segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

3 palavras para Santa Ceia

 

Mateus 26.17-30


Meditaremos em 3 (três) palavras para santa ceia. São elas: substituição, transformação e separação. Vejamos cada uma:

SUBSTITUIÇÃO


Esse momento de ceia foi organizado no dia da páscoa. Êxodo 12 nos informa os detalhes da festa pascoal. O cordeiro era a refeição central, acrescida de pão e ervas amargosas.

E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. (Êxodo 12:8)
Mateus 26 redesenha essa cena com um toque de eternidade. Aquilo que era um sinal, um tipo, uma revelação, agora estava se cumprindo. O Cordeiro de Deus era, e é, a centralidade daquela última ceia. O pão ainda foi preservado, apenas as ervas amargas que foram substituídas pelo doce vinho. Cristo trocou, e ainda troca, o amargo pelo doce, aquilo que era ruim por algo mais agradável.

Vale notar que o pão, elemento que foi preservado da antiga ceia, ao ser ingerido, é apenas parcialmente digerido em nosso organismo. O vinho, por sua vez, é quase que instantaneamente digerido e absorvido para nossa corrente sanguínea.

O pão e vinho, como integrante da Santa Ceia do Senhor, nos traz então esta mensagem profunda. O pão é mantido da festa pascal, como alusão ao antigo pacto, o Velho Testamento, por não ser digerido totalmente em nosso organismo, aponta para a insuficiência da antiga aliança em restaurar a natureza humana caída ao Deus eternamente Santo.

Mas o amargo das ervas é trocado pelo vinho, que Jesus declara ser seu próprio sangue, o Novo Testamento do seu sangue. Uma substituição que a nós, pecadores, por si só já nos traz uma mensagem de esperança. Pois enquanto que na antiga aliança, o pecado causava a amargura no coração do homem que lhe se sujeitava, na nova aliança, o homem docemente é livre do domínio do pecado.

O vinho que é totalmente digerido pelo nosso organismo, Jesus declara "este é meu sangue". Logo, na Santa Ceia, ingerimos o sangue do Senhor, que rapidamente se digere, se misturando ao nosso próprio sangue, num momento em que nos tornamos um com Cristo. Pense nisso, o sangue do Perfeito, se misturando ao nosso sangue, imperfeito que somos. A cada Santa Ceia, o sangue do Senhor vai aumentando em nosso interior, assim, é como se a pessoa dEle fosse aumentando em nosso interior, enquanto que o nosso EU fosse diminuindo, Sua boa, perfeita e agradável vontade se fortalecendo e a nossa inconstante vontade cada vez mais ficando em estado de rendição.

TRANSFORMAÇÃO


Olhamos mais uma vez para o antigo pacto. Agora em Êxodo 24, temos os detalhes de rituais de sacrifício.

Quando Moisés entregou ao povo o Antigo Testamento, o sangue do touro foi derramado na promulgação da lei. Agora, ao promulgar o Novo Testamento, Jesus entrega seu próprio sangue. O touro simboliza força, que simboliza Cristo. A força de um homem não está em seu braço, em sua capacidade ou intelectualidade. A verdadeira força de um homem está na dependência e obediência a Cristo. Se Cristo é sua força, então você pode todas as coisas em Cristo que te fortalece.

Moisés derramou metade do sangue do touro no altar (antigo pacto), enquanto que a outra metade ele deixou numa bacia (novo pacto). Por isso que Jesus disse, segurando um cálice, "este é meu sangue". No antigo pacto, os presentes não poderiam ser dignos de beber do sacrifício, mas no novo pacto, o próprio Senhor compartilha o seu sangue. O homem passa de indigno a filho, pela participação no sangue do Filho de Deus. No Novo Testamento, o sacrifício feito por Jesus nos dá uma nova natureza capaz de obedecer a Deus, transformando-nos em filhos com liberdade de acesso ao Pai. Essa transformação exercida pela nossa fé, nos convida ao olhar interior para a transformação do coração e da mente.

