quinta-feira, 23 de junho de 2022

Sim, eu amo a mensagem da cruz

 




Sim, eu amo a mensagem da cruz…

Cantamos tanto esse hino. Talvez um dos mais conhecidos da Harpa Cristã. Com muita emoção, prometemos que “até morrer, eu a vou proclamar”. Mas será que conhecemos mesmo a mensagem da cruz? Nossa vida diária reflete essa mensagem? Fato é, que se não conhecermos a mensagem completa da cruz, não teremos nada relevante para anunciarmos ao mundo.

Amamos o que conhecemos. O amor nos impulsiona ao processo de conhecer. Amar a mensagem da cruz implica conhecer, de fato, sua mensagem. Por isso, faço um convite, meu irmão, para que o Santo Espírito direcione nosso olhar em total atenção para contemplar a mensagem que emana do calvário.

Nosso Senhor sofreu terríveis aflições na cruz. Seu corpo, sua alma e também seu espírito foram castigados no calvário. Para entendermos isso, precisamos voltar ao Éden.

  • a criação do homem
E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. (Gênesis 2.7)
Primeiro, Deus criou o CORPO do homem utilizando o pó da terra. Em seguida, soprou seu ESPÍRITO e, então, o homem foi feito ALMA vivente. Em total harmonia entre seu corpo físico e sua alma interior, o espírito trazia equilíbrio ao homem.

CORPO - ESPÍRITO - ALMA

Sendo o corpo, a parte externa e física do nosso ser. A alma, nosso interior, com as nossas emoções, lembranças, memória, mente, inteligência. E o espírito, a parte mais íntima e nobre, pois é a comunicação com Deus, uma vez que dEle veio.

  • a queda do homem
E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. (Gênesis 3.6)
A tentação ocorreu do exterior para o interior do casal original. A mulher viu que o fruto da árvore era bom para se comer. Isso aponta para a necessidade do corpo. Em seguida, Eva desejou o entendimento que aquele fruto geraria nela. Isso aponta para a necessidade da alma. E, por fim, Adão a acompanha e também participa do pecado e ambos são expulsos do jardim. O espírito do homem não fica mais ligado ao Espírito de Deus.

Sem o espírito, tudo que resta no homem é sua carne. Sem o espírito, o homem perde seu equilíbrio e um vazio surge em seu interior. Sendo CORPO - ESPÍRITO - ALMA, o espírito dominava e trazia moderação no cuidado humano com seu corpo e sua alma. Com a morte do espírito, o homem ora cuida exageradamente de seu corpo, ora cuida de forma exacerbada de sua alma. Uns exibem seu corpo, e outros exibem sua mente. E, uma vez que há um vazio no interior, o homem procura desesperadamente preenchê-lo com elementos do corpo ou da alma. Nada, porém, pode ocupar o lugar da vida no espírito.

  • Substituição
Morte e pecado sempre estão associados (Rm 5.12). Para devolver a vida no espírito do homem, Deus proveu seu próprio Filho para ser nosso substituto. A consequência de morte ocasionada pelos nossos pecados são colocadas em seus ombros. O homem perfeito na cruz representa o homem caído no jardim. Esta é a primeira mensagem da cruz. Cristo morreu em nosso lugar. Foi o nosso substituto na condenação. Se por um homem, recebemos a herança do pecado e morte do espírito, também por um homem, recebemos a herança graciosa e vida no espírito.

Para ser nosso substituto, Cristo precisou sofrer a consequência de todos nossos pecados. Tantos os do corpo, como os da alma e, por último, no espírito.

