segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Batalha espiritual: o plano do adversário e a volta por cima dos filhos de Deus

 



Temos um adversário atuando contra nós. Até que se tornem reais, nossos sonhos e projetos passam por uma batalha contra forças adversárias. Parece que, à medida que avançamos no serviço do Senhor, enfrentamos embates e intensas adversidades. Por isso, pretendemos meditar em alguns textos bíblicos que muito nos explicam sobre a atuação dessas forças que se opõem contra nós. 


Na última parte da mensagem, queremos ainda mostrar um exemplo claro de como esse embate espiritual ocorreu nos dias da Rainha Ester, comparando com os nossos dias.


1 Tessalonicenses 2.18 “Pelo que bem quisemos , uma e outra vez, ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu.”


Vemos claramente neste texto o quanto satanás pode impedir planos dos humildes servos do Senhor. Pelo menos duas vezes, Paulo e sua comitiva tentaram ir até os irmãos tessalonicenses, porém, foram impedidos. Se o nosso adversário impediu alguns planos de Paulo, não devemos pensar que estaremos isentos de situações semelhantes.


Neste texto, a ação impeditiva condiz exatamente com a definição de seu significado. Satanás significa “adversário”. Paulo e sua comitiva tiveram algum obstáculo que foi promovido pelo adversário. Planos em favor da igreja são alvos do adversário. 


Analisando os nomes usados no lugar de satanás, percebemos algumas de suas estratégias. Veja:


  • Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês (Tiago 4:7)

O termo diabo significa acusador ou caluniador. Aqui, a palavra nos adverte a resistir as acusações e calúnias promovidas pelo diabo, e somente assim, ele fugirá da nossa presença. Lembrando que essa resistência só é possível quando nossa vontade for submetida à vontade do Senhor.


A seguir, outro nome que, inclusive, foi usado na blasfêmia contra nosso Senhor:


  • Mas quando os fariseus ouviram isso, disseram: "É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa demônios". 

Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: "Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá. Se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, então, subsistirá seu reino? 

E se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês? Por isso, eles mesmos serão juízes sobre vocês. 

Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus. 

"Ou como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar a casa dele. (Mateus 12:24-29)

Aqui vemos que nosso adversário é o príncipe dos demônios. Ele exerce liderança sobre os anjos caídos. Possui um principado. É chefe de um vasto grupo.


Alguns comentaristas bíblicos nos ensinam que o termo Belzebu é uma forma abreviada de Baal-Zebube, e significa senhor das moscas. Vejamos sua equivalência em (2 Reis 1:16)


  • E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Por que enviaste mensageiros a consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom? Porventura é porque não há Deus em Israel, para consultar a sua palavra? Portanto desta cama, a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás.


Se assim for, então se entende que uma “consulta espiritual” feita a qualquer forma de divindade que não seja o Deus de Israel é vista como algo que atraia moscas. Algo nojento mesmo. O Deus de Israel dispõe de sua palavra para consulta. Não podemos colocar substitutos de consultas espirituais que não seja a palavra do Senhor. Temos a palavra, e isso basta!


O primeiro nome:


  • Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! (Isaías 14:12)

Seu nome inicial significa estrela do dia, filho da manhã. Isso fala do domínio que ele exerce nesse mundo, através de intermediários.


  • E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. (Apocalipse 12:3)

Seu nome aqui nos mostra sua malignidade, intenção de destruição e capacidade de envenenar. 


  • E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. (Apocalipse 12:9)

Os termos que definem nosso adversário são listados aqui. A antiga serpente nos lembra aquela que estava presente no Éden, que enganou Eva e continua enganando todo mundo. 


Em todas essas referências, percebemos que se trata de um ser real, vivo e atuante no mundo e no percurso da história. Não é apenas um símbolo do mal. Trata-se do próprio mal, em pessoa. 


  • Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.

Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. (Ezequiel 28:12-15)


Possuía uma alta posição. Foi criado perfeito em beleza. Essa perfeição refletia em seus caminhos. Era um querubim ungido e andava no meio das brasas vivas do altar do Senhor. Sons de flautas e de tambores foram criados para ele. Até que em seu interior foi encontrado iniquidade.


Inflado de orgulho, teceu um plano audacioso de se exaltar acima do próprio Deus: 


Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.

Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. (Isaías 14:12-14)


Aprendemos, então, que os anjos possuíam o poder de decisão (o livre arbítrio). De modo que nenhum era forçado a servir a Deus. Movidos por amor e pela razão, possuíam a livre escolha de servir ao Senhor.


O plano do nosso adversário era a derrubada de Deus. Foi a primeira revolta da história do universo. Ele usurpou a posição do Senhor.


No texto de Ap 12.4, vemos que ⅓ dos anjos seguiram sua influência e se submeteram ao seu plano. Seus argumentos parecem ser altamente convincentes. É provável que tenha dito que o reino de Deus não seria tão bom e justo. É provável que teria argumentado que ninguém poderia escolher livremente a Deus. O cenário celeste de Jó mostra isso. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. Essa é sua tese. Quem serve a Deus o serve por interesse. Parece que o seu plano tem se estendido sobre a terra, fazendo o primeiro casal a também se rebelar contra Deus. Olhando para a história bíblica, vemos que esse plano ainda está em ação. Embora o livro de Apocalipse seja claro em declarar a derrota do mal, parece que o adversário segue seu plano acreditando ser possível destronar Deus e usurpar sua posição.


Na mitologia grega, Zeus (o deus dos deuses) usou um raio para aplacar a rebelião que teria acontecido nos céus contra ele. Nosso Deus não agiu assim. Embora sendo infinito em poder, não usa de seu poderio para aplacar a rebelião de Lúcifer.


Podemos perguntar o porquê disso. Por que Deus não esmagou Lúcifer ainda no céu, ainda no início de sua revolta, ao invés de jogá-lo na terra?


A criação do homem pode ser uma resposta para isso. A história humana é uma resposta divina para mostrar o fracasso do plano do diabo. Preciso enfatizar isso. Mesmo sofrendo pressões do adversário, há seres criados que escolhem obedecer a Deus. Precisamos entender que estamos no centro do plano de Deus arquitetado contra a tese do diabo. É sim possível que pessoas escolham a Deus de forma voluntária, sem interesse, apenas movidos por amor e razão. Você é a prova disso! Amém! 


Essa nova classe de seres, o homem, é a obra prima de Deus. 


A rebelião do mal provocou reações nos céus e estendeu a maldade na terra. Deus não promoveu a dor, a fome, a morte sobre a terra. Tudo isso são consequências da própria maldade que se iniciou com Lúcifer e continua em pessoas que são enganadas por ele.


Estamos diretamente no palco dessa cena épica. A história humana é o enredo escrito por Deus que narra a salvação através de seu Filho. Essa grande história, a maior de todas já contadas, mostra que o Filho de Deus age de forma completamente oposta às ações do usurpador Lúcifer. Veja:


  • Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,

Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;

E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.

Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;

Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,

E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2:6-11)


Após a rebelião do adversário, Deus criou uma nova ordem de seres, destinados a serem filhos de Deus, mesmo tendo nascido do pecado da rebelião. Seres transformados à imagem de Deus, qualificação nunca dada aos anjos. 


A sábia, profunda e inexplicável resposta divina é que esses novos seres foram criados um pouco menor que os anjos (Sl 8.5), mas o destino deles é se tornar mais exaltados que os anjos: 


  • Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;

E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,

Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus,

Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;

E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja,

Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos. (Efésios 1:18-23)



A obra de obediência que Cristo ofereceu no Calvário limitou o poder do adversário. A cédula que ele tinha em mãos para nos acusar foi cravada na cruz. O adversário foi exposto publicamente e Cristo triunfou sobre ele (Colossenses 2.14-15)


Porém, vemos em Ap 12.10 que ele ainda tem acesso às regiões celestiais, sendo acusador de nossos irmãos. Sua atuação, baseada sempre na mentira e maldade, continua apontando contra a vida daqueles que escolhem Cristo.


Em João 8.44 temos o versículo que mais detalha a natureza da pessoa do adversário da igreja. Vejamos o texto e cinco desses detalhes:


Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. (João 8:44)


  1. O diabo é uma pessoa real, e não um mero símbolo do mal.

  2. Ele promoveu a queda dos anjos e do homem também.

  3. O poder de decisão dado por Deus foi o que tornou possível a entrada da maldade na história.

  4. Ele continua com seu plano de ação sobre os homens. Tornou-se capaz de destruir vidas, famílias e ministérios. Jesus Cristo é, porém, especialista em salvar vidas, famílias e ministérios.

