segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Batalha espiritual: o plano do adversário e a volta por cima dos filhos de Deus

 



Temos um adversário atuando contra nós. Até que se tornem reais, nossos sonhos e projetos passam por uma batalha contra forças adversárias. Parece que, à medida que avançamos no serviço do Senhor, enfrentamos embates e intensas adversidades. Por isso, pretendemos meditar em alguns textos bíblicos que muito nos explicam sobre a atuação dessas forças que se opõem contra nós. 


Na última parte da mensagem, queremos ainda mostrar um exemplo claro de como esse embate espiritual ocorreu nos dias da Rainha Ester, comparando com os nossos dias.


1 Tessalonicenses 2.18 “Pelo que bem quisemos , uma e outra vez, ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu.”


Vemos claramente neste texto o quanto satanás pode impedir planos dos humildes servos do Senhor. Pelo menos duas vezes, Paulo e sua comitiva tentaram ir até os irmãos tessalonicenses, porém, foram impedidos. Se o nosso adversário impediu alguns planos de Paulo, não devemos pensar que estaremos isentos de situações semelhantes.


Neste texto, a ação impeditiva condiz exatamente com a definição de seu significado. Satanás significa “adversário”. Paulo e sua comitiva tiveram algum obstáculo que foi promovido pelo adversário. Planos em favor da igreja são alvos do adversário. 


Analisando os nomes usados no lugar de satanás, percebemos algumas de suas estratégias. Veja:


  • Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês (Tiago 4:7)

O termo diabo significa acusador ou caluniador. Aqui, a palavra nos adverte a resistir as acusações e calúnias promovidas pelo diabo, e somente assim, ele fugirá da nossa presença. Lembrando que essa resistência só é possível quando nossa vontade for submetida à vontade do Senhor.


A seguir, outro nome que, inclusive, foi usado na blasfêmia contra nosso Senhor:


  • Mas quando os fariseus ouviram isso, disseram: "É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa demônios". 

Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: "Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá. Se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, então, subsistirá seu reino? 

E se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês? Por isso, eles mesmos serão juízes sobre vocês. 

Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus. 

"Ou como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar a casa dele. (Mateus 12:24-29)

Aqui vemos que nosso adversário é o príncipe dos demônios. Ele exerce liderança sobre os anjos caídos. Possui um principado. É chefe de um vasto grupo.


Alguns comentaristas bíblicos nos ensinam que o termo Belzebu é uma forma abreviada de Baal-Zebube, e significa senhor das moscas. Vejamos sua equivalência em (2 Reis 1:16)


  • E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Por que enviaste mensageiros a consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom? Porventura é porque não há Deus em Israel, para consultar a sua palavra? Portanto desta cama, a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás.


Se assim for, então se entende que uma “consulta espiritual” feita a qualquer forma de divindade que não seja o Deus de Israel é vista como algo que atraia moscas. Algo nojento mesmo. O Deus de Israel dispõe de sua palavra para consulta. Não podemos colocar substitutos de consultas espirituais que não seja a palavra do Senhor. Temos a palavra, e isso basta!


O primeiro nome:


  • Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! (Isaías 14:12)

Seu nome inicial significa estrela do dia, filho da manhã. Isso fala do domínio que ele exerce nesse mundo, através de intermediários.


  • E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. (Apocalipse 12:3)

Seu nome aqui nos mostra sua malignidade, intenção de destruição e capacidade de envenenar. 


  • E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. (Apocalipse 12:9)

Os termos que definem nosso adversário são listados aqui. A antiga serpente nos lembra aquela que estava presente no Éden, que enganou Eva e continua enganando todo mundo. 


Em todas essas referências, percebemos que se trata de um ser real, vivo e atuante no mundo e no percurso da história. Não é apenas um símbolo do mal. Trata-se do próprio mal, em pessoa. 


  • Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.

Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. (Ezequiel 28:12-15)


Possuía uma alta posição. Foi criado perfeito em beleza. Essa perfeição refletia em seus caminhos. Era um querubim ungido e andava no meio das brasas vivas do altar do Senhor. Sons de flautas e de tambores foram criados para ele. Até que em seu interior foi encontrado iniquidade.


Inflado de orgulho, teceu um plano audacioso de se exaltar acima do próprio Deus: 


Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!

E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.

Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. (Isaías 14:12-14)


Aprendemos, então, que os anjos possuíam o poder de decisão (o livre arbítrio). De modo que nenhum era forçado a servir a Deus. Movidos por amor e pela razão, possuíam a livre escolha de servir ao Senhor.


O plano do nosso adversário era a derrubada de Deus. Foi a primeira revolta da história do universo. Ele usurpou a posição do Senhor.


No texto de Ap 12.4, vemos que ⅓ dos anjos seguiram sua influência e se submeteram ao seu plano. Seus argumentos parecem ser altamente convincentes. É provável que tenha dito que o reino de Deus não seria tão bom e justo. É provável que teria argumentado que ninguém poderia escolher livremente a Deus. O cenário celeste de Jó mostra isso. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. Essa é sua tese. Quem serve a Deus o serve por interesse. Parece que o seu plano tem se estendido sobre a terra, fazendo o primeiro casal a também se rebelar contra Deus. Olhando para a história bíblica, vemos que esse plano ainda está em ação. Embora o livro de Apocalipse seja claro em declarar a derrota do mal, parece que o adversário segue seu plano acreditando ser possível destronar Deus e usurpar sua posição.


Na mitologia grega, Zeus (o deus dos deuses) usou um raio para aplacar a rebelião que teria acontecido nos céus contra ele. Nosso Deus não agiu assim. Embora sendo infinito em poder, não usa de seu poderio para aplacar a rebelião de Lúcifer.


Podemos perguntar o porquê disso. Por que Deus não esmagou Lúcifer ainda no céu, ainda no início de sua revolta, ao invés de jogá-lo na terra?


A criação do homem pode ser uma resposta para isso. A história humana é uma resposta divina para mostrar o fracasso do plano do diabo. Preciso enfatizar isso. Mesmo sofrendo pressões do adversário, há seres criados que escolhem obedecer a Deus. Precisamos entender que estamos no centro do plano de Deus arquitetado contra a tese do diabo. É sim possível que pessoas escolham a Deus de forma voluntária, sem interesse, apenas movidos por amor e razão. Você é a prova disso! Amém! 


Essa nova classe de seres, o homem, é a obra prima de Deus. 


A rebelião do mal provocou reações nos céus e estendeu a maldade na terra. Deus não promoveu a dor, a fome, a morte sobre a terra. Tudo isso são consequências da própria maldade que se iniciou com Lúcifer e continua em pessoas que são enganadas por ele.


Estamos diretamente no palco dessa cena épica. A história humana é o enredo escrito por Deus que narra a salvação através de seu Filho. Essa grande história, a maior de todas já contadas, mostra que o Filho de Deus age de forma completamente oposta às ações do usurpador Lúcifer. Veja:


  • Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,

Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;

E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.

Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;

Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,

E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2:6-11)


Após a rebelião do adversário, Deus criou uma nova ordem de seres, destinados a serem filhos de Deus, mesmo tendo nascido do pecado da rebelião. Seres transformados à imagem de Deus, qualificação nunca dada aos anjos. 


A sábia, profunda e inexplicável resposta divina é que esses novos seres foram criados um pouco menor que os anjos (Sl 8.5), mas o destino deles é se tornar mais exaltados que os anjos: 


  • Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;

E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,

Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus,

Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;

E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja,

Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos. (Efésios 1:18-23)



A obra de obediência que Cristo ofereceu no Calvário limitou o poder do adversário. A cédula que ele tinha em mãos para nos acusar foi cravada na cruz. O adversário foi exposto publicamente e Cristo triunfou sobre ele (Colossenses 2.14-15)


Porém, vemos em Ap 12.10 que ele ainda tem acesso às regiões celestiais, sendo acusador de nossos irmãos. Sua atuação, baseada sempre na mentira e maldade, continua apontando contra a vida daqueles que escolhem Cristo.


Em João 8.44 temos o versículo que mais detalha a natureza da pessoa do adversário da igreja. Vejamos o texto e cinco desses detalhes:


Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. (João 8:44)


  1. O diabo é uma pessoa real, e não um mero símbolo do mal.

  2. Ele promoveu a queda dos anjos e do homem também.

  3. O poder de decisão dado por Deus foi o que tornou possível a entrada da maldade na história.

  4. Ele continua com seu plano de ação sobre os homens. Tornou-se capaz de destruir vidas, famílias e ministérios. Jesus Cristo é, porém, especialista em salvar vidas, famílias e ministérios.

  5. O diabo é o pai espiritual daqueles que ainda não se tornaram filhos de Deus. E não desiste facilmente da vida daqueles que estão sob sua influência.



E o que os filhos de Deus podem fazer diante desse cenário?


Por mais caótico que os dias que vivemos possam parecer, precisamos ter a visão bíblica dos fatos. Se a palavra diz que Cristo triunfou sobre nosso adversário, essa visão precisa estar ativada em nosso interior. 


O livro de Ester é muito apropriado para termos a visão divina de nossos dias. Lá podemos ver os momentos caóticos e também o quanto sutilmente a história muda em favor do povo de Deus. 


Ali, no livro de Ester, o povo de Deus estava vivendo opressões numa terra distante.

Aqui, nos dias de hoje, o povo de Deus vive perseguições e também estão longe de casa, conforme Filipenses 3:20, que diz “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.


Ali, a rainha Vastir não aceitou ser colocada ao lado do seu rei e, por isso, Ester foi escolhida rainha em seu lugar.

Aqui, Israel não aceitou seu Rei e Salvador, e por isso, a igreja foi colocada em seu lugar.


Ali, o rei Assuero exercia senhorio em 127 províncias, desde a Índia até a Etiópia.

Aqui, nosso Rei Jesus está acima de todo governo e autoridade, poder e domínio (Ef 1.20-21). Seu domínio se estende de geração em geração (Sl 145.13). Enfatizo, o domínio de Cristo vai se estender até a geração depois da minha. Seu domínio vai se estender até nossos filhos e sobre os filhos de nossos filhos. Amém!


Ali, o ministro oficial do rei, chamado de Hamã, alimentava um ódio contra Mardoqueu e contra todos os judeus.

Aqui, o ex Lúcifer da manhã, chamado de diabo, alimenta um ódio pessoal contra os humildes servos do Senhor, que se estende contra seus negócios, projetos, sonhos e família.


Ali, o plano arquitetado por Hamã para assassinar o rei e usurpar seu trono foi descoberto por Mardoqueu.

Aqui, o plano arquitetado pelo diabo para usurpar o trono de Deus foi revelado pelo Espírito do Senhor, que inspirou homens como João em Patmos para registrarem detalhes desse plano.


Ali, Hamã persuadiu o rei a promulgar um decreto para exterminar os judeus no dia 13 do mês de Adar.

Aqui, o inimigo também usa de engano para persuadir pessoas a acreditarem  que seus dias estão contados.


Ali, Mardoqueu moveu a rainha Ester para interceder junto ao rei em favor dos judeus.

Aqui, o Espírito Santo move a igreja para interceder junto ao nosso Rei Jesus em favor dos povos, tribos, línguas e nações. 


Ali, Ester arriscou sua vida ao entrar diante do rei sem ter sido convocada.

Aqui, o acesso ao trono da graça de Deus é assegurada por um novo e vivo caminho que Jesus nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo (Hb10.20).


Ali, Ester conquistou o favor do rei.

Aqui, a igreja se posiciona em humildade e total dependência para conquistar o favor do Rei dos reis. É necessário entender que, por vezes, não podemos fazer nada contra os Hamãs que se levantam contra nós. Por isso, precisamos realmente nos posicionar diante do Rei e lançar sobre ele nossas dores e nossas causas.


Ali, Ester denunciou ao rei o plano contra seu povo.

Aqui, a igreja se prostra diante do seu grande Rei para denunciar os planos projetados contra seu povo. 


Ali, Hamã é executado na mesma forca que preparou contra Mardoqueu.

Aqui, o inimigo de sua alma será exterminado no mesmo plano traçado contra ti, conforme Isaías 54.17, que diz “Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de mim procede, diz o Senhor.”


Ali, um segundo decreto foi assinado pelo anel do rei que foi posto nas mãos de Ester e isso possibilitou o povo judeu triunfar contras seus inimigos.

Aqui, a igreja do Senhor Jesus possui uma aliança que precisa ser usada para triunfar sobre seus inimigos.


O primeiro decreto datava o dia da morte. O segundo, porém, permitia o povo de Deus a se armar e lutar contra seus inimigos.  Colossenses 2.14 nos diz que Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. Sim, a palavra nos ensina que uma nova sentença foi escrita sobre ti. Não aquela que foi redigida no inferno, que colocava uma data final para sua família, seu negócio, seu casamento ou para você mesmo. Sua nova sentença foi redigida nos céus e assinada no calvário, te fornecendo esperança e força para você lutar e prevalecer contra seus adversários. Amém!


Ali, o rei Assuero deu a casa de Hamã para a rainha Ester e Mardoqueu.

Aqui, acredite nisso, o Rei dos reis passará para você territórios antes pertencentes ao inimigo. Amém!


Ali, Mardoqueu foi honrado com uma veste azul celeste e branca, com uma coroa de ouro e uma capa de linho fino, fazendo toda cidade de Suzã se exaltar e se elegrar.

Aqui, o Espírito do Senhor será finalmente honrado, suas vestes de santidade serão visíveis nos santos do Senhor, sua coroa de justiça vai coroar a igreja e sua capa de linho fino vai estampar a o ministério que exalta o Cristo de Deus.