Seu corpo foi moído e talvez seja a parte que mais lembramos. Sendo nosso substituto, seus pés precisaram ser transpassados, pois nossos pés são ligeiros para correr na direção do pecado. As mãos do nosso Senhor também foram transpassadas em consequência de todas as vezes que usamos nossas mãos para tocar o pecado. Em sua cabeça, diversos espinhos foram cravados pois nossa cabeça é facilmente povoada por assuntos e lembranças pecaminosas. Sua face foi esbofeteada apontando para todas as vezes que negamos a nossa outra face. Seu lado foi perfurado em memória de tudo que colocamos indevidamente ao nosso lado. Até mesmo a secura dentro da sua boca foi descrita (Sl 22.15-16), sofrimento necessário em consequência de todas as vezes que usamos nossa boca para proferir palavras carregadas de pecado.

Se o sofrimento do seu corpo foi intenso, o que ocorreu na alma foi ainda pior. A morte na cruz era a pior e mais vexatória das condenações. A cruz era destinada aos escravos condenados. Era símbolo de uma mensagem intimidatória aos outros escravos. Uma vez que éramos escravos do pecado, nosso Senhor se fez escravo e sofreu a pior das condenações em nosso lugar. Cristo crucificado também é símbolo de uma mensagem, porém, de libertação a todos os que são escravos do pecado.

Em Jo 19.23 vemos que os soldados tiram as roupas de Jesus. Nosso Cristo foi despido diante de todos ali. Seu corpo exposto era vergonha para sua alma. Seu corpo que sempre foi guardado da lascívia, agora estava nu perante os homens e mulheres presentes no Gólgota. Nosso pecado, que tantas vezes também tira nossas vestes santas, despiu nosso Senhor publicamente.

Sua tristeza é retratada no Getsêmani. Antevendo seu sofrimento, sua alma fica triste até a morte. Poucos dias antes, na morte de Lázaro, Cristo também sentiu uma tristeza profunda. Sua alma, de fato, sofreu todas as nossas dores internas.

Se o sofrimento na alma de Cristo foi intenso, o que ocorreu no seu espírito foi muito pior. Próximo à hora de sua morte ele exclama “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). É o momento do ápice de seu sofrimento. Nenhuma aflição poderia ser comparada com esta. Nenhuma reflexão nossa pode medir a dor desse momento. É quando o espírito de nosso Senhor perde a comunhão com o Pai. Pela primeira (e única) vez, Cristo sente o vazio no interior. Recitando o Salmo 22, ele exclama o desamparo do Pai. Em seu clamor, o usual termo Pai é trocado por Deus meu. A unicidade entre o Filho e o Pai é sempre bem descrita ao longo dos evangelhos. Eu e o Pai somos um (Jo 10.30). Mas neste momento, Cristo se sente só. A cena é descrita com riquezas de detalhes no já mencionado Salmo 22:

Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo.
Todos os que me veem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo:
Confiou no Senhor , que o livre; livre-o, pois nele tem prazer.
Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude.
Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam.
Abriram contra mim suas bocas, como um leão que despedaça e que ruge.
Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera e derreteu-se dentro de mim.
A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar; e me puseste no pó da morte.
Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou; traspassaram-me as mãos e os pés.
Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam.
Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica.
(Salmos 22.6-8; 11-18)

Morte e pecado estão associados (Rm 5.12). Cristo sofre a última instância de nossa condenação pelo pecado, que é a morte no espírito. Que o Santo Espírito sopre a vida de Cristo dentro do nosso espírito, para sempre lembrarmos e valorizarmos tamanho preço pago pelo nosso Senhor. Em sua morte, obtemos vida. A morte de seu espírito trouxe vida ao nosso espírito. A ligação entre Deus e homem, perdida no Éden, é finalmente restaurada a todos que nEle creem.

Nosso espírito ganha vida na morte substitutiva de Cristo. Assim, recuperamos a comunhão com o Pai. E toda condenação é removida. Que possamos, diante de tamanho e incalculável preço pago, andarmos segundo o espírito. Que o equilíbrio original recuperado no calvário seja mantido por nós.

Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. (Romanos 8.1)


Amém.


Erisvaldo Pinheiro Lima

Igreja Santuário do Altíssimo

Estudo ministrado em Junho de 2022 

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