  5. O diabo é o pai espiritual daqueles que ainda não se tornaram filhos de Deus. E não desiste facilmente da vida daqueles que estão sob sua influência.



E o que os filhos de Deus podem fazer diante desse cenário?


Por mais caótico que os dias que vivemos possam parecer, precisamos ter a visão bíblica dos fatos. Se a palavra diz que Cristo triunfou sobre nosso adversário, essa visão precisa estar ativada em nosso interior. 


O livro de Ester é muito apropriado para termos a visão divina de nossos dias. Lá podemos ver os momentos caóticos e também o quanto sutilmente a história muda em favor do povo de Deus. 


Ali, no livro de Ester, o povo de Deus estava vivendo opressões numa terra distante.

Aqui, nos dias de hoje, o povo de Deus vive perseguições e também estão longe de casa, conforme Filipenses 3:20, que diz “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.


Ali, a rainha Vastir não aceitou ser colocada ao lado do seu rei e, por isso, Ester foi escolhida rainha em seu lugar.

Aqui, Israel não aceitou seu Rei e Salvador, e por isso, a igreja foi colocada em seu lugar.


Ali, o rei Assuero exercia senhorio em 127 províncias, desde a Índia até a Etiópia.

Aqui, nosso Rei Jesus está acima de todo governo e autoridade, poder e domínio (Ef 1.20-21). Seu domínio se estende de geração em geração (Sl 145.13). Enfatizo, o domínio de Cristo vai se estender até a geração depois da minha. Seu domínio vai se estender até nossos filhos e sobre os filhos de nossos filhos. Amém!


Ali, o ministro oficial do rei, chamado de Hamã, alimentava um ódio contra Mardoqueu e contra todos os judeus.

Aqui, o ex Lúcifer da manhã, chamado de diabo, alimenta um ódio pessoal contra os humildes servos do Senhor, que se estende contra seus negócios, projetos, sonhos e família.


Ali, o plano arquitetado por Hamã para assassinar o rei e usurpar seu trono foi descoberto por Mardoqueu.

Aqui, o plano arquitetado pelo diabo para usurpar o trono de Deus foi revelado pelo Espírito do Senhor, que inspirou homens como João em Patmos para registrarem detalhes desse plano.


Ali, Hamã persuadiu o rei a promulgar um decreto para exterminar os judeus no dia 13 do mês de Adar.

Aqui, o inimigo também usa de engano para persuadir pessoas a acreditarem  que seus dias estão contados.


Ali, Mardoqueu moveu a rainha Ester para interceder junto ao rei em favor dos judeus.

Aqui, o Espírito Santo move a igreja para interceder junto ao nosso Rei Jesus em favor dos povos, tribos, línguas e nações. 


Ali, Ester arriscou sua vida ao entrar diante do rei sem ter sido convocada.

Aqui, o acesso ao trono da graça de Deus é assegurada por um novo e vivo caminho que Jesus nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo (Hb10.20).


Ali, Ester conquistou o favor do rei.

Aqui, a igreja se posiciona em humildade e total dependência para conquistar o favor do Rei dos reis. É necessário entender que, por vezes, não podemos fazer nada contra os Hamãs que se levantam contra nós. Por isso, precisamos realmente nos posicionar diante do Rei e lançar sobre ele nossas dores e nossas causas.


Ali, Ester denunciou ao rei o plano contra seu povo.

Aqui, a igreja se prostra diante do seu grande Rei para denunciar os planos projetados contra seu povo. 


Ali, Hamã é executado na mesma forca que preparou contra Mardoqueu.

Aqui, o inimigo de sua alma será exterminado no mesmo plano traçado contra ti, conforme Isaías 54.17, que diz “Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de mim procede, diz o Senhor.”


Ali, um segundo decreto foi assinado pelo anel do rei que foi posto nas mãos de Ester e isso possibilitou o povo judeu triunfar contras seus inimigos.

Aqui, a igreja do Senhor Jesus possui uma aliança que precisa ser usada para triunfar sobre seus inimigos.


O primeiro decreto datava o dia da morte. O segundo, porém, permitia o povo de Deus a se armar e lutar contra seus inimigos.  Colossenses 2.14 nos diz que Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. Sim, a palavra nos ensina que uma nova sentença foi escrita sobre ti. Não aquela que foi redigida no inferno, que colocava uma data final para sua família, seu negócio, seu casamento ou para você mesmo. Sua nova sentença foi redigida nos céus e assinada no calvário, te fornecendo esperança e força para você lutar e prevalecer contra seus adversários. Amém!