Ali, através da honra dada a Mardoqueu, os judeus foram cheios de luz, de alegria, e gozo e honra.

Aqui, através do derramamento do Espírito do Senhor, as nações finalmente conhecerão a autêntica luz de Deus, a alegria e gozo como fruto do Espírito, e a honra será restituída em toda terra.


Ali, a narrativa do livro de Ester se encerra descrevendo que Mardoqueu procurava o bem do seu povo e trabalhava pela prosperidade de sua nação.

Aqui, na medida que vai se aproximando os últimos dias da igreja na terra, cada vez mais o Espírito do Senhor vai procurar fazer o bem em favor do povo de Deus, e trabalhar para fazer prosperar a nação cujo Deus é o Senhor. Amém!



Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada em Agosto de 2021
Igreja Santuário do Altíssimo

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Recomendações para quem luta contra pecados insistentes e resistentes

Rm 1.16-32


Antes da leitura da mensagem, leia em oração o texto de Rm 1.16-32


Nesses 14 anos de ministério a Cristo, tenho aprendido 2 coisas importantes. Primeiro é que sou um grande pecador. Segundo, é que tenho um grande Salvador. 


Como pecador confesso, quero liberar 7 conselhos para algum outro pecador que Deus preparar para receber essa palavra. 


Quando Cristo me chamou de uma forma irresistível, vários pecados se desprenderam de mim. De fato, percebi que eu era uma nova criatura. Em pouco tempo, porém, percebi que alguns outros pecados ainda estavam em mim. Eram resistentes e insistentes. Lutei com todas as minhas forças contra eles, mas fui vergonhosamente derrotado. 


Se tem mais algum humilde servo do Senhor que queira ouvir algumas recomendações sobre como lidar com esses pecados resistentes e insistentes, acredito que posso lhe dar 7 conselhos.


Mas antes, preciso fazer algumas considerações:


Não tem como falar de pecado sem antes falar da ira de Deus. A justiça de Deus requer punição para o pecado. Ira e justiça são atributos divinos inseparáveis. O pecado não é algo que passa batido na percepção do Senhor. Há um julgamento divino contra os pecadores não arrependidos. 


Não é que Deus queira que você seja uma pessoa perfeita, entenda, Ele quer que você seja uma pessoa que se arrependa. 


O juízo virá contra aqueles que ignoram a salvação que Deus proveu através da morte expiatória de seu Filho. Ignorar, negar, fazer pouco caso dessa salvação levará uma consequência terrível.


Há de se entender que quando o Senhor não quer que tenhamos uma vida pecaminosa é porque Ele bem sabe a consequência disso. O pecado faz mal ao próprio homem.


Há 3 entregas de Deus no texto


São 3 abandonos que Deus executa contra aqueles que insistentemente resistem à graça do Senhor. Nesse texto, Deus não pesa a mão nas pessoas. Deus apenas retira sua presença inibidora deles. Deus apenas os entrega às suas próprias escolhas. Deus apenas permite que os desejos do coração siga seu curso. 


A insistência no erro e a voluntariedade de não lutar contra o pecado provoca esse justo juízo de Deus. A frase “Deus jamais abandona ninguém” num faz mais sentido ao lermos nesse texto. Aqui, executando seu juízo, Deus literalmente abandona pessoas. 


É quando Deus tira sua graça do homem. É quando o inibidor de pecados é retirado do homem. A ação impeditiva e de convencimento do Espírito Santo é retirada. E assim, a pessoa, ou o grupo, fica entregue aos seus próprios desejos. Aquele senso que temos dentro de nós é removido. Aquela sensação de gravidade do pecado não é mais sentida. 


O grande comentarista bíblico, o Dr Champlim, chama isso de “bancarrota moral”. Bancarrota é quando o estado está falido, quando o governo declara a incapacidade de pagar seus gastos. A bancarrota moral é quando a moralidade de uma sociedade se desintegra. É quando o indivíduo corrompe seu próprio ser essencial. Ocorre sutilmente, a ponto de se extinguir a consciência de seus atos malignos. Chega até mesmo ao ponto do sujeito se envaidecer de suas maldades. E assim, se substitui a nobreza divina no interior do homem pela vergonha da depravação social. Vale a pena lembrar, que há pouco tempo atrás, nosso Congresso chegou a discutir sobre legalização da pedofilia. 


A cada entrega que Deus faz, a salvação fica mais distante. O homem não salva o homem. Precisamos da ação de convencimento do Santo Espírito para nossa salvação. Tira o Espírito e ficamos incapazes de nos convencermos da necessidade de salvação.


Os que abandonaram a Deus um dia serão abandonados por Deus. E seguirão o rumo de seus próprios desejos internos. O que parece liberdade, de fato, é escravidão a seus próprios instintos. 


Nunca tinha a humanidade vivido tão distante de Deus. Desde o iluminismo do século XXVIII, quando a sociedade deixou de ser centrada em Deus e passou se centrar no homem. Até o nosso tempo do pós-modernismo que prega a falência da verdade e que tudo são apenas hipóteses. É como se o homem levantasse sua voz e entoasse sua independência aos céus. Não há mais uma verdade, não há mais uma verdade absoluta. Tudo é relativo e cada um pode ter sua própria verdade.


Porém, há um grande contraste nisso. Ao mesmo tempo em que o homem se divorcia de Deus, a humanidade mergulha numa onda de doenças emocionais como nunca. É a chamada epidemia oculta. Onde transtornos psicológicos, como a ansiedade e a depressão já são noticiados como a segunda onda de estragos à saúde mundial. 


Percebeu o contraste. O homem resolve viver longe de Deus para viver da forma correta de se viver, para ter liberdade e ser feliz, e tudo que ocorre é uma onda de tristeza e solidão jamais vista. A maior mentira que o diabo inventou é SEJA FELIZ.



A 2ª entrega  


Acredito que o tempo escatológico desta primeira entrega já ocorreu. Acredito que estamos vivendo exatamente o tempo da segunda entrega.


Na segunda entrega, Deus abandona pessoas às suas paixões infames.  


O texto explica que ocorrem assim: as mulheres mudam o uso natural, contrário à natureza. E os homens, deixam o uso natural da mulher, se infla em sensualidade para com outros homens.


Você percebeu que a segunda entrega traz a palavra abandono. Algo muito mais forte. É quando Deus retira sua graça do homem. Naturalmente ocorre morte espiritual da pessoa.


Observe a expressão ATÉ AS MULHERES. Isso porque já se espera que os homens sejam facilmente guiados pelas suas paixões infames. Mas quando até as mulheres o fazem, é porque a degradação moral já está deplorável. Vale lembrar que os homens que seguiam Jesus tiveram que ser convocados pelo Mestre, enquanto que as mulheres o seguiam voluntariamente.


O texto claramente menciona que, quando a prática do homossexualismo não causa mais protesto na consciência, é porque Deus já abandonou a pessoa às suas paixões infames. 


