segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Progredir cada vez mais

 




(Em oração, leia 1Ts 4.1-12)


Paulo já havia elogiado a igreja dos tessalonicenses (1.7). A fé e dedicação deles eram dignas de serem qualificadas como exemplo para toda a região da Ásia. O apóstolo ainda pretendia vê-los, mas vinha enfrentando forças adversárias que o impedia de ir até lá (2.18).


Agora, nesse trecho da carta, Paulo vai tratar de três pontos que ainda precisavam ser melhorados em Tessalônica. Por mais exemplar que fosse, aqueles irmãos tinham áreas que precisavam ser tratadas. O reconhecimento e o tratamento dos pontos negativos são importantíssimos na caminhada com Cristo. Aqui isso é descrito como CONTINUEIS A PROGREDIR CADA VEZ MAIS. 


Precisamos reconhecer nossos pontos fortes, desenvolvê-los para o pleno serviço a Cristo. Ao mesmo tempo, é necessário uma constante análise interior, com a ajuda do Espírito, para descobrirmos aqueles pontos negativos que precisam ser minimizados. Otimizar nossas potencialidades e minimizar nossas fraquezas.


Esse mergulho interior é interessante e necessário para o amadurecimento.


Paulo faz em 1Ts 4 o que todo pai ou pastor deve fazer. Valorizar os acertos, sem fechar os olhos para as falhas. Melhorando os acertos e trabalhando as falhas temos então o que o apóstolo chamou de PROGREDIR CADA VEZ MAIS.


Já vi cristãos usarem o temperamento ou sua naturalidade como desculpas para camuflarem erros constantes. 


E mesmo falando em temperamentos, podemos aplicar esse princípio paulino de PROGREDIR CADA VEZ MAIS, veja:


A psicóloga Lizandra Arita explica sobre os 4 temperamentos:


  • Sanguínos. 

São pessoas comunicativas e que possuem bom humor. 

Pontos fortes: Simpatia e facilidade de fazer novas amizades.

Pontos negativos: São impulsivos. Falta de atenção. Exageradas.

  • Fleumáticos.

São pessoas pacíficas, “fáceis de lidar”. Gostam da rotina e do silêncio.

Pontos fortes: Equilibradas e confiáveis.

Pontos negativos: Lentidão, indecisão, resistência a mudanças.

  • Coléricos

São pessoas explosivas, ambiciosas e dominadoras. São muito confiantes e não se abatem facilmente.

Pontos fortes: Determinação, liderança, praticidade.

Pontos negativos: egocentrismo, intolerância, impaciência.

  • Melancólicos

Pessoas sensíveis. Que não expõem seus sentimentos. Detalhistas, fiéis e desconfiados.

Pontos fortes: lealdade, dedicação e sensibilidade.

Pontos fracos: egoísmo, pessimismo, inflexibilidade.


O grande escritor de Inteligência Emocional, Daniel Goleman, explica que, embora existam pontos que determinam o temperamento, muitos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser modificados.


Então, temperamento não é destino, não é desculpa. 


Escorar na bengala da falsa desculpa de que “pau que nasce torto até suas cinzas são tortas” é a mesma coisa que desqualificar o poder de mudança que o Santo Espírito é capaz de produzir. 


Paulo era um judeu zeloso e perseguidor de cristãos e se tornou um cristão zeloso e perseguido pelos judeus. 

Pedro era impulsivo e falastrão e se tornou um líder e autêntico pescador de almas.

João era ambicioso e vingativo e se tornou atencioso e gentil.


A santificação ocorre quando há aperfeiçoamento, progresso interior, melhoria interna. Santificação é quando cooperamos com o trabalho do Espírito dentro de nós que nos leva a PROGREDIR CADA VEZ MAIS.


Visando a santificação, Paulo destaca três áreas que precisam de melhoria nos irmãos tessalonicenses. Questões de imoralidade, de caridade fraternal e de trabalho. Vamos meditar em cada uma delas, mas antes, vamos falar mais um pouco mais sobre santificação.


