quinta-feira, 5 de maio de 2022

A Nova Lei (Mt 5)

 



A Nova Lei (Mt 5)


Dois dias antes da ministração deste estudo, minha esposa sonhou rasgando uma página da Bíblia. A página era Mt 5. Sentimos que deveríamos ler os mandamentos contidos ali buscando quais que estávamos “rasgando”.

Duas expressões aparecem em cada mandamento. Vejamos:


  1. “Ouvistes”. Cristo fala a partir do que já foi falado. Moisés trouxe os seis mandamentos usados neste sermão. Cristo é o novo Moisés, o novo legislador, que vai guiar um povo para a verdadeira terra prometida.
  2. “Eu, porém, vos digo” expressa a autoridade do Senhor que foi testificada por aquele público ao final do sermão. Mais que isso, Cristo está ensinando seus discípulos que o que está escrito precisa ser dito pelo próprio Senhor. Dessa forma, seus humildes servos podem ter maior êxito no cumprimento do mandamento. Isso é impressionante. Temos a graciosa oportunidade de ouvir a palavra pelo próprio Verbo de Deus.

Oro, para que o Espírito de Cristo fale cada uma dessas sentenças em nosso coração, e que nos convença qual está sendo “rasgado” por nós mesmos:

  • Não matarás (1/6)

Sexto mandamento, Êx. 20:13. Há TRÊS classificações de pecados, cada qual com sua própria pena. A ira, o ódio, e o ódio extremo.

Assim Jesus ilustrou o sexto mandamento, mostrando que a intenção que provoca o ato físico é passível da mesma condenação que o próprio ato.

PORTANTO, os princípios a serem observados são; Reconciliação antes do sacrifício ou culto formal; misericórdia antes do rito; moralidade antes da religiosidade; afeição filial antes do dever; perdão pessoal antes do perdão divino; corretas relações humanas antes de corretas relações com Deus; honestidade e bondade para com os homens, antes do recebimento da bondade de Deus.

  • Não adulterarás (2/6)
O sétimo mandamento indica mais do que o ato manifesto; mostra a intenção do coração—se houver intenção de cometer adultério, é adultério.

Nos vss. 29 e 30 Jesus mostra que nos é vantajoso sacrificar algo, mesmo aquilo que tivermos de mais precioso (como o olho direito, ou a mão direita), para atingir o objetivo que é a obediência à vontade de Deus.

O olho é mencionado não apenas como algo precioso, mas também como agente potencial da tentação ao pecado. É com o olho que o homem começa a cometer adultério. Talvez seja mister perder uma coisa preciosa para ganhar outra mais preciosa, que é a aprovação e a bênção de Deus.

  • Divórcio (3/6)
Jesus levantava de novo o clamor de Ml. 2:16: «O Senhor Deus de Israel diz que odeia o repúdio...». Observa-se que Jesus não ordena nem encoraja o divórcio por qualquer razão: ele permite o divórcio por uma única razão.

  • Juramentos (4/6)
A multiplicação de juramentos criou um espírito superficial, inclinado à mentira. Foi principalmente isso que Jesus censurou. O homem honesto, aprovado por Deus e que vive no espírito da lei, jamais teria necessidade de jurar, bastando o simples sim ou não. O homem cônscio da presença de Deus e que sente responsabilidade para com Deus, não mente. Tal honestidade não requer a confirmação de qualquer juramento.

  • Vingança (5/6)
Baseado em Êx 21:24. O texto de Lev. 23:17-21 dá detalhes sobre a lei da vingança: quem matar, seja morto; quem matar um animal, substitua-o por outro; quem desfigurar o próximo, seja desfigurado. A tendência natural do homem, após sofrer o mal causado por outrem, é procurar tirar vingança imediata, se possível, infligindo um sofrimento ainda mais duro do que aquele sofrido. Os discípulos de Jesus, sujeitos ao reino de Deus, porém, devem ter outra atitude. Sofrendo um mal, ao invés de procurarem vingar-se, devem estar preparados para sofrer outro mal com paciência. Talvez essa atitude ilustre a bem-aventurança dos mansos (vs. 5). Tal atitude é o oposto do princípio que decreta “olho por olho, dente por dente”.

O credor podia tomar a túnica (roupa interior) do devedor como fiança. Mas se a roupa externa (a capa) lhe fosse tomada, teria de ser devolvida antes do pôr-do-sol, porque era natural que o devedor precisasse dela como proteção contra o frio da noite. Um Homem pobre talvez pudesse ter mais de uma túnica (roupa interior), mas provavelmente não poderia ter mais do que uma capa, que era a roupa exterior e usualmente de muito maior valor do que a outra. A capa era usada como cobertor, à noite. É melhor para o crente perder as coisas materiais do que sua boa consciência e integridade. Paulo deu o mesmo conselho: «O só existir entre vós demandas já é uma completa derrota para vós outros. Por que não sofreis antes a injustiça? por que não sofreis antes o dano?» (I Cor. 6:7).

  • O amor (6/6)
«Amarás o teu próximo», vem de Lev. 19:18, e, porque ali há alusão específica aos «filhos do teu povo» (Israel), as autoridades religiosas haviam acrescentado a outra metade: «Odiarás o teu inimigo». A lei, de modo geral, proibia aos judeus que se odiassem uns aos outros, sendo provável que o «inimigo» fosse sinônimo de gentio.

Amai os vossos inimigos*. Poderíamos compreender estas palavras se elas fossem «Não detestai os vossos inimigos»; mas a ideia de amarmos os nossos inimigos é por demais elevada. Jesus não permite o ódio em quem quer que seja. O ódio, em si, não é humano. Jesus mostra, neste passo, que—a lei do amor—é a lei mais importante (Luc. 10:27), e que o amor a Deus implica em amor aos homens. Nada há de mais elevado que o crente possa fazer, para imitar a Deus, do que amar aos seus inimigos.

É importante notar que o clímax da experiência humana, na imitação de Deus, é o amor. Jesus mesmo ensinou isso: «O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei» (João 15:12). Paulo expressa a ideia destes versículos da seguinte maneira: «O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor» (Rom. 13:10). O amor, portanto, é o caminho mais rápido para Deus.

Que nenhum destes menores mandamentos seja “rasgado”, pois um está relacionado ao outro. Que possamos cumprir cada um, e assim, ensiná-los. Há uma preciosa promessa para quem assim o faz, “será chamado grande no Reino dos céus” (Mt 5.19).

Que o Santo Espírito nos ajude. Amém.



Fonte de pesquisa:
Champlin, Russell Norman, 1933 - O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo: Volume 1: Artigos introdutórios, Mateus, Marcos / Russell Norman Champlin. São Paulo: Hagnos, 2002.
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