Ali, o rei Assuero deu a casa de Hamã para a rainha Ester e Mardoqueu.

Aqui, acredite nisso, o Rei dos reis passará para você territórios antes pertencentes ao inimigo. Amém!


Ali, Mardoqueu foi honrado com uma veste azul celeste e branca, com uma coroa de ouro e uma capa de linho fino, fazendo toda cidade de Suzã se exaltar e se elegrar.

Aqui, o Espírito do Senhor será finalmente honrado, suas vestes de santidade serão visíveis nos santos do Senhor, sua coroa de justiça vai coroar a igreja e sua capa de linho fino vai estampar a o ministério que exalta o Cristo de Deus.


Ali, através da honra dada a Mardoqueu, os judeus foram cheios de luz, de alegria, e gozo e honra.

Aqui, através do derramamento do Espírito do Senhor, as nações finalmente conhecerão a autêntica luz de Deus, a alegria e gozo como fruto do Espírito, e a honra será restituída em toda terra.


Ali, a narrativa do livro de Ester se encerra descrevendo que Mardoqueu procurava o bem do seu povo e trabalhava pela prosperidade de sua nação.

Aqui, na medida que vai se aproximando os últimos dias da igreja na terra, cada vez mais o Espírito do Senhor vai procurar fazer o bem em favor do povo de Deus, e trabalhar para fazer prosperar a nação cujo Deus é o Senhor. Amém!



Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada em Agosto de 2021
Igreja Santuário do Altíssimo

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Recomendações para quem luta contra pecados insistentes e resistentes

Rm 1.16-32


Antes da leitura da mensagem, leia em oração o texto de Rm 1.16-32


Nesses 14 anos de ministério a Cristo, tenho aprendido 2 coisas importantes. Primeiro é que sou um grande pecador. Segundo, é que tenho um grande Salvador. 


Como pecador confesso, quero liberar 7 conselhos para algum outro pecador que Deus preparar para receber essa palavra. 


Quando Cristo me chamou de uma forma irresistível, vários pecados se desprenderam de mim. De fato, percebi que eu era uma nova criatura. Em pouco tempo, porém, percebi que alguns outros pecados ainda estavam em mim. Eram resistentes e insistentes. Lutei com todas as minhas forças contra eles, mas fui vergonhosamente derrotado. 


Se tem mais algum humilde servo do Senhor que queira ouvir algumas recomendações sobre como lidar com esses pecados resistentes e insistentes, acredito que posso lhe dar 7 conselhos.


Mas antes, preciso fazer algumas considerações:


Não tem como falar de pecado sem antes falar da ira de Deus. A justiça de Deus requer punição para o pecado. Ira e justiça são atributos divinos inseparáveis. O pecado não é algo que passa batido na percepção do Senhor. Há um julgamento divino contra os pecadores não arrependidos. 


Não é que Deus queira que você seja uma pessoa perfeita, entenda, Ele quer que você seja uma pessoa que se arrependa. 


O juízo virá contra aqueles que ignoram a salvação que Deus proveu através da morte expiatória de seu Filho. Ignorar, negar, fazer pouco caso dessa salvação levará uma consequência terrível.


Há de se entender que quando o Senhor não quer que tenhamos uma vida pecaminosa é porque Ele bem sabe a consequência disso. O pecado faz mal ao próprio homem.


Há 3 entregas de Deus no texto


São 3 abandonos que Deus executa contra aqueles que insistentemente resistem à graça do Senhor. Nesse texto, Deus não pesa a mão nas pessoas. Deus apenas retira sua presença inibidora deles. Deus apenas os entrega às suas próprias escolhas. Deus apenas permite que os desejos do coração siga seu curso. 


A insistência no erro e a voluntariedade de não lutar contra o pecado provoca esse justo juízo de Deus. A frase “Deus jamais abandona ninguém” num faz mais sentido ao lermos nesse texto. Aqui, executando seu juízo, Deus literalmente abandona pessoas. 