  • Santificação


Nossa fé precisa ser prática, de forma que aquilo que professamos seja visível em nossas atitudes e reações. Principalmente nessa segunda, pois ocorre de forma inesperada. 


Atitudes falam de como nos comportamos nas ocasiões normais do dia-a-dia.

Reações, de como nos comportamos quando ocorrem ocasiões inesperadas, quando coisas saem do controle.


Não apenas andar no caminho, mas precisamos aprimorar o andar no caminho. Se bem que, duvido eu, que quem não se aprimore esteja de fato no caminho. Jesus disse: eu sou o caminho a verdade e a vida. Vejo uma sequência nessa declaração. O andar no caminho nos leva ao encontro com certas verdades que nos confrontam e nos transformam e esse processo nos leva à vida de Cristo.


Falar de santificação é falar de valores em que o humilde servo do Senhor deve corresponder à vontade de Deus e não do próprio “eu”. Hoje eu comecei o dia orando assim: “ Senhor, te amo tanto que eu queria muito acertar mais para ti e errar menos contra ti, muito obrigado pela sua preciosa graça”.


Santificação vem do grego “agiasmos” e significa consagração e separação. 


Santificação então é estar consagrado com O Sagrado. Envolve tempo, contemplação, dedicação, meditação, oração, adoração, introspecção. 


Santificação é a separação da pessoa para Deus e para o serviço a Deus. Veja o que diz esses versículos:


Sabei, pois, que o Senhor separou para si aquele que é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a ele (Salmos 4:3)


Portanto, "saiam do meio deles e separem-se", diz o Senhor. "Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei" (2 Coríntios 6:17)


No primeiro verso, é o Senhor que separa a pessoa. No segundo, é a pessoa que atende à ordem do Senhor e se separa de certos meios. Santificação então ocorre quando Deus age e encontra correspondência no interior do homem.


Para avançarmos no Reino de Deus precisamos nos separarmos de várias coisas. Não apenas do pecado, embora isso seja primordial. Mas também de outras coisas menores. Eu tive que diminuir muito meu tempo de entretenimento pessoal para melhor me dedicar ao secreto com o Senhor. Não pense que isso seja um fardo que pese. Pelo contrário, o próprio Deus imputa alguns sonhos dentro de nós. E a renúncia com a busca no secreto  nos dá a sensação de que estamos na direção da realização desses sonhos. E isso é muito prazeroso. 


Verdade é que, sem santidade, ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). Mas faz-se necessário esclarecer que, aqui nesse mundo, não haverá uma santificação plena, pois “se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.” (1 João 1:8)  


Vamos, então, aos três pontos que Paulo exortou os irmãos tessalonicenses para santificação:


  • Sobre questões de imoralidade


A exortação é que “abstenhais da prostituição”. 


A palavra prostituição aqui significa qualquer ato de imoralidade sexual. 


Abstenhais vem do grego “apecho” e significa “distanciar-se de” e “manter-se afastado”. 


Isso nos ensina que, em se tratando de questões que envolvem imoralidade sexual, devemos nos distanciar das circunstâncias que são gatilhos e, ainda, nos manter distantes e afastados. Ou seja, se chegarmos perto, caímos.


A cultura da região dos tessalonicenses no primeiro século envolvia muito dessas questões de imoralidade. Eram tidas como questões inevitáveis e naturais. Eram tidas como hábitos normais. Em Corinto, por exemplo, que não estava distante dali, havia pelo menos 1000 sacerdotisas sexuais que serviam no templo pagão. Os lucros dessa prática de culto eram usados para manutenção do próprio templo e dos sacerdotes. 


A pregação de Paulo aponta para um ideal cristão de valores e princípios. Esses princípios são inalteráveis. Mudamos formas de abordagem, não o conteúdo. Construímos novos andares, mas o fundamento é o mesmo dos apóstolos, conforme Efésios 2.20 que diz “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular desse alicerce”.


Nesse ideal cristão, afirmamos e reiteramos que devemos nos abster da fornicação e do adultério. Fornicação é o sexo antes do casamento e adultério é o sexo fora do casamento. Minha oração é que os solteiros digam “eu vou esperar em Deus” e que os casados digam “eu vou honrar aquele que Deus me deu”.