O Dr Champlim nos ensina que nos versículos 26 e 27, os termos mulheres e varões poderiam ser traduzidos melhor por FÊMEA e MACHO, no sentido animalesco mesmo. Assim o apóstolo dá a entender que o coração que Deus abandona, a homossexualidade se torna tão comum como ocorre entre alguns animais irracionais.


Assim, o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, chega ao nível tão baixo quanto dos animais irracionais. A imagem divina é trocada pela imagem animal. A salvação acaba parecendo algo tão distante.


Vale lembrar o que Lc 1.37 diz que para Deus não há nada impossível. Vale lembrar que o início da leitura que lemos disse que o evangelho de Cristo é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. 


Cremos e temos esperança que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus pai. E que por fim a imagem de Deus vai ser restaurada no homem e na mulher!


Vale lembrar a promessa de 2 Pedro 1.4 que diz “Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo”.



Sendo justo ao texto…


Paulo não destaca aqui o pecado da homossexualidade como o pior de todos. De jeito nenhum. A ideia do apóstolo aqui é mostrar que, quando uma determinada sociedade chega ao ponto de perder a consciência de pecado da prática homossexual, é porque os outros pecados já se tornaram tão evidentes, que a negação de Deus já está estampada, ao ponto do Senhor retirar seu dom, seu freio, sua graça. A normalização desta prática é a ponta do iceberg , cujas profundezas estão engessadas de rebeldia voluntária contra Deus. 


Isso também não significa que uma pessoa mergulhada nesta prática esteja irreparavelmente perdida. A máxima é TODOS OS PECADORES PODEM SER REDIMIDOS. 


Esse quadro negro pintado por Paulo nos ensina que somente a graça de Deus, atuando através da redenção de Jesus Cristo, operando por meio do convencimento do Santo Espírito, qualquer sociedade ou indivíduo, qualquer nação, até mesmo a nossa, até mesmo o Afeganistão, podem ser transformados, para muito melhor.



A terceira entrega de Deus...


Aqueles que não se importarem, Deus então os entregarão a um sentimento perverso. 


A graça divina atuando em nós inibe a força do pecado no nosso interior. Verdade é que em Deus, nossa perversidade fica controlada e quieta. Se a ação divina se ausentar, nossa perversidade fica exposta.


E a lista desta perversidade é grande:


  1. iniquidade

  2. prostituição

  3. malícia

  4. avareza

  5. maldade

  6. inveja

  7. homicídio

  8. contenda

  9. engano

  10. malignidade

  11. murmuração

  12. fofoca

  13. aborrecer a Deus

  14. injuriar

  15. soberba

  16. presunção

  17. inventor de males

  18. desobediência ao pai e à mãe

  19. néscios

  20. infiéis aos contratos

  21. sem afeição natural

  22. irreconciliáveis

  23. sem misericórdia

  24. não faz a justiça de Deus

  25. consente com quem não faz



Vale muito a pena, olhar com calma e reflexão para esta lista. Vale mais a pena ainda, orando, pedir que o Espírito nos convença se alguma dessas perversidades ainda atua em nós.


É muito injusto quando selecionamos alguns desses pecados e o temos como “super pecados”. Como se aqueles que eu não cometo seja um grande pecado, enquanto que os que caio com frequência seja menos ofensivo. Repare, meu irmão, que junto com o pecado de homicídio, está o da murmuração. Junto com o da homossexualidade, está o da fofoca. Na mesma lista de perversidade de quem comete prostituição, está o da infidelidade aos contratos. 


Por vezes, usamos boas desculpas pelo nosso erro, afinal, tivemos uma boa intenção. Por muitas vezes, não aceitamos a desculpa pelo erro do outro, afinal, ele teve uma péssima ação. E assim, julgamos os outros pelas suas ações e a nós mesmos pelas nossas intenções. E na balança dos erros, usamos pesos e medidas que nos favorecem. Achamos um absurdo o cisco no olho dele e agimos com normalidade com a trava que tem no nosso. 


Somente se estamos cientes que somos pecadores. Que nosso pecado é horrendo para com nosso Deus Santo. E que, mesmo tendo nascido de novo para Cristo, ainda travamos batalhas contra nossa própria carne, que por muitas vezes perdemos. Assim, iremos então, liberar sete conselhos para os humildes servos do Senhor que lutam contra si mesmos.


  1. Quando você enxergar um pecado, enxergue também o poder do evangelho.

Isso é importante pois, por vezes, fazemos o contrário. Ao ter o dissabor de experimentar uma derrota do espírito contra a carne, o pecado então fica evidente aos nossos olhos. E o perigo nessa hora é esquecer que Cristo já perdoou todos os nossos pecados. TODOS!

Colossenses 2.13-14 “Deus … perdoando todos os nossos pecados e, apagando a escrita de dívida, que nos era contrária e constava contra nós em seus mandamentos, removeu-a do nosso meio, cravando-a na cruz”


Cristo é a justiça de Deus e, ao mesmo tempo, a nossa justiça. Há dois homens na Bíblia que são representativos. Adão, pelo qual morremos. Jesus, pelo qual vivemos. Isso significa que em todas as áreas que fomos falhos, Jesus foi perfeito! E a perfeição de Jesus é a nossa justiça diante de Deus. 


Ao lutar contra algum pecado, temos que nos lembrar de duas coisas. Primeiro, nossos pecados estão todos perdoados. E segundo, Deus nos aceita como justos porque Jesus foi perfeito em obediência à missão dada pelo Pai.


  1. Não vencemos pecados usando nossa força. Pelo contrário, é o Santo Espírito que nos concede poder sobre o pecado.


Repare o que diz Rm 8.13 “se viverdes segunda a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”


Por mais que sejamos fortalecidos, continuamos totalmente dependentes da ação do Santo Espírito. Essa dependência deve ser cultivada diariamente. 


Tenho aprendido isso. Ao iniciar o dia, o Espírito tem me levado a assumir minha dependência nele. Em oração, peço o seu santo poder contra qualquer pecado que, por ventura, venha contra mim. 


  1. Mesmo sendo dependentes do Espírito, ainda continuamos responsáveis na luta contra o pecado.

Somos dependentes do Espírito, mas a decisão de ter uma vida reta é nossa. Essa decisão deve ser diária. Agradar o Espírito é um compromisso firmado todos os dias.


Responsabilidade contra o pecado significa que se você cair, e tomara Deus que não caia, mas se cair, então a culpa não é do diabo e nem de outrem. 


  1. Identificar os pecados que mais combatem em seu coração

Identificar algum pecado depende do convencimento do Espírito. Por isso, aquela leitura das 25 perversidades deve ocorrer de forma humilde e em oração ao Espírito. 


Quando somos convencidos pelo Espírito sobre algum determinado pecado atuando contra nós, então ficamos com maior atenção contra os gatilhos que o disparam. As circunstâncias são identificadas e isso facilita para dar fim ao pecado. 