É quando Deus tira sua graça do homem. É quando o inibidor de pecados é retirado do homem. A ação impeditiva e de convencimento do Espírito Santo é retirada. E assim, a pessoa, ou o grupo, fica entregue aos seus próprios desejos. Aquele senso que temos dentro de nós é removido. Aquela sensação de gravidade do pecado não é mais sentida. 


O grande comentarista bíblico, o Dr Champlim, chama isso de “bancarrota moral”. Bancarrota é quando o estado está falido, quando o governo declara a incapacidade de pagar seus gastos. A bancarrota moral é quando a moralidade de uma sociedade se desintegra. É quando o indivíduo corrompe seu próprio ser essencial. Ocorre sutilmente, a ponto de se extinguir a consciência de seus atos malignos. Chega até mesmo ao ponto do sujeito se envaidecer de suas maldades. E assim, se substitui a nobreza divina no interior do homem pela vergonha da depravação social. Vale a pena lembrar, que há pouco tempo atrás, nosso Congresso chegou a discutir sobre legalização da pedofilia. 


A cada entrega que Deus faz, a salvação fica mais distante. O homem não salva o homem. Precisamos da ação de convencimento do Santo Espírito para nossa salvação. Tira o Espírito e ficamos incapazes de nos convencermos da necessidade de salvação.


Os que abandonaram a Deus um dia serão abandonados por Deus. E seguirão o rumo de seus próprios desejos internos. O que parece liberdade, de fato, é escravidão a seus próprios instintos. 


Nunca tinha a humanidade vivido tão distante de Deus. Desde o iluminismo do século XXVIII, quando a sociedade deixou de ser centrada em Deus e passou se centrar no homem. Até o nosso tempo do pós-modernismo que prega a falência da verdade e que tudo são apenas hipóteses. É como se o homem levantasse sua voz e entoasse sua independência aos céus. Não há mais uma verdade, não há mais uma verdade absoluta. Tudo é relativo e cada um pode ter sua própria verdade.


Porém, há um grande contraste nisso. Ao mesmo tempo em que o homem se divorcia de Deus, a humanidade mergulha numa onda de doenças emocionais como nunca. É a chamada epidemia oculta. Onde transtornos psicológicos, como a ansiedade e a depressão já são noticiados como a segunda onda de estragos à saúde mundial. 


Percebeu o contraste. O homem resolve viver longe de Deus para viver da forma correta de se viver, para ter liberdade e ser feliz, e tudo que ocorre é uma onda de tristeza e solidão jamais vista. A maior mentira que o diabo inventou é SEJA FELIZ.



A 2ª entrega  


Acredito que o tempo escatológico desta primeira entrega já ocorreu. Acredito que estamos vivendo exatamente o tempo da segunda entrega.


Na segunda entrega, Deus abandona pessoas às suas paixões infames.  


O texto explica que ocorrem assim: as mulheres mudam o uso natural, contrário à natureza. E os homens, deixam o uso natural da mulher, se infla em sensualidade para com outros homens.


Você percebeu que a segunda entrega traz a palavra abandono. Algo muito mais forte. É quando Deus retira sua graça do homem. Naturalmente ocorre morte espiritual da pessoa.


Observe a expressão ATÉ AS MULHERES. Isso porque já se espera que os homens sejam facilmente guiados pelas suas paixões infames. Mas quando até as mulheres o fazem, é porque a degradação moral já está deplorável. Vale lembrar que os homens que seguiam Jesus tiveram que ser convocados pelo Mestre, enquanto que as mulheres o seguiam voluntariamente.


O texto claramente menciona que, quando a prática do homossexualismo não causa mais protesto na consciência, é porque Deus já abandonou a pessoa às suas paixões infames. 


O Dr Champlim nos ensina que nos versículos 26 e 27, os termos mulheres e varões poderiam ser traduzidos melhor por FÊMEA e MACHO, no sentido animalesco mesmo. Assim o apóstolo dá a entender que o coração que Deus abandona, a homossexualidade se torna tão comum como ocorre entre alguns animais irracionais.


Assim, o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, chega ao nível tão baixo quanto dos animais irracionais. A imagem divina é trocada pela imagem animal. A salvação acaba parecendo algo tão distante.


Vale lembrar o que Lc 1.37 diz que para Deus não há nada impossível. Vale lembrar que o início da leitura que lemos disse que o evangelho de Cristo é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. 


Cremos e temos esperança que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus pai. E que por fim a imagem de Deus vai ser restaurada no homem e na mulher!