O ideal cristão defende a monogamia, conforme 1 Tm 3.12 que diz “os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas”.


As religiões pagãs do tempo dos tessalonicenses, como os devotos de Afrodite, não apenas permitiam, mas também incentivavam a imoralidade sexual.


Por isso, Paulo teve que abordar esse assunto quando escreveu aos irmãos tessalonicenses, coríntios e romanos. 


Fato é que o casamento é uma bênção que nos foi dado como um presente do próprio Deus. Verdade é que o sexo é a saúde do matrimônio, por isso, não pode ser manchado pelo pecado.


Ou dominamos nossos impulsos ou somos dominados por eles.


Vale lembrar que quem não controla seus instintos carnais não herdarão o reino dos céus, pois 1 Co 6.9-10 diz “não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?

Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.”


No texto de 1 Ts 4, o termo vaso significa esposa. Assim, o casamento é o grande escape para se abster das questões de imoralidade. Tão logo o texto nos instrui a se abster da prostituição, nos leva à orientação de que devemos saber possuir nossa esposa. Sendo necessário vê-la como vaso em santificação e honra. 


E assim, temos o equilíbrio. Possuir nos remete ao instinto do homem. A palavra do Senhor orienta a direcionar toda essa energia masculina para a esposa. Ao mesmo tempo em que a esposa deve ser honrada como um vaso santo. Eis uma grande chave para o homem e para a mulher, tendo o casamento como uma verdadeira ferramenta de santificação.


Quando o texto diz “que cada um de vós saiba possuir seu vaso”, o verbo saber indica algo que é aprendido, ensinado. Precisamos aprender a honrar cada vez mais nosso casamento. E podemos aprender isso na própria palavra do Senhor e também com algumas ferramentas, como o curso Casados Para Sempre, que iniciaremos daqui algumas semanas. 


Quero, ainda, destacar o que diz o fim do versículo cinco, que diz que os gentios não conhecem a Deus. Esses de quem o apóstolo fala, viviam na prática da imoralidade porque não conheciam a Deus. Ao passo que conheceram a Deus, espera-se mudança nessa área. Conhecer a Deus implica abandono à imoralidade e não retorno a tais práticas. Parece que alguns tessalonicenses ainda estavam ainda presos a essas questões.


O versículo seis ainda está dentro desse assunto. Oprimir e enganar um irmão nesse assunto, é tornar o Senhor como vingador destas coisas. 


Verdade é que se estamos andando com Deus, não podemos olhar no retrovisor do nosso passado pecaminoso. É o Senhor, nosso condutor. Devemos descansar nele e… curtir a viagem. Somente descansando no nosso gracioso Senhor é que poderemos PROGREDIR CADA VEZ MAIS.



  • Sobre questões com o próximo


Na centralidade dos três pontos abordados por Paulo está o amor ao próximo. Amando verdadeiramente nosso próximo estaremos isentos de cair nas questões de imoralidade e também estaremos instruídos sobre questões do trabalho.


No versículo nove, Paulo diz que sobre a caridade fraternal, o próprio Deus é quem nos instrui. Estar cheio do Espírito, implica necessariamente ser cheio de amor ao próximo. Deus nos ensina porque não é algo tão simples na prática. Não é algo que se aprende de berço. 


Amar o próximo é uma parte fundamental na santificação. A palavra aqui volta a nos exorta a PROGREDIR CADA VEZ MAIS. 


Estar mais com Deus e ser nutrido com seu amor. Sentir seu afeto preenchendo todo o nosso ser ao ponto de fluir para as pessoas. 


Deus nos prova para que esse fluir de fato ocorra. 


Quero compartilhar uma experiência. Na oração de quinta-feira, eu orava para que o Santo Espírito nos desse estratégias e ferramentas para servirmos nossa comunidade local. E no meio da oração sua doce voz começou a fluir dentro de mim, dizendo que já temos essas estratégias e ferramentas. 


O projeto Esperança, que oferece aulas de futebol para crianças carentes, é uma estratégia. 

