quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Salmos 50 e o sacrifício de louvor

 




O forte Salmo 50 começa declarando o governo de Deus. O poderoso Deus que fala e chama a terra do nascimento do sol até ao seu ocaso. Um tempo todo, inteiro, em que Deus direciona, sem cessar, sua palavra à Terra. Sião é declarada como perfeição da formosura, o centro do resplendor divino. 


O Deus que não se cala, que não se esconde, virá. E sua vinda é acompanhada de grande reação da natureza. É a criação reagindo ao seu criador. 


Nessa introdução gloriosa, Deus chama dois grupos para ouvi-lo. O primeiro, no versículo 7, é chamado de “povo meu”. O segundo, no versículo 16, a palavra é direcionada ao ímpio. Veja o que Deus falou para cada grupo e permita que o Santo Espírito ministre em seu coração.


NÃO HÁ SACRIFÍCIO DE LOUVOR, SEM CONHECER A DEUS.



  • Ao povo meu


Deus chama seu povo para ouvi-lo. Antes de sua fala, a palavra ordena que seu povo o escute. O culto de seu povo passa pela análise daquele o qual o culto é destinado. O culto oferecido a Deus, é analisado pelo próprio Deus. O ritual ganha aprovação. Não há repreensão pelos sacrifícios e holocaustos. 


A análise do Senhor, porém, requer algo a mais do que os elementos ritualísticos. A palavra aponta para o que faltava no culto, o sacrifício de louvor. 


Esse tipo de sacrifício vai muito além do ritual, do cronograma e das ordenanças. 


Louvor significa: 

  1. admiração e honra por quem é louvado.

  2. gratidão em cumprir determinada tarefa.

  3. elogio.


O povo de Deus estava mecanizado. Perdeu a paixão por fazer a obra. O culto se tornou apenas um ritual bem elaborado, porém sem vida, sem cor, sem brilho. Que o Santo Espírito nos fale isso, para que possamos ter o sincero sentimento de honra por fazer a mais simples obra em prol do Reino do Nosso Senhor.


NÃO HÁ SACRIFÍCIO DE LOUVOR, SEM CONHECER A PALAVRA.


A sequência do Salmo vai mostrar a profundidade do que é o sacrifício de louvor.


O segundo elemento que faltava no culto, na análise do Senhor, era o pagamento dos votos.


NÃO HÁ SACRIFÍCIO DE LOUVOR, SEM CUMPRIR OS VOTOS.


Repare como está escrito: “paga ao Altíssimo os teus votos”. Veja que a palavra declara que os votos possuem um dono. São teus, e de mais ninguém. É algo exclusivo que apenas quem votou pode cumprir.


Votos e louvor estão juntos em Salmos 22.25: “O meu louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.”


O voto tem data de validade curta. Precisa ser cumprido com urgência, ou nos tornamos tolos. “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votes e não pagues.” (Ec 5.4-5)


São diversos votos que ficam esquecidos nos cantos da caminhada. Pessoas que falam 


  • quando eu tiver um emprego, serei dizimista

  • se Deus abrir uma porta de emprego, eu ainda continuarei empenhado na obra

  • a partir de segunda-feira, eu vou ler a Bíblia

  • vou jejuar uma vez por semana

  • vou entrar no grupo de assistência da igreja e ajudar o próximo

  • vou me dedicar mais

  • estarei nos cultos de ensino e de oração

  • eu terei mais paciência

  • vou ajudar mais na igreja

  • vou pagar minhas dúvidas


A cada sentença falada, um voto é feito. E a cada voto não pago, a lista das coisas desagradáveis aumenta.


O sacrifício de louvor e o pagamento dos votos estão unidos na sentença do versículo 14. O louvor do ritual deveria ceder espaço para o sacrifício do louvor, que é levantado por aqueles que cumprem o que dizem. Que honram o que falam. Pessoas cujo fazer é acompanhado pelo falar, e vice-versa. O sacrifício de louvor é levantado por aqueles que prezam por suas palavras, que não jogam suas palavras ao vento. Que são cumpridores do que dizem. São pessoas que dizem “eu serei” e de fato se tornam. Pessoas que dizem “eu vou”, e de fato, vão. Obreiros que dizem “eu ajudarei”, e de fato, ajudam.


A recompensa para esses está no verso seguinte:

“e invoca-me no dia da angústia; e eu te livrarei, e tu me glorificarás”.


Essa pequena palavra “e” faz ligação com a condição anterior. 


Quantas vezes o cristão está no dia da angústia e invoca o Senhor e nada acontece. Não seria o caso dele analisar se seus votos estão, de fato, em dias? Que a luz do Espírito acenda os cantos obscuros do nosso coração.


  • ao ímpio


A pergunta feita nos versículos 16 e 17 descreve esse grupo:


“Que tens tu que recitar os meus estatutos e que tomar o meu concerto na tua boca, pois aborreces a correção e lanças as minhas palavras para detrás de ti?”