Vale lembrar a promessa de 2 Pedro 1.4 que diz “Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo”.



Sendo justo ao texto…


Paulo não destaca aqui o pecado da homossexualidade como o pior de todos. De jeito nenhum. A ideia do apóstolo aqui é mostrar que, quando uma determinada sociedade chega ao ponto de perder a consciência de pecado da prática homossexual, é porque os outros pecados já se tornaram tão evidentes, que a negação de Deus já está estampada, ao ponto do Senhor retirar seu dom, seu freio, sua graça. A normalização desta prática é a ponta do iceberg , cujas profundezas estão engessadas de rebeldia voluntária contra Deus. 


Isso também não significa que uma pessoa mergulhada nesta prática esteja irreparavelmente perdida. A máxima é TODOS OS PECADORES PODEM SER REDIMIDOS. 


Esse quadro negro pintado por Paulo nos ensina que somente a graça de Deus, atuando através da redenção de Jesus Cristo, operando por meio do convencimento do Santo Espírito, qualquer sociedade ou indivíduo, qualquer nação, até mesmo a nossa, até mesmo o Afeganistão, podem ser transformados, para muito melhor.



A terceira entrega de Deus...


Aqueles que não se importarem, Deus então os entregarão a um sentimento perverso. 


A graça divina atuando em nós inibe a força do pecado no nosso interior. Verdade é que em Deus, nossa perversidade fica controlada e quieta. Se a ação divina se ausentar, nossa perversidade fica exposta.


E a lista desta perversidade é grande:


  1. iniquidade

  2. prostituição

  3. malícia

  4. avareza

  5. maldade

  6. inveja

  7. homicídio

  8. contenda

  9. engano

  10. malignidade

  11. murmuração

  12. fofoca

  13. aborrecer a Deus

  14. injuriar

  15. soberba

  16. presunção

  17. inventor de males

  18. desobediência ao pai e à mãe

  19. néscios

  20. infiéis aos contratos

  21. sem afeição natural

  22. irreconciliáveis

  23. sem misericórdia

  24. não faz a justiça de Deus

  25. consente com quem não faz



Vale muito a pena, olhar com calma e reflexão para esta lista. Vale mais a pena ainda, orando, pedir que o Espírito nos convença se alguma dessas perversidades ainda atua em nós.


É muito injusto quando selecionamos alguns desses pecados e o temos como “super pecados”. Como se aqueles que eu não cometo seja um grande pecado, enquanto que os que caio com frequência seja menos ofensivo. Repare, meu irmão, que junto com o pecado de homicídio, está o da murmuração. Junto com o da homossexualidade, está o da fofoca. Na mesma lista de perversidade de quem comete prostituição, está o da infidelidade aos contratos. 


Por vezes, usamos boas desculpas pelo nosso erro, afinal, tivemos uma boa intenção. Por muitas vezes, não aceitamos a desculpa pelo erro do outro, afinal, ele teve uma péssima ação. E assim, julgamos os outros pelas suas ações e a nós mesmos pelas nossas intenções. E na balança dos erros, usamos pesos e medidas que nos favorecem. Achamos um absurdo o cisco no olho dele e agimos com normalidade com a trava que tem no nosso. 


Somente se estamos cientes que somos pecadores. Que nosso pecado é horrendo para com nosso Deus Santo. E que, mesmo tendo nascido de novo para Cristo, ainda travamos batalhas contra nossa própria carne, que por muitas vezes perdemos. Assim, iremos então, liberar sete conselhos para os humildes servos do Senhor que lutam contra si mesmos.


  1. Quando você enxergar um pecado, enxergue também o poder do evangelho.

Isso é importante pois, por vezes, fazemos o contrário. Ao ter o dissabor de experimentar uma derrota do espírito contra a carne, o pecado então fica evidente aos nossos olhos. E o perigo nessa hora é esquecer que Cristo já perdoou todos os nossos pecados. TODOS!

Colossenses 2.13-14 “Deus … perdoando todos os nossos pecados e, apagando a escrita de dívida, que nos era contrária e constava contra nós em seus mandamentos, removeu-a do nosso meio, cravando-a na cruz”


Cristo é a justiça de Deus e, ao mesmo tempo, a nossa justiça. Há dois homens na Bíblia que são representativos. Adão, pelo qual morremos. Jesus, pelo qual vivemos. Isso significa que em todas as áreas que fomos falhos, Jesus foi perfeito! E a perfeição de Jesus é a nossa justiça diante de Deus. 