O projeto do Ballet, que oferece aulas de ballet para crianças carentes, é uma estratégia. 

As pessoas envolvidas na realização desses projetos são as ferramentas que Deus já nos deu para servir nossa comunidade local. 



  • Questões sobre o trabalho


Parece que em Tessalônica havia um grupo de pessoas que não eram dadas ao trabalho. Viviam ociosas e espalhando qualquer notícias nas praças. 

O versículo onze aponta para um único grupo de pessoas. Eram pessoas que viviam de doações da igreja. Usavam a volta de Cristo como desculpa para não trabalhar. 


Parece, num primeiro momento, ser um assunto não tão importante. Porém, vemos na 2º carta que o problema não foi resolvido (2 Ts 3.6-15). 


Na segunda carta, com mais severidade, Paulo os chama de “desordenados”. Que não eram para os irmãos os terem por inimigos, mas também não eram mais para estar perto deles. Que seriam cortados da lista de doações. A regra dita é que quem não quisesse trabalhar, também não deveria comer.


Vejo um pai corrigindo um filho nesses dois trechos!


Sobre uma vida ociosa, assim escreveu Benjamin Franklin, o pai fundador da nação americana, que era servo do Senhor: “a preguiça anda tão devagar que a pobreza não demora a alcançar o preguiçoso”.


Sobre o trabalho, a palavra nos diz que devemos trabalhar como que ao Senhor (Cl 3.23)


A exortação central é que devemos progredir cada vez mais. 


E por falar nisso, em que você pode progredir cada vez mais no seu trabalho?

   


Erisvaldo Pinheiro Lima
Ministrado em setembro de 2021
Igreja Santuário do Altíssimo

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Batalha espiritual: o plano do adversário e a volta por cima dos filhos de Deus

 



Temos um adversário atuando contra nós. Até que se tornem reais, nossos sonhos e projetos passam por uma batalha contra forças adversárias. Parece que, à medida que avançamos no serviço do Senhor, enfrentamos embates e intensas adversidades. Por isso, pretendemos meditar em alguns textos bíblicos que muito nos explicam sobre a atuação dessas forças que se opõem contra nós. 


Na última parte da mensagem, queremos ainda mostrar um exemplo claro de como esse embate espiritual ocorreu nos dias da Rainha Ester, comparando com os nossos dias.


1 Tessalonicenses 2.18 “Pelo que bem quisemos , uma e outra vez, ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu.”


Vemos claramente neste texto o quanto satanás pode impedir planos dos humildes servos do Senhor. Pelo menos duas vezes, Paulo e sua comitiva tentaram ir até os irmãos tessalonicenses, porém, foram impedidos. Se o nosso adversário impediu alguns planos de Paulo, não devemos pensar que estaremos isentos de situações semelhantes.


Neste texto, a ação impeditiva condiz exatamente com a definição de seu significado. Satanás significa “adversário”. Paulo e sua comitiva tiveram algum obstáculo que foi promovido pelo adversário. Planos em favor da igreja são alvos do adversário. 


Analisando os nomes usados no lugar de satanás, percebemos algumas de suas estratégias. Veja:


  • Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês (Tiago 4:7)

O termo diabo significa acusador ou caluniador. Aqui, a palavra nos adverte a resistir as acusações e calúnias promovidas pelo diabo, e somente assim, ele fugirá da nossa presença. Lembrando que essa resistência só é possível quando nossa vontade for submetida à vontade do Senhor.


A seguir, outro nome que, inclusive, foi usado na blasfêmia contra nosso Senhor:


  • Mas quando os fariseus ouviram isso, disseram: "É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa demônios". 

Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: "Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá. Se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, então, subsistirá seu reino? 

E se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês? Por isso, eles mesmos serão juízes sobre vocês. 

Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus. 

"Ou como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar a casa dele. (Mateus 12:24-29)

Aqui vemos que nosso adversário é o príncipe dos demônios. Ele exerce liderança sobre os anjos caídos. Possui um principado. É chefe de um vasto grupo.