  1.  Aplicar versículos bíblicos específicos para cada pecado.

O salmista disse “guardei a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti” (119.11)

O humilde servo do Senhor deve se empenhar para memorizar versículos que combatem aqueles pecados que ele luta contra. Anotar esses versos e espalhar por onde o pecado atua também é útil. 


A memorização de um versículo, acompanhada de meditação e oração, vai romper no coração naquela hora da tentação. E será o escape. A provisão do Senhor em sua palavra.



  1. Orar sem cessar contra os pecados resistentes e insistentes 

A contínua oração vai ser fonte de força para o humilde servo do Senhor. Vai ser uma mensagem espiritual que a decisão foi realmente tomada. Vai ser a evidência da dependência ao Espírito e, ao mesmo tempo, o sinal que assumimos a nossa responsabilidade na luta contra o pecado.



  1. Confessar nossos pecados uns aos outros (Tg 5.16)


Alguns amigos meus conhecem bem a minha luta interna. Também conheço os combates deles. Compartilhar nossos embates traz um grande refrigério para o coração. Saímos do isolamento e das armadilhas do acusador. Afinal, a tentação é um mal mais comum do que imaginamos. 


Se queremos avançar nessa luta, precisamos orar uns pelos outros, levar as cargas uns dos outros, encorajar uns aos outros. A vitória é conjunta. É na união que o Senhor ordena a bênção. 



De forma resumida, quero listar os sete conselhos deste pobre pecador para que fique mais fácil de aplicar:

  1. Use o evangelho

  2. Dependa do Espírito Santo

  3. Reconheça sua responsabilidade

  4. Identifique aqueles pecados resistentes e insistentes

  5. Memorize e use versículos correspondentes

  6. Cultive a prática da oração

  7. Chame outros humildes servos do Senhor para estarem ao seu lado


Fecho esta mensagem com a primeira mensagem de João Batista: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus (Mt 3.2), e também com a primeira mensagem de Jesus Cristo: Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus (Mt 4.17), que é também o primeiro apelo da ministração de Pedro em Pentecostes: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo (At 2.38). 


Que o Santo Espírito nos leve ao caminho do arrependimento. 

Deus nos abençoe.



Erisvaldo Pinheiro Lima

Ministração liberada em Agosto de 2021, na Igreja Santuário do Altíssimo.



Fonte de pesquisa:


Pecados Intocáveis, de JERRY BRIDGES


Comentário Bíblico Antigo e Novo Testamento Interpretado, de Russel N. Champlin


segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Os restos de Deus

Os restos de Deus
Os restos de Deus

Embora a palavra resto signifique aquilo que sobrou, e isso num sentido negativo, também significa o que ficou de um todo tendo sido retirado uma parte. É o que permanece do todo, o remanescente. E é nesse segundo sentido que a Bíblia emprega esse termo.


Em Romanos 11.5, o apóstolo Paulo diz que ficou um resto em seu tempo. A qualificação deste resto é que são segundo a eleição da graça. Enfatiza que não foram eleitos pelas obras, e sim, pela graça, pois de outro modo, a graça já não seria graça. Fala do povo de Paulo, seus compatriotas. O apóstolo ensina que a salvação não viria para a totalidade de Israel, mas para uma pequena parte eleita de Israel, que crer no Cristo de Deus. Um resto que encontrou o caminho da graça, mediante a fé. 


Aqueles que são chamados de resto no tempo de Paulo, são os mesmos dos nossos dias. É o resto agraciado pela força graciosa do Senhor. São sustentados pela graça de Deus. Embora exerçam a obra com alegria e dedicação, sabem que somente tocam na obra por causa da graça que o resgatou. Enquanto uma maioria religiosa despreza fundamentos básicos, um remanescente ainda vive o evangelho. Vive pela graça. É um resto que foi eleito pela graça. Graças damos, pois, a Deus por sua graça, pois onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5.20). Um resto que sabe que se sair do caminho da graça, deixa de ser resto e se torna maioria. Um resto que tem sua fé combatida, mas que ainda prevalece sua fé. Ante tudo e todos, não negocia sua fé. 


O comparativo que Paulo usou foi o resto dos dias de Elias. Em 1Rs 19 vemos que são aqueles que não se dobraram diante de Baal. São alvos da fúria e perseguição de Jezabel. São os que foram guardados por e para Deus. São a boa notícia para cura do profeta entristecido. Foi o motivo usado por Deus para retirar o profeta da caverna. São verdadeiramente os que sustentam o ofício profético de Elias.


Precisamos de um resto assim nos dias de hoje. Um resto que não se dobra diante da influência do Deus deste século. Suportam as perseguições, pois sabem que são guardados pelo Senhor e são de fato propriedades do Senhor. Um resto que leva cura para pessoas trancafiadas nas cavernas do isolamento. Um resto que não aparece tanto, mas que são fontes de ajuda para o Reino de Deus.


Destacamos ainda outros três momentos em que esse resto é mencionado e assim, podemos mergulhar mais fundo no cuidado e exigência de Deus para seu resto:


  • O resto dos dias de Ezequiel (Ez 9)

Na visão do profeta, um anjo tinteiro marca alguns homens. Os que são marcados são poupados do juízo exercido por outros sete anjos. O critério para ser marcado, e consequentemente poupado, é fazer parte de um seleto grupo de homens. São homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio de Jerusalém. 


Esses homens, incluindo o profeta, são o resto. São homens poupados. São homens marcados.  Suas entranhas se contorcem mediante todas as abominações cometidas em sua cidade. Eles não são contados com os tais que cometem, são os que estão fora. Não são como a maioria entregues às iniquidades. São um resto. São exceção. Se uma casa inteira caiu na normalidade do pecado, ali há um resto que suspira e geme. Ele é diferente. Quem olha pra ele sabe que ele não faz o mesmo que a maioria faz. É luz num tempo de trevas. Escarnecido pelo grupo, mas procurado pelo grupo em tempos de crises existenciais. É o resto que sonha em ver sua cidade com outros comportamentos. São intercessores locais. Por isso, poupados!


  • O resto nos dias de Jeremias (Jr 23)

Na exortação do profeta, os pastores são confrontados e as ovelhas, consoladas. O resto são as ovelhas. São chamadas de minhas ovelhas pelo seu Senhor. Embora cuidadas por pastores, mas pertencentes ao único Deus. Esse resto sofreu na mão de pastores. Seus líderes causaram destruição e dispersão. São ovelhas que foram afugentadas e não procuradas. Foi um resto deixado de lado. É a ovelha que foi útil enquanto gerou a tenra lã. Querida enquanto produzia. Quando a produção cessou, seu valor diminuiu. 


Mas Deus viu a dor desse resto. A promessa é que serão recolhidas pelo próprio Deus. Serão recolocadas no aprisco, no local onde há alimento abundante. A promessa vai além. O resto vai gerar frutos e se multiplicarão. As ovelhas serão curadas para continuar gerando. Os pastores fraudulentos serão destituídos e outros serão colocados no pastoreio. E o resto das ovelhas serão apascentadas em segurança. O cuidado de Deus é que esse resto nunca mais tema, nem se assombre. Essas ovelhas feridas não ficarão para trás. Nenhuma!


