terça-feira, 3 de setembro de 2019

O cuidado de Deus com Elias deprimido


(1Rs 19)
(1Rs 19)



Para melhor entendimento do cuidado de Deus com Elias deprimido, vamos passar por cada versículo do capítulo 19 de 1Rs. Inicialmente, vamos ver cinco cenas que aconteceram com Elias. Em seguida, os sete cuidados que Deus teve com seu profeta. Então, finalizaremos com a cura da depressão de Elias. Minha oração é que o Santo Espírito fale ao seu coração e lhe mostre o cuidado que Deus tem com os que estão em momento de abatimento.

Essas cinco cenas mostram o profeta numa sequência de abatimento e tristeza profunda. Começa na glória do Monte Carmelo e vai até a melancolia do pé de zimbro onde Elias pede a morte. São elas:

1. Grande momento de êxtase e adrenalina no Monte Carmelo. Elias enfrentou o rei de sua nação e ainda derrotou 450 profetas apóstatas. Sua palavra fez cessar a chuva. Sua oração fez a chuva voltar e também descer fogo do céu e consumir o altar, mostrando que só o Senhor é Deus. Tudo isso perante todo público de Israel. Depois de intensos momentos assim, é normal que o humilde servo do Senhor experimente um certo desgaste físico e emocional. Uma obra feita com muita intensidade poderá ser sucedida com momentos de certo abatimento. Após o vigor ministerial, nossa humanidade é posta à prova. É quando o ministro da palavra, que colocou muita dedicação e empenho numa pregação, após ministrá-la, experimenta uma sensação de cansaço, cobrança interna e abatimento.

2.       No momento pós obra intensa, Elias recebe duas notícias:
a)       Em 24 horas ele estaria morto (19.2)
b)      Todos os profetas de Deus já tinham sido assassinados (19.10)
Repare que essa palavra de morte foi lançada no momento de cansaço natural. No momento em que o profeta estaria mais vulnerável.

3.       Elias deixa seu moço em Berseba e fica só (19.3). A soma do abatimento natural, com o desgaste da palavra de morte faz com que o profeta escolha se isolar.

4.       Vai ao deserto (19.4). Longe de tudo e todos.

5.       Passado as 24 horas, deitado embaixo do pé de zimbro, Elias pede a morte para Deus (19.4). Mesmo longe de Jezabel e Acabe, a palavra de morte cobra seu efeito no profeta. No mesmo tempo da palavra lançada, Elias deseja a morte.


Depois dessas cinco cenas que mostram o abatimento de Elias, agora repare uma nova sequência. Agora são sete cenas onde o Deus vai agir em favor de seu escolhido. Até então, não vemos uma interferência direta do Senhor. Parece que Elias caminha solitário no deserto. Parece estar só. Mas essa nova sequência de cenas mostra o quão Deus estava atento e acompanha os passos de Elias. Veja:

1.    Um anjo é enviado para intervir em Elias. Isso é significativo. Deus sempre envia alguém para socorrer alguém. Esse anjo pode ter o nome de quatro amigos que ajudaram o paralítico, levando-o à presença de Cristo, ou de bom samaritano. Fato é que Deus vai usar pessoas para ajudar pessoas.

2.       A fala do anjo é curta e direta. Ele diz:
a)       Levanta
b)      Come
São duas atitudes que o profeta deprimido não estava fazendo. Ele havia se entregado. Esgotado e sem força. Sem desejo de comer e muito menos de se levantar.

3.       O anjo ofereceu:
a)       Pão
b)      Água
Duas coisas simples. Isso mostra que o profeta abatido não precisa de coisas grandes e irreais.
Vale ressaltar que o anjo não cobrou que Elias se levantasse e comesse. Foi muito além disso. O anjo estava ali, perto, lado a lado e já havia preparado a refeição. O deprimido não precisa de cobranças desenfreadas. Sua mente já faz isso. O que o pobre abatido precisa realmente é de alguém que mostre que está a seu lado, que o encoraje. Que prepare uma simples refeição. Que lhe ofereça o pão e a água.

4.       O anjo tornou uma segunda vez. Não desistiu. De novo falou:
a)       Levanta
b)      Come
Mas agora, mostrou o caminho que Elias deveria percorrer. O aflito precisa de direção. A direção não foi dada na primeira fala. A primeira fala é apenas para se mostrar presente. A segunda fala, no entanto, já mostra que há um longo caminho.

5.       Elias percorre o longo caminho e vai para dentro de uma caverna. Agora, não foi um anjo que falou com o profeta. Na caverna, Elias ouviu a Palavra do próprio Deus. No momento do ápice da desilusão de Elias, Deus intensifica sua intervenção.
a)       Que fazes aqui, Elias?
Deus usa uma pergunta para iniciar o diálogo. Direciona o profeta aflito a falar. Expor em palavras o que estava sentindo. Chama-o pelo nome, mostrando intimidade e proximidade.