Alguns comentaristas bíblicos nos ensinam que o termo Belzebu é uma forma abreviada de Baal-Zebube, e significa senhor das moscas. Vejamos sua equivalência em (2 Reis 1:16)


  • E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Por que enviaste mensageiros a consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom? Porventura é porque não há Deus em Israel, para consultar a sua palavra? Portanto desta cama, a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás.


Se assim for, então se entende que uma “consulta espiritual” feita a qualquer forma de divindade que não seja o Deus de Israel é vista como algo que atraia moscas. Algo nojento mesmo. O Deus de Israel dispõe de sua palavra para consulta. Não podemos colocar substitutos de consultas espirituais que não seja a palavra do Senhor. Temos a palavra, e isso basta!


O primeiro nome:


  • Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! (Isaías 14:12)

Seu nome inicial significa estrela do dia, filho da manhã. Isso fala do domínio que ele exerce nesse mundo, através de intermediários.


  • E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. (Apocalipse 12:3)

Seu nome aqui nos mostra sua malignidade, intenção de destruição e capacidade de envenenar. 


  • E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. (Apocalipse 12:9)

Os termos que definem nosso adversário são listados aqui. A antiga serpente nos lembra aquela que estava presente no Éden, que enganou Eva e continua enganando todo mundo. 


Em todas essas referências, percebemos que se trata de um ser real, vivo e atuante no mundo e no percurso da história. Não é apenas um símbolo do mal. Trata-se do próprio mal, em pessoa. 


  • Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.

Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. (Ezequiel 28:12-15)


Possuía uma alta posição. Foi criado perfeito em beleza. Essa perfeição refletia em seus caminhos. Era um querubim ungido e andava no meio das brasas vivas do altar do Senhor. Sons de flautas e de tambores foram criados para ele. Até que em seu interior foi encontrado iniquidade.


Inflado de orgulho, teceu um plano audacioso de se exaltar acima do próprio Deus: 


Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.

Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. (Isaías 14:12-14)


Aprendemos, então, que os anjos possuíam o poder de decisão (o livre arbítrio). De modo que nenhum era forçado a servir a Deus. Movidos por amor e pela razão, possuíam a livre escolha de servir ao Senhor.


O plano do nosso adversário era a derrubada de Deus. Foi a primeira revolta da história do universo. Ele usurpou a posição do Senhor.


No texto de Ap 12.4, vemos que ⅓ dos anjos seguiram sua influência e se submeteram ao seu plano. Seus argumentos parecem ser altamente convincentes. É provável que tenha dito que o reino de Deus não seria tão bom e justo. É provável que teria argumentado que ninguém poderia escolher livremente a Deus. O cenário celeste de Jó mostra isso. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. Essa é sua tese. Quem serve a Deus o serve por interesse. Parece que o seu plano tem se estendido sobre a terra, fazendo o primeiro casal a também se rebelar contra Deus. Olhando para a história bíblica, vemos que esse plano ainda está em ação. Embora o livro de Apocalipse seja claro em declarar a derrota do mal, parece que o adversário segue seu plano acreditando ser possível destronar Deus e usurpar sua posição.


Na mitologia grega, Zeus (o deus dos deuses) usou um raio para aplacar a rebelião que teria acontecido nos céus contra ele. Nosso Deus não agiu assim. Embora sendo infinito em poder, não usa de seu poderio para aplacar a rebelião de Lúcifer.


Podemos perguntar o porquê disso. Por que Deus não esmagou Lúcifer ainda no céu, ainda no início de sua revolta, ao invés de jogá-lo na terra?


A criação do homem pode ser uma resposta para isso. A história humana é uma resposta divina para mostrar o fracasso do plano do diabo. Preciso enfatizar isso. Mesmo sofrendo pressões do adversário, há seres criados que escolhem obedecer a Deus. Precisamos entender que estamos no centro do plano de Deus arquitetado contra a tese do diabo. É sim possível que pessoas escolham a Deus de forma voluntária, sem interesse, apenas movidos por amor e razão. Você é a prova disso! Amém! 


Essa nova classe de seres, o homem, é a obra prima de Deus. 