  • O resto nos dias de Zacarias (Zc 8)

Usando o profeta, Deus libera fortes promessas para o resto de seu povo. O local de morada desse resto será também o local de morada do próprio Senhor. Verdade e santidade serão visíveis na cidade desse resto. A benção do Senhor alcançará todos, dos idosos de muita idade às crianças que brincarão nas ruas. A visão de coisas maravilhosas de Deus será também colocada nos olhos do resto. 


No meio das fortes promessas, a palavra de Deus rompe com uma ordem de esforço. “Esforcem-se as mãos de todos vós”. O resto deve continuar se esforçando. O resto não pode parar de fazer o que o qualificou como resto. O resto deve se esforçar para continuar fazendo o que é necessário para preparação de sua cidade para morada de seu Deus. 


A promessa de Deus é que a semente prospere, a vide dê o seu fruto, a terra gere sua novidade, e dos céus caiam o orvalho. O no ápice da promessa. Deus diz que o resto herdará tudo isso. 


A herança é para o resto de Deus. É uma herança inimaginável. Preparada e sonhada pelo próprio Deus criador. Há de acontecer, Deus enfatiza. O resto não deixa de acreditar que há de acontecer conforme foi prometido. Há de acontecer, aleluia!


A salvação e a benção do Senhor estarão sobre seu resto!


Diante do cenário da promessa, Deus libera duas ordens. Não temas e esforcem-se as vossas mãos.


Vamos lá, oh restos do Senhor. Vejamos esse cenário pintado pela promessa do nosso Deus. Há uma herança incorruptível te esperando. Contemplem tudo isso que há de acontecer. Nunca deixe o medo tomar essa visão. E esforce suas mãos. Há muito o que ser feito pela ferramenta de sua fé. 


Vamos continuar, oh restos do Senhor. Ele é o seu pastor, e você é ovelha dEle. Ele sabe de tudo que já fizeram contigo. Teu Bom Pastor não está alheio às duas dores. Confie em sua justiça e descanse. Ele está suprindo a provisão daquilo que você realmente precisa. Confie e descanse. 


Vamos lá, oh restos do Senhor. Você sempre foi chamado de diferente. Por algum tempo isso foi motivo de tristeza pra você, mas hoje o Senhor te ensina que você foi marcado. Deus viu algo em você e te poupou. Alguns caíram, outros ficaram para trás, e você está aqui, porque Deus te marcou. Seu lugar nunca foi nas abominações de sua cidade, por isso, Deus escutou seus gemidos, seus suspiros, suas súplicas pelo teu povo. Continue!


Vamos lá, oh restos do Senhor. Deus te guardou para si mesmo. Para te fazer cura para os feridos. Há profetas hoje escondidos em cavernas e você tem a notícia que vai tirá-los de lá. Sim, Deus quer te usar como boa notícia que vai mudar o dia de quem está vivendo ciclos de tristeza. Suporte a perseguição e vá em direção aos encarcerados. Deus certamente vai te usar.


Vamos lá, oh restos do Senhor. Você diz mas sou tão pequeno e falho. Lembro a você que somos o mesmo resto dos dias de Paulo. Somos um resto, segundo a eleição da graça. Nunca foi pelas suas obras, meu irmão, e sim pela graça daquele que nos chamou. Mediante a fé, avance no caminho da graça. Foi para isso que você nasceu. Foi para isso que Deus te elegeu!



Erisvaldo Pinheiro Lima

Mensagem ministrada em Agosto de 2021

Igreja Santuário do Altíssimo


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Tessalonicenses, a igreja exemplo para todos os fiéis

(antes de tudo, recomendo oração e leitura de 1 Tessalonicenses 1.1-10) 

 A igreja dos tessalonicenses foi fundada na segunda viagem missionária do apóstolo Paulo. Por um breve espaço de tempo, o apóstolo semeou a palavra no coração dos tessalonicenses e teve que fugir dali devido à intensa perseguição por parte dos judeus. Chegando em Beréia, encontrou um grupo de irmãos que recebem com disposição de ouvi-lo, porém, os judeus de Tessalônica foram até ali e continuaram a perseguição, obrigando Paulo fugir para Atenas. Foi então que o Apóstolo dos gentios enviou o jovem Timóteo para buscar notícias dos tessalonicenses. Indo para Corinto, Timóteo encontra Paulo com boas notícias dos irmãos. A sementes germinou. Os tessalonicenses cuidaram bem da semente, mesmo com a distância do seu semeador. Cheio de alegria, o apóstolo Paulo resolve escrever uma carta aos tessalonicenses. 

Paulo expressa que, mediante o relato recebido de Timóteo, aqueles irmãos foram feitos imitadores do próprio Paulo, do Senhor e, por fim, das igrejas de Deus. Devemos observar que a expressão “foram feitos” nos remete uma ação externa. Não foi eles que fizeram isso. Foi alguém que fez isso com eles. Deus fez os tessalonicenses serem imitadores. Uma ação divina ocorreu no interior daquela congregação. Oro ao Senhor, que o Espírito promova uma ação semelhante em nosso meio. Que sejamos feitos imitadores. 

 Paulo explica que os irmãos se tornaram imitadores quando receberam a palavra em meio à tribulação e ainda assim, com gozo do Espírito. Precisamos aprender que as perseguições que sofremos são como participação no sofrimento de Cristo. Por isso, nosso bem estar não pode estar ancorado neste mundo. Se assim for, estamos dependendo das circunstâncias para nos alegrarmos. Nossa alegria precisa estar ancorada no trono da graça do Senhor. Na fonte de suas águas que geram frutos por onde passa. 

 A palavra imitadores vem do grego MIMETAI, e tem sua origem no vocálico MIMOS, que significa ator, como alguém que representa outro. Uma cópia do outro. Assim como o ator não é personagem em si, mas sua interpretação faz com que as pessoas vejam o personagem no ator. Precisamos exercer isso. Não seremos como Cristo, mas podemos interpretá-lo de modo que as pessoas vejam Cristo em nós. 

 Um pouco mais adiante, em 2.14, Paulo ainda explica que os tessalonicenses são imitadores das igrejas de Deus, pois participam de semelhante perseguição dos próprios concidadãos. Fazendo referência à primeira igreja, a de Jerusalém, vemos aqui o maior elogio de uma igreja local. Ser semelhante à primeira igreja. 

 Por ser uma igreja imitadora, Paulo lista, pelo menos, cinco motivos que fazem dos tessalonicenses um exemplo para todos os fiéis (v.7) 

 Por vós soou a palavra do Senhor (v.8) 
A palavra semeada encontrou um solo fértil. Por eles, a palavra soou para todos os lados. Não ficou presa entre eles. 