6.       Duas libera duas palavras:
a)       Sai para fora
b)      Perante a face do Senhor
Deus ordena que Elias saia dali, mas também oferece algo notório ao profeta, estar perante sua face (19.11)! Deus oferecer sua face é algo por demais sublime para um humilde servo do Senhor.

7.       Nesse momento tão intenso e decisivo, três coisas acontecem:
a)       Deus passava ali (19.11)
b)      Também passou ali um vento, um terremoto e um fogo
c)       Também passou ali uma voz mansa e delicada

Finalmente, Elias sai da caverna. Saiu quando ouviu aquela voz mansa e delicada. Sua atitude, porém, mostra que ainda precisa de reparos no seu interior. Ele sai escondendo o rosto (19.13). Ele envolve seu rosto com a capa. 

A capa nesse momento é símbolo de vergonha, mas ainda vai ser usada para levantar o profeta Eliseu. Vai ser usada para abrir as águas de Jericó. E, ainda, vai ser usada para confirmar a porção dobrada de Eliseu. Aquela capa que estava sendo símbolo de vergonha, ainda seria símbolo de glória e unção dobrada. O deprimido precisa saber disso.

Em seguida, Deus repete a mesma pergunta do versículo 9 no versículo 13. Elias, por sua vez, repete a mesma resposta do versículo 10 no versículo 14:

Que fazes aqui, Elias? (v. 9)
Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem. (v.10)

Que fazes aqui, Elias? (v.13)
Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem. (v. 14)



É provável que a intenção seja fazer o deprimido profeta expor seus sentimentos. Não há cobranças, condenação ou apontamento. Deus usa uma voz mansa e delicada.

A fala final de Deus vai encaminhar o ministério do profeta para um reinício. É sua cura. Veja:
1.       Volta pelo teu caminho (v. 15)
2.       Unge homens: dois reis e um profeta
3.       Guardei sete mil profetas!

Elias foi movido a voltar pelo seu caminho. Deveria trilhar o mesmo caminho que já percorrera. Fazer as mesmas obras. Nada tinha acabado. O plano de morte foi alterado por um recomeço.

O profeta iria levantar homens. Ungir o próximo rei da Síria. E ainda ungiria o próximo rei de sua nação que ocuparia o trono que era daqueles que tinham liberado a palavra de morte.

E, por último, Elias deveria ungir o próximo profeta, Eliseu. Se a dor de Elias era que Israel não teria mais profetas, então, ele mesmo iria levantar o próximo grande profeta de Israel. Mais que isso, Deus havia guardado sete mil profetas. Quando parecia que Israel não teria mais profetas, a nação de Deus teria sua geração de profetas com mais sinais e milagres!

Repare que a unção do novo profeta era a última das três unções. As duas primeiras seriam as unções dos reis. Mas, Elias inverteu a ordem. Ungiu primeiro o profeta Eliseu. Sua preocupação maior não era o palácio e reinos. Pelo contrário, Elias se preocupava com a falta de profetas. E saber que ele ungiria um profeta no seu lugar, ou seja, um que teria sua posição e unção, alegrou e motivou Elias. Isso é notório para os dias de hoje. Que o Espírito no ensine isso. Que sintamos realizados em levantar homens que poderão, lá na frente, ocupar nosso lugar.

E por fim, Elias partiu dali (v.19). Aquela fase de caverna foi deixada para trás. No versículo 21, ele ungiu Eliseu e nunca mais ficou só. Eliseu o servia (v.21). E foi assim até o glorioso dia que foi arrebatado para estar diante da face do Senhor!

Deus teve todo um cuidado com Elias deprimido. Sua palavra liberada de forma mansa e delicada curou seu profeta abatido. Que o Santo Espírito no ensine isso. Que sejamos instrumentos de Deus para cura de pessoas deprimidas e abatidas. Que a intensa e poderosa palavra do Senhor esteja em nosso interior, como fonte a jorrar em  solos secos, em corações que estão se entregando, que acham que tudo já acabou. Que sejamos discípulos parakaleo, conselheiros, que se importam. Que carregam o fardo uns dos outros. Que, de fato e verdade, choram com os que choram, e são instrumentos de Deus para levar pessoas do choro à alegria e, assim, se alegrar com os que se alegram. Em nome de Jesus, Amém!


Pr Erisvaldo Pinheiro Lima
2º Estudo de uma série de estudos sobre Discípulos conselheiros (parakaleo).
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