A rebelião do mal provocou reações nos céus e estendeu a maldade na terra. Deus não promoveu a dor, a fome, a morte sobre a terra. Tudo isso são consequências da própria maldade que se iniciou com Lúcifer e continua em pessoas que são enganadas por ele.


Estamos diretamente no palco dessa cena épica. A história humana é o enredo escrito por Deus que narra a salvação através de seu Filho. Essa grande história, a maior de todas já contadas, mostra que o Filho de Deus age de forma completamente oposta às ações do usurpador Lúcifer. Veja:


  • Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,

Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;

E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.

Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;

Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,

E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2:6-11)


Após a rebelião do adversário, Deus criou uma nova ordem de seres, destinados a serem filhos de Deus, mesmo tendo nascido do pecado da rebelião. Seres transformados à imagem de Deus, qualificação nunca dada aos anjos. 


A sábia, profunda e inexplicável resposta divina é que esses novos seres foram criados um pouco menor que os anjos (Sl 8.5), mas o destino deles é se tornar mais exaltados que os anjos: 


  • Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;

E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,

Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus,

Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;

E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja,

Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos. (Efésios 1:18-23)



A obra de obediência que Cristo ofereceu no Calvário limitou o poder do adversário. A cédula que ele tinha em mãos para nos acusar foi cravada na cruz. O adversário foi exposto publicamente e Cristo triunfou sobre ele (Colossenses 2.14-15)


Porém, vemos em Ap 12.10 que ele ainda tem acesso às regiões celestiais, sendo acusador de nossos irmãos. Sua atuação, baseada sempre na mentira e maldade, continua apontando contra a vida daqueles que escolhem Cristo.


Em João 8.44 temos o versículo que mais detalha a natureza da pessoa do adversário da igreja. Vejamos o texto e cinco desses detalhes:


Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. (João 8:44)


  1. O diabo é uma pessoa real, e não um mero símbolo do mal.

  2. Ele promoveu a queda dos anjos e do homem também.

  3. O poder de decisão dado por Deus foi o que tornou possível a entrada da maldade na história.

  4. Ele continua com seu plano de ação sobre os homens. Tornou-se capaz de destruir vidas, famílias e ministérios. Jesus Cristo é, porém, especialista em salvar vidas, famílias e ministérios.

  5. O diabo é o pai espiritual daqueles que ainda não se tornaram filhos de Deus. E não desiste facilmente da vida daqueles que estão sob sua influência.



E o que os filhos de Deus podem fazer diante desse cenário?


Por mais caótico que os dias que vivemos possam parecer, precisamos ter a visão bíblica dos fatos. Se a palavra diz que Cristo triunfou sobre nosso adversário, essa visão precisa estar ativada em nosso interior. 


O livro de Ester é muito apropriado para termos a visão divina de nossos dias. Lá podemos ver os momentos caóticos e também o quanto sutilmente a história muda em favor do povo de Deus. 


Ali, no livro de Ester, o povo de Deus estava vivendo opressões numa terra distante.

Aqui, nos dias de hoje, o povo de Deus vive perseguições e também estão longe de casa, conforme Filipenses 3:20, que diz “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.


Ali, a rainha Vastir não aceitou ser colocada ao lado do seu rei e, por isso, Ester foi escolhida rainha em seu lugar.

Aqui, Israel não aceitou seu Rei e Salvador, e por isso, a igreja foi colocada em seu lugar.


Ali, o rei Assuero exercia senhorio em 127 províncias, desde a Índia até a Etiópia.

Aqui, nosso Rei Jesus está acima de todo governo e autoridade, poder e domínio (Ef 1.20-21). Seu domínio se estende de geração em geração (Sl 145.13). Enfatizo, o domínio de Cristo vai se estender até a geração depois da minha. Seu domínio vai se estender até nossos filhos e sobre os filhos de nossos filhos. Amém!


Ali, o ministro oficial do rei, chamado de Hamã, alimentava um ódio contra Mardoqueu e contra todos os judeus.

Aqui, o ex Lúcifer da manhã, chamado de diabo, alimenta um ódio pessoal contra os humildes servos do Senhor, que se estende contra seus negócios, projetos, sonhos e família.