Ao lutar contra algum pecado, temos que nos lembrar de duas coisas. Primeiro, nossos pecados estão todos perdoados. E segundo, Deus nos aceita como justos porque Jesus foi perfeito em obediência à missão dada pelo Pai.


  1. Não vencemos pecados usando nossa força. Pelo contrário, é o Santo Espírito que nos concede poder sobre o pecado.


Repare o que diz Rm 8.13 “se viverdes segunda a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”


Por mais que sejamos fortalecidos, continuamos totalmente dependentes da ação do Santo Espírito. Essa dependência deve ser cultivada diariamente. 


Tenho aprendido isso. Ao iniciar o dia, o Espírito tem me levado a assumir minha dependência nele. Em oração, peço o seu santo poder contra qualquer pecado que, por ventura, venha contra mim. 


  1. Mesmo sendo dependentes do Espírito, ainda continuamos responsáveis na luta contra o pecado.

Somos dependentes do Espírito, mas a decisão de ter uma vida reta é nossa. Essa decisão deve ser diária. Agradar o Espírito é um compromisso firmado todos os dias.


Responsabilidade contra o pecado significa que se você cair, e tomara Deus que não caia, mas se cair, então a culpa não é do diabo e nem de outrem. 


  1. Identificar os pecados que mais combatem em seu coração

Identificar algum pecado depende do convencimento do Espírito. Por isso, aquela leitura das 25 perversidades deve ocorrer de forma humilde e em oração ao Espírito. 


Quando somos convencidos pelo Espírito sobre algum determinado pecado atuando contra nós, então ficamos com maior atenção contra os gatilhos que o disparam. As circunstâncias são identificadas e isso facilita para dar fim ao pecado. 



  1.  Aplicar versículos bíblicos específicos para cada pecado.

O salmista disse “guardei a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti” (119.11)

O humilde servo do Senhor deve se empenhar para memorizar versículos que combatem aqueles pecados que ele luta contra. Anotar esses versos e espalhar por onde o pecado atua também é útil. 


A memorização de um versículo, acompanhada de meditação e oração, vai romper no coração naquela hora da tentação. E será o escape. A provisão do Senhor em sua palavra.



  1. Orar sem cessar contra os pecados resistentes e insistentes 

A contínua oração vai ser fonte de força para o humilde servo do Senhor. Vai ser uma mensagem espiritual que a decisão foi realmente tomada. Vai ser a evidência da dependência ao Espírito e, ao mesmo tempo, o sinal que assumimos a nossa responsabilidade na luta contra o pecado.



  1. Confessar nossos pecados uns aos outros (Tg 5.16)


Alguns amigos meus conhecem bem a minha luta interna. Também conheço os combates deles. Compartilhar nossos embates traz um grande refrigério para o coração. Saímos do isolamento e das armadilhas do acusador. Afinal, a tentação é um mal mais comum do que imaginamos. 


Se queremos avançar nessa luta, precisamos orar uns pelos outros, levar as cargas uns dos outros, encorajar uns aos outros. A vitória é conjunta. É na união que o Senhor ordena a bênção. 



De forma resumida, quero listar os sete conselhos deste pobre pecador para que fique mais fácil de aplicar:

  1. Use o evangelho

  2. Dependa do Espírito Santo

  3. Reconheça sua responsabilidade

  4. Identifique aqueles pecados resistentes e insistentes

  5. Memorize e use versículos correspondentes

  6. Cultive a prática da oração

  7. Chame outros humildes servos do Senhor para estarem ao seu lado


Fecho esta mensagem com a primeira mensagem de João Batista: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus (Mt 3.2), e também com a primeira mensagem de Jesus Cristo: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus (Mt 4.17), que é também o primeiro apelo da ministração de Pedro em Pentecostes: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo (At 2.38). 


Que o Santo Espírito nos leve ao caminho do arrependimento. 

Deus nos abençoe.



Erisvaldo Pinheiro Lima

Ministração liberada em Agosto de 2021, na Igreja Santuário do Altíssimo.



Fonte de pesquisa:


Pecados Intocáveis, de JERRY BRIDGES


Comentário Bíblico Antigo e Novo Testamento Interpretado, de Russel N. Champlin


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