao ansioso é: Quem é o Senhor do seu coração? É de fato Deus, ou outras coisas terrenas? Veja que nos três ensinos, há uma sequência de fatores que vão se avolumando em nossos corações se não forem devidamente tratados. Onde está nosso tesouro, onde colocamos nossos olhos e qual o deus de nossos corações, refletem o que deve ser ajustado na mente do ansioso.

Longe de mim ser duro nas palavras, mas foi nesse texto que fui convencido pelo Espírito que minha ansiedade era pecado. Foi nesse texto que renomeei os meus tesouros, que redirecionei meus olhos, e que destronei o ídolo chamado Mamom de meu coração. Oro que isso aconteça com cada humilde servo do Senhor que sofre de ansiedade. A situação da chácara está nas mãos do nosso Bom Senhor, e agora, descanso na decisão que Ele tomar. Independentemente da decisão, sei que tudo isso cumpriu um propósito divino para aperfeiçoamento de caráter. E que todas essas coisas contribuíram para meu bem.

Após aprendermos a chamar ansiedade de pecado, e da urgência que há de tratarmos nosso coração desse mal, passemos agora para três conselhos ao humilde servo do Senhor que passou por ansiedade. Uma vez tratada, ela poderá voltar. Esses três conselhos serão úteis para que ela não volte a dominar o coração. São eles:

  • Mt 6.25 A vida é mais importante que nossas necessidades.
A ansiedade vai privar você de viver em plenitude com as pessoas que lhe são mais próximas. Não pese preocupação em filhos ou cônjuges. A vida está acima de qualquer situação que apontamos como problemas.

  • Mt 6.26 Valemos mais do que tudo que foi criado.
Por isso, Deus jamais nos desamparará. Mas fique atento, Deus promete que o que é necessário nunca faltará. O texto em questão fala de vestes, alimento e moradia. Quando acrescentamos coisas a essas nossas reais necessidades, ficamos à mercê de nossas preocupações. Deus jamais vai deixar faltar o que de fato necessitamos.
  • Mt .34 Situações que não podem ser mudadas por nós, devem ser colocadas nas mãos do Senhor
Certas situações acontecem para que cumpram um determinado propósito de Deus em nossas vidas. Cada situação, por pior que seja, cumpre algum propósito. É tolice de nossa parte, supormos que se mudarmos o que não pode ser mudado, nossa situação ficaria favorável. Devemos nos preocupar com o hoje, pois basta cada dia ao seu mal. Não conseguimos acumular preocupações de um dia para o outro. A preocupação se torna ansiedade quando carregamos o fardo hoje de alguma situação não podemos resolver hoje. Cada dia o seu mal, disse o Senhor.


Erisvaldo Pinheiro Lima
Estudo ministrado em Setembro de 2019

Fontes de pesquisas:

Não Andeis Ansiosos - Airton Willians Vasconcelos Barboza - Brasília/DF - Editora SEBI - Agosto de 2018. 2ª Edição Revisada e Ampliada.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

O cuidado de Deus com Elias deprimido


(1Rs 19)
(1Rs 19)



Para melhor entendimento do cuidado de Deus com Elias deprimido, vamos passar por cada versículo do capítulo 19 de 1Rs. Inicialmente, vamos ver cinco cenas que aconteceram com Elias. Em seguida, os sete cuidados que Deus teve com seu profeta. Então, finalizaremos com a cura da depressão de Elias. Minha oração é que o Santo Espírito fale ao seu coração e lhe mostre o cuidado que Deus tem com os que estão em momento de abatimento.

Essas cinco cenas mostram o profeta numa sequência de abatimento e tristeza profunda. Começa na glória do Monte Carmelo e vai até a melancolia do pé de zimbro onde Elias pede a morte. São elas:

1. Grande momento de êxtase e adrenalina no Monte Carmelo. Elias enfrentou o rei de sua nação e ainda derrotou 450 profetas apóstatas. Sua palavra fez cessar a chuva. Sua oração fez a chuva voltar e também descer fogo do céu e consumir o altar, mostrando que só o Senhor é Deus. Tudo isso perante todo público de Israel. Depois de intensos momentos assim, é normal que o humilde servo do Senhor experimente um certo desgaste físico e emocional. Uma obra feita com muita intensidade poderá ser sucedida com momentos de certo abatimento. Após o vigor ministerial, nossa humanidade é posta à prova. É quando o ministro da palavra, que colocou muita dedicação e empenho numa pregação, após ministrá-la, experimenta uma sensação de cansaço, cobrança interna e abatimento.