Ali, o plano arquitetado por Hamã para assassinar o rei e usurpar seu trono foi descoberto por Mardoqueu.

Aqui, o plano arquitetado pelo diabo para usurpar o trono de Deus foi revelado pelo Espírito do Senhor, que inspirou homens como João em Patmos para registrarem detalhes desse plano.


Ali, Hamã persuadiu o rei a promulgar um decreto para exterminar os judeus no dia 13 do mês de Adar.

Aqui, o inimigo também usa de engano para persuadir pessoas a acreditarem  que seus dias estão contados.


Ali, Mardoqueu moveu a rainha Ester para interceder junto ao rei em favor dos judeus.

Aqui, o Espírito Santo move a igreja para interceder junto ao nosso Rei Jesus em favor dos povos, tribos, línguas e nações. 


Ali, Ester arriscou sua vida ao entrar diante do rei sem ter sido convocada.

Aqui, o acesso ao trono da graça de Deus é assegurada por um novo e vivo caminho que Jesus nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo (Hb10.20).


Ali, Ester conquistou o favor do rei.

Aqui, a igreja se posiciona em humildade e total dependência para conquistar o favor do Rei dos reis. É necessário entender que, por vezes, não podemos fazer nada contra os Hamãs que se levantam contra nós. Por isso, precisamos realmente nos posicionar diante do Rei e lançar sobre ele nossas dores e nossas causas.


Ali, Ester denunciou ao rei o plano contra seu povo.

Aqui, a igreja se prostra diante do seu grande Rei para denunciar os planos projetados contra seu povo. 


Ali, Hamã é executado na mesma forca que preparou contra Mardoqueu.

Aqui, o inimigo de sua alma será exterminado no mesmo plano traçado contra ti, conforme Isaías 54.17, que diz “Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de mim procede, diz o Senhor.”


Ali, um segundo decreto foi assinado pelo anel do rei que foi posto nas mãos de Ester e isso possibilitou o povo judeu triunfar contras seus inimigos.

Aqui, a igreja do Senhor Jesus possui uma aliança que precisa ser usada para triunfar sobre seus inimigos.


O primeiro decreto datava o dia da morte. O segundo, porém, permitia o povo de Deus a se armar e lutar contra seus inimigos.  Colossenses 2.14 nos diz que Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. Sim, a palavra nos ensina que uma nova sentença foi escrita sobre ti. Não aquela que foi redigida no inferno, que colocava uma data final para sua família, seu negócio, seu casamento ou para você mesmo. Sua nova sentença foi redigida nos céus e assinada no calvário, te fornecendo esperança e força para você lutar e prevalecer contra seus adversários. Amém!


Ali, o rei Assuero deu a casa de Hamã para a rainha Ester e Mardoqueu.

Aqui, acredite nisso, o Rei dos reis passará para você territórios antes pertencentes ao inimigo. Amém!


Ali, Mardoqueu foi honrado com uma veste azul celeste e branca, com uma coroa de ouro e uma capa de linho fino, fazendo toda cidade de Suzã se exaltar e se elegrar.

Aqui, o Espírito do Senhor será finalmente honrado, suas vestes de santidade serão visíveis nos santos do Senhor, sua coroa de justiça vai coroar a igreja e sua capa de linho fino vai estampar a o ministério que exalta o Cristo de Deus.


Ali, através da honra dada a Mardoqueu, os judeus foram cheios de luz, de alegria, e gozo e honra.

Aqui, através do derramamento do Espírito do Senhor, as nações finalmente conhecerão a autêntica luz de Deus, a alegria e gozo como fruto do Espírito, e a honra será restituída em toda terra.


Ali, a narrativa do livro de Ester se encerra descrevendo que Mardoqueu procurava o bem do seu povo e trabalhava pela prosperidade de sua nação.

Aqui, na medida que vai se aproximando os últimos dias da igreja na terra, cada vez mais o Espírito do Senhor vai procurar fazer o bem em favor do povo de Deus, e trabalhar para fazer prosperar a nação cujo Deus é o Senhor. Amém!



Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada em Agosto de 2021
Igreja Santuário do Altíssimo
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