Em Êx 12, Jesus é o cordeiro. Em Êx 24, Jesus é o touro. O coração de Cristo é simples e humilde como um cordeiro. Sua mente, no entanto, é forte como um touro. A segunda palavra da santa ceia nos convida à transformação interior. Que o Santo Espírito nos convença a imitar a Cristo, que nosso coração seja humilde e simples para servir, mas que nossa mente seja forte o suficiente para reinar!

Há uma linda mensagem velada na história da Bela e a Fera. Vivendo num castelo, a fera é cercada por objetos falantes que lhe servem. Com uma imagem assustadora, porém com um semblante triste, a vida da fera começa mudar quando se encontra com a bela. Penso que normal a fera se apaixonar pela bela, o inusitado é perceber que a bela também se apaixona pela fera. O convívio e, principalmente, a dança marcam a transformação da fera. Seu aspecto é transformado à imagem que tinha antes da maldição lançada. A bela o transforma. Essa mudança ocorre inclusive com os objetivos que serviam que passam a ser vistos como pessoas. Temos uma fera dentro de nós. Uma fera que nasceu com a maldição lançada no Éden. Essa fera muda o nosso aspecto e nos deixa com uma forma terrível que afeta até mesmo como vemos as coisas ao nosso redor. Nosso ego é tão grande que tudo é para nos servir. E ficamos monstruosamente feios e estranhamente tristes. Isso só muda quando Cristo surge na cena de nossa história. Cristo é como aquela bela. E nos apaixonamos por ele, o que é normal por ele ser muito belo. Surpreendentemente ele se apaixona por nós, mesmo nosso interior tendo um aspecto feio e triste pelo pecado. A fera que habita em nós vai sendo transformada pelo convívio com a beleza de Cristo. O aspecto interior é transformado. A visão é melhorada. Objetos de serviço passam a ser pessoas. E o aspecto adâmico inicial é restaurado e fera se torna como a bela.

Vale lembrar que essa transformação é um processo contínuo que cessa somente quando subirmos à glória de Deus Pai. Até aquele dia, haverá uma fera dentro de nós. Uma fera que vai querer nos controlar a qualquer custo. Uma fera que é amansada apenas com convívio diário com a beleza de Cristo. Eu percebo que essa fera ganha força quando minha dedicação à oração e meditação na palavra diminui. Percebo também que essa fera fica devidamente quieta quando minha vida de oração e meditação está em dias. É como se a cada oração e meditação, a dança com a beleza do Cristo Santo de Deus transformasse nosso interior grotesco e rude em interior nobre com toques de realeza do alto.

SEPARAÇÃO


Talvez essa seja a palavra mais difícil da santa ceia. A separação. A ceia do Senhor começa quando Judas se retira. Não houve ceia enquanto Judas estava na mesa. Havia traição em Judas. Havia morte em Judas. A ceia foi o momento de separação da igreja com Judas.

Em Êxodo 12, essa ruptura também foi mencionada. O povo de Deus tomou sua ceia em preparação para saída do Egito. Israel seria definitivamente removido do Egito. Até aquela ceia, Israel estava dentro do Egito. Mas aquela ceia marcava a morte dos primogênitos e a consequente separação entre Israel e Egito.

Em Mt 26, houve a ruptura entre a igreja e Judas. A ceia era tomada como se fosse a última noite da igreja na terra, e assim deve ser. A ceia fala da morte dos Judas primogênitos que tentam participar de nosso convívio. A ceia é a mensagem de deixar tudo aquilo que é traição para trás. A ceia é a mensagem urgente de que haverá morte eterna se formos contados como Egito. A ceia é uma separação com a falsidade. Judas comia do prato de Cristo só até aquela ceia. Depois da ceia, sua falsidade foi desmascarada. A ceia do Senhor começa quando tudo é revelado, nada fica escondido. Judas morreu na noite da morte dos primogênitos do Egito, pois o mundo é sua paixão e habitação. A igreja remanescente, contada naquela ceia com onze pessoas, tem sua paixão nas palavras do seu Cristo. Não tem para onde ir, pois somente seu Cristo possui as palavras de vida eterna. Ceia fala da morte do nosso velho “eu”, de decisão, de separação com tudo aquilo que pode nos levar à morte eterna. A ceia, portanto, fala de escolha entre a morte eterna, simbolizada por Judas e pelos primogênitos egípcios, e da vida eterna, apontada pelas palavras de Cristo que naquela mesma noite foi levado como ovelha muda ao matadouro, vencendo a morte ao terceiro dia. Ceia fala disso, a separação entre a morte e a vida, de Egito e Israel, de Judas e a igreja.