 A vossa fé para com Deus se espalhou (v.8) 
A fé se espalhou junto com a palavra. Antes de alcançar um coração, a palavra ministrada precisa de fé para com Deus de quem ministra. Não é fé em si mesmo, mas uma fé dependente e confiante no Senhor da palavra. 

Eles mesmos anunciaram (v.9) 
Os que receberam a palavra anunciaram os feitos dos tessalonicenses. Isso fala de testemunho. Ninguém testifica de si mesmo. Mas precisamos do testemunho dos humildes servos do Senhor. 

Dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir (v.9) 
A transformação levou os irmãos ao serviço. Mudanças são acompanhadas de disponibilidade de servir à obra do Reino. 

Esperar dos céus a seu Filho (v.10) 
Era cultivado uma viva esperança na volta do Filho de Deus. Seus olhos estavam voltados para os céus. Acredito que Deus ainda faz imitadores. 

Creio que Deus ainda escolhe locais para selar o seu MIMETAI, levantando pessoas para interpretar Cristo nesse palco da vida. Acredito também que quanto mais próximos chegarmos àquele dia, mais imitadores seremos da primeira igreja. Inclusive nas perseguições. 

Que nosso gozo esteja no nosso bondoso Senhor. Por isso, oro para que o Santo Espírito faça soar através de nós sua Santa Palavra. Que nossa fé se espalhe por cada esquina de nossa cidade, que isso seja notório entre os humildes servos do Senhor. Que possamos ser moldados para o serviço da obra do Reino. Cada dia, uma mudança. Cada mudança, uma sede em servir a Deus e ao nosso próximo. Que nossos olhos não estejam neste mundo, e sim, nos céus, de onde virá nosso Galardoador. Maranata!

 Erisvaldo Pinheiro Lima 
Ministrado em Agosto de 2021, na Igreja Santuário do Altíssimo

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

3 palavras para Santa Ceia

 

Mateus 26.17-30


Meditaremos em 3 (três) palavras para santa ceia. São elas: substituição, transformação e separação. Vejamos cada uma:

SUBSTITUIÇÃO


Esse momento de ceia foi organizado no dia da páscoa. Êxodo 12 nos informa os detalhes da festa pascoal. O cordeiro era a refeição central, acrescida de pão e ervas amargosas.

E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. (Êxodo 12:8)
Mateus 26 redesenha essa cena com um toque de eternidade. Aquilo que era um sinal, um tipo, uma revelação, agora estava se cumprindo. O Cordeiro de Deus era, e é, a centralidade daquela última ceia. O pão ainda foi preservado, apenas as ervas amargas que foram substituídas pelo doce vinho. Cristo trocou, e ainda troca, o amargo pelo doce, aquilo que era ruim por algo mais agradável.

Vale notar que o pão, elemento que foi preservado da antiga ceia, ao ser ingerido, é apenas parcialmente digerido em nosso organismo. O vinho, por sua vez, é quase que instantaneamente digerido e absorvido para nossa corrente sanguínea.

O pão e vinho, como integrante da Santa Ceia do Senhor, nos traz então esta mensagem profunda. O pão é mantido da festa pascal, como alusão ao antigo pacto, o Velho Testamento, por não ser digerido totalmente em nosso organismo, aponta para a insuficiência da antiga aliança em restaurar a natureza humana caída ao Deus eternamente Santo.

Mas o amargo das ervas é trocado pelo vinho, que Jesus declara ser seu próprio sangue, o Novo Testamento do seu sangue. Uma substituição que a nós, pecadores, por si só já nos traz uma mensagem de esperança. Pois enquanto que na antiga aliança, o pecado causava a amargura no coração do homem que lhe se sujeitava, na nova aliança, o homem docemente é livre do domínio do pecado.

O vinho que é totalmente digerido pelo nosso organismo, Jesus declara "este é meu sangue". Logo, na Santa Ceia, ingerimos o sangue do Senhor, que rapidamente se digere, se misturando ao nosso próprio sangue, num momento em que nos tornamos um com Cristo. Pense nisso, o sangue do Perfeito, se misturando ao nosso sangue, imperfeito que somos. A cada Santa Ceia, o sangue do Senhor vai aumentando em nosso interior, assim, é como se a pessoa dEle fosse aumentando em nosso interior, enquanto que o nosso EU fosse diminuindo, Sua boa, perfeita e agradável vontade se fortalecendo e a nossa inconstante vontade cada vez mais ficando em estado de rendição.

TRANSFORMAÇÃO


Olhamos mais uma vez para o antigo pacto. Agora em Êxodo 24, temos os detalhes de rituais de sacrifício.

Quando Moisés entregou ao povo o Antigo Testamento, o sangue do touro foi derramado na promulgação da lei. Agora, ao promulgar o Novo Testamento, Jesus entrega seu próprio sangue. O touro simboliza força, que simboliza Cristo. A força de um homem não está em seu braço, em sua capacidade ou intelectualidade. A verdadeira força de um homem está na dependência e obediência a Cristo. Se Cristo é sua força, então você pode todas as coisas em Cristo que te fortalece.

Moisés derramou metade do sangue do touro no altar (antigo pacto), enquanto que a outra metade ele deixou numa bacia (novo pacto). Por isso que Jesus disse, segurando um cálice, "este é meu sangue". No antigo pacto, os presentes não poderiam ser dignos de beber do sacrifício, mas no novo pacto, o próprio Senhor compartilha o seu sangue. O homem passa de indigno a filho, pela participação no sangue do Filho de Deus. No Novo Testamento, o sacrifício feito por Jesus nos dá uma nova natureza capaz de obedecer a Deus, transformando-nos em filhos com liberdade de acesso ao Pai. Essa transformação exercida pela nossa fé, nos convida ao olhar interior para a transformação do coração e da mente.

Em Êx 12, Jesus é o cordeiro. Em Êx 24, Jesus é o touro. O coração de Cristo é simples e humilde como um cordeiro. Sua mente, no entanto, é forte como um touro. A segunda palavra da santa ceia nos convida à transformação interior. Que o Santo Espírito nos convença a imitar a Cristo, que nosso coração seja humilde e simples para servir, mas que nossa mente seja forte o suficiente para reinar!