2.       No momento pós obra intensa, Elias recebe duas notícias:
a)       Em 24 horas ele estaria morto (19.2)
b)      Todos os profetas de Deus já tinham sido assassinados (19.10)
Repare que essa palavra de morte foi lançada no momento de cansaço natural. No momento em que o profeta estaria mais vulnerável.

3.       Elias deixa seu moço em Berseba e fica só (19.3). A soma do abatimento natural, com o desgaste da palavra de morte faz com que o profeta escolha se isolar.

4.       Vai ao deserto (19.4). Longe de tudo e todos.

5.       Passado as 24 horas, deitado embaixo do pé de zimbro, Elias pede a morte para Deus (19.4). Mesmo longe de Jezabel e Acabe, a palavra de morte cobra seu efeito no profeta. No mesmo tempo da palavra lançada, Elias deseja a morte.


Depois dessas cinco cenas que mostram o abatimento de Elias, agora repare uma nova sequência. Agora são sete cenas onde o Deus vai agir em favor de seu escolhido. Até então, não vemos uma interferência direta do Senhor. Parece que Elias caminha solitário no deserto. Parece estar só. Mas essa nova sequência de cenas mostra o quão Deus estava atento e acompanha os passos de Elias. Veja:

1.    Um anjo é enviado para intervir em Elias. Isso é significativo. Deus sempre envia alguém para socorrer alguém. Esse anjo pode ter o nome de quatro amigos que ajudaram o paralítico, levando-o à presença de Cristo, ou de bom samaritano. Fato é que Deus vai usar pessoas para ajudar pessoas.

2.       A fala do anjo é curta e direta. Ele diz:
a)       Levanta
b)      Come
São duas atitudes que o profeta deprimido não estava fazendo. Ele havia se entregado. Esgotado e sem força. Sem desejo de comer e muito menos de se levantar.

3.       O anjo ofereceu:
a)       Pão
b)      Água
Duas coisas simples. Isso mostra que o profeta abatido não precisa de coisas grandes e irreais.
Vale ressaltar que o anjo não cobrou que Elias se levantasse e comesse. Foi muito além disso. O anjo estava ali, perto, lado a lado e já havia preparado a refeição. O deprimido não precisa de cobranças desenfreadas. Sua mente já faz isso. O que o pobre abatido precisa realmente é de alguém que mostre que está a seu lado, que o encoraje. Que prepare uma simples refeição. Que lhe ofereça o pão e a água.

4.       O anjo tornou uma segunda vez. Não desistiu. De novo falou:
a)       Levanta
b)      Come
Mas agora, mostrou o caminho que Elias deveria percorrer. O aflito precisa de direção. A direção não foi dada na primeira fala. A primeira fala é apenas para se mostrar presente. A segunda fala, no entanto, já mostra que há um longo caminho.

5.       Elias percorre o longo caminho e vai para dentro de uma caverna. Agora, não foi um anjo que falou com o profeta. Na caverna, Elias ouviu a Palavra do próprio Deus. No momento do ápice da desilusão de Elias, Deus intensifica sua intervenção.
a)       Que fazes aqui, Elias?
Deus usa uma pergunta para iniciar o diálogo. Direciona o profeta aflito a falar. Expor em palavras o que estava sentindo. Chama-o pelo nome, mostrando intimidade e proximidade.

6.       Duas libera duas palavras:
a)       Sai para fora
b)      Perante a face do Senhor
Deus ordena que Elias saia dali, mas também oferece algo notório ao profeta, estar perante sua face (19.11)! Deus oferecer sua face é algo por demais sublime para um humilde servo do Senhor.