PENSE NISSO…


A santa ceia nos trás uma trilogia. São três palavras que devem estar escritas em nosso coração.

SUBSTITUIÇÃO: pois Cristo substituiu o elemento amargo pelo doce.

TRANSFORMAÇÃO: pois Cristo, com sua beleza, é capaz de transformar a fera que habita em nosso interior.

SEPARAÇÃO: pois Cristo ministra a santa ceia quando houve separação da igreja com Judas traidor.

Posso assegurar que Cristo pode substituir todos os elementos amargos da sua vida, por outros mais adocicados. Substitui o incompleto pelo perfeito. O antigo pelo novo. A causa da tristeza, por uma constante alegria. Cristo pode substituir incontáveis noites de insônia por prazerosas orações de madrugada. Cristo é quem muda a ansiedade por descanso. A substituição é feita por Cristo, para benefício de quem está na mesa. Os discípulos nada levaram para a mesa. Apenas se sente, permaneça na mesa e contemple o alimento novo que Cristo lhe oferece. É na mesa que se percebe as substituições que somente Ele é capaz de fazer.

Mas essa não é a mensagem completa. É preciso falar também de transformação. Precisamos reconhecer que o monstro do nosso interior somente é transformado pelo convívio com a beleza de Cristo. Pegando o pão, Cristo disse “esse é meu corpo”. Pegue a fera de dentro de você e diga “agora esse é o corpo de Cristo”. Cristo levantou o pão, então levante seus comportamentos de fera e proclame “isto agora é corpo de Cristo”. Se teus olhos te envergonham, se tuas mãos te escandalizam, se teus pés te levam à lugares profanos, pegue seu corpo agora mesmo e declare “isto é corpo de Cristo”! Cristo também tomou o cálice e disse “isto é meu sangue”. Tome em suas mãos a forma cheia de suas atitudes inadequadas e as transforme pelo sangue de Jesus! Transformação é uma questão de atitude e disciplina em obedecer e conviver com o Cristo Santo.

Ainda é necessário falar de separação. Ou andamos com pessoas que fortalecem nossa unção, ou com pessoas que despertam nossa carne. Ou nosso convívio é com pessoas que seguem as palavras de vida, ou com outros cujo caminho é o da morte. Com traidores ou com edificadores. Separação é questão de decisão. Separe-se do Egito e caminhe rumo a uma nova terra e um novo céu. Separe-se do Egito e caminhe no caminho trilhado por Cristo. O caminho de Cristo começa simples como uma manjedoura, mas termina glorioso à destra de Deus Pai. Decida-se pelo caminho de Cristo, que é marcado por perseguições e aflições, mas ainda assim é encontrado na Casa do Pai. O caminho é apertado, mas faz um pescador de peixes virar um pescador de homens. Permaneça no caminho e que seja substituído toda religiosidade farisaica por um rio cujas águas jorram para a vida eterna. Separe-se do mundo, ainda que seja necessário carregar uma pesada cruz. Digo-lhe que vale a pena, pois ao terceiro dia a morte e o inferno já foram vencidos pelo Cristo ressurreto. Separe-se daquilo que te leva à morte e receba a vida do Primogênito de Deus. Separe-se da roda dos traidores e escolha ficar na mesa dos discipuladores. Assim como houve uma separação de Israel com o Egito, que haja uma clara separação entre você e o mundo.


Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada no Culto de Santa Ceia, em 07 de Fevereiro de 2021.
Igreja Santuário do Altíssimo
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