Há uma linda mensagem velada na história da Bela e a Fera. Vivendo num castelo, a fera é cercada por objetos falantes que lhe servem. Com uma imagem assustadora, porém com um semblante triste, a vida da fera começa mudar quando se encontra com a bela. Penso que normal a fera se apaixonar pela bela, o inusitado é perceber que a bela também se apaixona pela fera. O convívio e, principalmente, a dança marcam a transformação da fera. Seu aspecto é transformado à imagem que tinha antes da maldição lançada. A bela o transforma. Essa mudança ocorre inclusive com os objetivos que serviam que passam a ser vistos como pessoas. Temos uma fera dentro de nós. Uma fera que nasceu com a maldição lançada no Éden. Essa fera muda o nosso aspecto e nos deixa com uma forma terrível que afeta até mesmo como vemos as coisas ao nosso redor. Nosso ego é tão grande que tudo é para nos servir. E ficamos monstruosamente feios e estranhamente tristes. Isso só muda quando Cristo surge na cena de nossa história. Cristo é como aquela bela. E nos apaixonamos por ele, o que é normal por ele ser muito belo. Surpreendentemente ele se apaixona por nós, mesmo nosso interior tendo um aspecto feio e triste pelo pecado. A fera que habita em nós vai sendo transformada pelo convívio com a beleza de Cristo. O aspecto interior é transformado. A visão é melhorada. Objetos de serviço passam a ser pessoas. E o aspecto adâmico inicial é restaurado e fera se torna como a bela.

Vale lembrar que essa transformação é um processo contínuo que cessa somente quando subirmos à glória de Deus Pai. Até aquele dia, haverá uma fera dentro de nós. Uma fera que vai querer nos controlar a qualquer custo. Uma fera que é amansada apenas com convívio diário com a beleza de Cristo. Eu percebo que essa fera ganha força quando minha dedicação à oração e meditação na palavra diminui. Percebo também que essa fera fica devidamente quieta quando minha vida de oração e meditação está em dias. É como se a cada oração e meditação, a dança com a beleza do Cristo Santo de Deus transformasse nosso interior grotesco e rude em interior nobre com toques de realeza do alto.

SEPARAÇÃO


Talvez essa seja a palavra mais difícil da santa ceia. A separação. A ceia do Senhor começa quando Judas se retira. Não houve ceia enquanto Judas estava na mesa. Havia traição em Judas. Havia morte em Judas. A ceia foi o momento de separação da igreja com Judas.

Em Êxodo 12, essa ruptura também foi mencionada. O povo de Deus tomou sua ceia em preparação para saída do Egito. Israel seria definitivamente removido do Egito. Até aquela ceia, Israel estava dentro do Egito. Mas aquela ceia marcava a morte dos primogênitos e a consequente separação entre Israel e Egito.

Em Mt 26, houve a ruptura entre a igreja e Judas. A ceia era tomada como se fosse a última noite da igreja na terra, e assim deve ser. A ceia fala da morte dos Judas primogênitos que tentam participar de nosso convívio. A ceia é a mensagem de deixar tudo aquilo que é traição para trás. A ceia é a mensagem urgente de que haverá morte eterna se formos contados como Egito. A ceia é uma separação com a falsidade. Judas comia do prato de Cristo só até aquela ceia. Depois da ceia, sua falsidade foi desmascarada. A ceia do Senhor começa quando tudo é revelado, nada fica escondido. Judas morreu na noite da morte dos primogênitos do Egito, pois o mundo é sua paixão e habitação. A igreja remanescente, contada naquela ceia com onze pessoas, tem sua paixão nas palavras do seu Cristo. Não tem para onde ir, pois somente seu Cristo possui as palavras de vida eterna. Ceia fala da morte do nosso velho “eu”, de decisão, de separação com tudo aquilo que pode nos levar à morte eterna. A ceia, portanto, fala de escolha entre a morte eterna, simbolizada por Judas e pelos primogênitos egípcios, e da vida eterna, apontada pelas palavras de Cristo que naquela mesma noite foi levado como ovelha muda ao matadouro, vencendo a morte ao terceiro dia. Ceia fala disso, a separação entre a morte e a vida, de Egito e Israel, de Judas e a igreja.

PENSE NISSO…


A santa ceia nos trás uma trilogia. São três palavras que devem estar escritas em nosso coração.

SUBSTITUIÇÃO: pois Cristo substituiu o elemento amargo pelo doce.

TRANSFORMAÇÃO: pois Cristo, com sua beleza, é capaz de transformar a fera que habita em nosso interior.

SEPARAÇÃO: pois Cristo ministra a santa ceia quando houve separação da igreja com Judas traidor.

Posso assegurar que Cristo pode substituir todos os elementos amargos da sua vida, por outros mais adocicados. Substitui o incompleto pelo perfeito. O antigo pelo novo. A causa da tristeza, por uma constante alegria. Cristo pode substituir incontáveis noites de insônia por prazerosas orações de madrugada. Cristo é quem muda a ansiedade por descanso. A substituição é feita por Cristo, para benefício de quem está na mesa. Os discípulos nada levaram para a mesa. Apenas se sente, permaneça na mesa e contemple o alimento novo que Cristo lhe oferece. É na mesa que se percebe as substituições que somente Ele é capaz de fazer.

Mas essa não é a mensagem completa. É preciso falar também de transformação. Precisamos reconhecer que o monstro do nosso interior somente é transformado pelo convívio com a beleza de Cristo. Pegando o pão, Cristo disse “esse é meu corpo”. Pegue a fera de dentro de você e diga “agora esse é o corpo de Cristo”. Cristo levantou o pão, então levante seus comportamentos de fera e proclame “isto agora é corpo de Cristo”. Se teus olhos te envergonham, se tuas mãos te escandalizam, se teus pés te levam à lugares profanos, pegue seu corpo agora mesmo e declare “isto é corpo de Cristo”! Cristo também tomou o cálice e disse “isto é meu sangue”. Tome em suas mãos a forma cheia de suas atitudes inadequadas e as transforme pelo sangue de Jesus! Transformação é uma questão de atitude e disciplina em obedecer e conviver com o Cristo Santo.

Ainda é necessário falar de separação. Ou andamos com pessoas que fortalecem nossa unção, ou com pessoas que despertam nossa carne. Ou nosso convívio é com pessoas que seguem as palavras de vida, ou com outros cujo caminho é o da morte. Com traidores ou com edificadores. Separação é questão de decisão. Separe-se do Egito e caminhe rumo a uma nova terra e um novo céu. Separe-se do Egito e caminhe no caminho trilhado por Cristo. O caminho de Cristo começa simples como uma manjedoura, mas termina glorioso à destra de Deus Pai. Decida-se pelo caminho de Cristo, que é marcado por perseguições e aflições, mas ainda assim é encontrado na Casa do Pai. O caminho é apertado, mas faz um pescador de peixes virar um pescador de homens. Permaneça no caminho e que seja substituído toda religiosidade farisaica por um rio cujas águas jorram para a vida eterna. Separe-se do mundo, ainda que seja necessário carregar uma pesada cruz. Digo-lhe que vale a pena, pois ao terceiro dia a morte e o inferno já foram vencidos pelo Cristo ressurreto. Separe-se daquilo que te leva à morte e receba a vida do Primogênito de Deus. Separe-se da roda dos traidores e escolha ficar na mesa dos discipuladores. Assim como houve uma separação de Israel com o Egito, que haja uma clara separação entre você e o mundo.


Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada no Culto de Santa Ceia, em 07 de Fevereiro de 2021.
Igreja Santuário do Altíssimo
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