7.       Nesse momento tão intenso e decisivo, três coisas acontecem:
a)       Deus passava ali (19.11)
b)      Também passou ali um vento, um terremoto e um fogo
c)       Também passou ali uma voz mansa e delicada

Finalmente, Elias sai da caverna. Saiu quando ouviu aquela voz mansa e delicada. Sua atitude, porém, mostra que ainda precisa de reparos no seu interior. Ele sai escondendo o rosto (19.13). Ele envolve seu rosto com a capa. 

A capa nesse momento é símbolo de vergonha, mas ainda vai ser usada para levantar o profeta Eliseu. Vai ser usada para abrir as águas de Jericó. E, ainda, vai ser usada para confirmar a porção dobrada de Eliseu. Aquela capa que estava sendo símbolo de vergonha, ainda seria símbolo de glória e unção dobrada. O deprimido precisa saber disso.

Em seguida, Deus repete a mesma pergunta do versículo 9 no versículo 13. Elias, por sua vez, repete a mesma resposta do versículo 10 no versículo 14:

Que fazes aqui, Elias? (v. 9)
Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem. (v.10)

Que fazes aqui, Elias? (v.13)
Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem. (v. 14)



É provável que a intenção seja fazer o deprimido profeta expor seus sentimentos. Não há cobranças, condenação ou apontamento. Deus usa uma voz mansa e delicada.

A fala final de Deus vai encaminhar o ministério do profeta para um reinício. É sua cura. Veja:
1.       Volta pelo teu caminho (v. 15)
2.       Unge homens: dois reis e um profeta
3.       Guardei sete mil profetas!

Elias foi movido a voltar pelo seu caminho. Deveria trilhar o mesmo caminho que já percorrera. Fazer as mesmas obras. Nada tinha acabado. O plano de morte foi alterado por um recomeço.

O profeta iria levantar homens. Ungir o próximo rei da Síria. E ainda ungiria o próximo rei de sua nação que ocuparia o trono que era daqueles que tinham liberado a palavra de morte.

E, por último, Elias deveria ungir o próximo profeta, Eliseu. Se a dor de Elias era que Israel não teria mais profetas, então, ele mesmo iria levantar o próximo grande profeta de Israel. Mais que isso, Deus havia guardado sete mil profetas. Quando parecia que Israel não teria mais profetas, a nação de Deus teria sua geração de profetas com mais sinais e milagres!

Repare que a unção do novo profeta era a última das três unções. As duas primeiras seriam as unções dos reis. Mas, Elias inverteu a ordem. Ungiu primeiro o profeta Eliseu. Sua preocupação maior não era o palácio e reinos. Pelo contrário, Elias se preocupava com a falta de profetas. E saber que ele ungiria um profeta no seu lugar, ou seja, um que teria sua posição e unção, alegrou e motivou Elias. Isso é notório para os dias de hoje. Que o Espírito no ensine isso. Que sintamos realizados em levantar homens que poderão, lá na frente, ocupar nosso lugar.

E por fim, Elias partiu dali (v.19). Aquela fase de caverna foi deixada para trás. No versículo 21, ele ungiu Eliseu e nunca mais ficou só. Eliseu o servia (v.21). E foi assim até o glorioso dia que foi arrebatado para estar diante da face do Senhor!

Deus teve todo um cuidado com Elias deprimido. Sua palavra liberada de forma mansa e delicada curou seu profeta abatido. Que o Santo Espírito no ensine isso. Que sejamos instrumentos de Deus para cura de pessoas deprimidas e abatidas. Que a intensa e poderosa palavra do Senhor esteja em nosso interior, como fonte a jorrar em  solos secos, em corações que estão se entregando, que acham que tudo já acabou. Que sejamos discípulos parakaleo, conselheiros, que se importam. Que carregam o fardo uns dos outros. Que, de fato e verdade, choram com os que choram, e são instrumentos de Deus para levar pessoas do choro à alegria e, assim, se alegrar com os que se alegram. Em nome de Jesus, Amém!


Pr Erisvaldo Pinheiro Lima
2º Estudo de uma série de estudos sobre Discípulos conselheiros (parakaleo).
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