Nessa pergunta, vemos 3 características desse grupo:

  1. Falam a palavra

  2. Não aceitam correção da palavra

  3. Colocam-se à frente da palavra 


A Palavra de Deus não é um livro de histórias do passado que você lê, como entretenimento ou informação. Muito mais que isso, a Palavra é para ditar o rumo da sua vida no tempo hoje, é para te livrar do caminho mal, causando mudanças internas.


Veja que a palavra está nos lábios desse grupo, em suas conversas. Porém, ignoram a mudança que a palavra pode provocar neles. A palavra não é seu guia, pelo contrário, ela fica em segundo plano.


Tropeçam pelo que sai de sua boca. Fazem encontros para falar mal do irmão. Chegam a pensar que Deus concorda com o que dizem (v. 21).


Repare, porém, meu irmão, que esse grupo não é aquele ímpio que está distante do convívio do primeiro grupo. Ambos os grupos estão sendo analisados no culto oferecido ao Senhor. Estão juntos. É como se fosse um grupo só, como se a impiedade ainda estivesse no meio do povo de Deus.


É como se a mensagem do Salmo 50 proclamasse que, quanto mais deixarmos nosso culto mecanizado, mais a impiedade vai crescer dentro de nós e sair pela nossa boca, naquilo que falamos e nem percebemos.


Sendo assim, a mensagem desse forte Salmo é que o maior remédio para a impiedade que está em nosso meio é o sacrifício de louvor com cumprimento de nossos votos.



  • Impiedade


A impiedade não pode ser ignorada, muito menos ser analisada como algo fora do nosso coração, como se fosse característica de pessoas que estão longe da igreja do Senhor.


NÃO HÁ SACRIFÍCIO DE LOUVOR, SEM TRATAMENTO DA IMPIEDADE DO NOSSO CORAÇÃO.


O renomado escritor cristão, Jerry Bridges, ensina que a impiedade é o pecado mais básico, mais amplo e o mais provável de ser a causa dos outros pecados. Define impiedade como viver sem pensar - ou pensar pouco - em Deus, ou na vontade de Deus, ou na glória de Deus, ou na dependência de Deus. É bem possível, um cristão ler a Bíblia e orar antes de sair de casa, porém, passar o dia entregue em seus afazeres, sem se lembrar de Deus e na sua dependência e responsabilidade perante Deus. Agindo assim, ficamos semelhantes ao vizinho decente, porém, ímpio!


O pensar e agir para glória de Deus deve ser comum ao humilde servo do Senhor. O cumprimento de 1Co 10.31: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. Esse “tudo” é levado em consideração pelo piedoso. Ele come e bebe para glória de Deus, trabalha e produz para a glória de Deus, se relaciona para a glória de Deus, faz compras e paga suas compras para  a glória de Deus… tudo que faz é com o objetivo de agradar a Deus.


Uma característica marcante da impiedade presente no coração do crente é quando o desejo de relacionamento com Deus é pouco, escasso e corriqueiro. 


Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?

(Salmos 42:1-2)

 

Ó Deus, tu és o meu Deus, de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água;

(Salmos 63:1)

 

Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo.

(Salmos 27:4)

 

São textos que mostram o quanto os homens de Deus do passado tinham uma enorme vontade de ter um relacionamento íntimo e profundo  com o Senhor. Bem parecido com o nosso próprio homem do passado. Que o Santo Espírito nos levante como homens e mulheres com essa profunda e constante sede do Deus vivo!



A piedade precisa ser praticada. Veja o que Paulo ensina a Timóteo:

“Mas rejeita as fábulas profanas e insensatas. Exercita-te na piedade” (1Tm 4.7)


O exercício da piedade ocorre quando rejeitamos o profano. A renúncia das coisas insensatas promove o fortalecimento da piedade.


Crescer na piedade (oposto da impiedade) requer comprometimento e exercício diário. Requer disciplina e empenho. Que possamos ter a consciência de que cada momento do nosso dia está debaixo dos olhos daquele que tudo vê. Que todos os nossos feitos sejam, de fato, para glória de Deus! Somente assim, vamos oferecer o sacrifício de louvor que Deus nos requer.



Reflita comigo…

O Salmo 50 inicia com a descrição gloriosa de Deus. Mesmo sendo tão majestoso, se inclina para terra e libera suas palavras ao seu povo. Analisa o culto de seu povo, aprovando o ritual e desaprovando a falta do sacrifício de louvor e descumprimento dos votos. Fecha sua exortação proclamando a impiedade daqueles que falam, mas não praticam a palavra. 


Impiedade é pensar que Deus não requer o cumprimento de nossas promessas. Impiedade é fazer as coisas como se Deus estivesse longe. Que sejamos alertados hoje pelo  Santo Espírito. Que a impiedade seja removida do nosso coração, na mesma intensidade que um dente podre é removido da boca. Que possamos colocar a palavra à nossa frente, em respeito, submissão e reverência ao Espírito. Que cada voto seja trazido à memória, para cumprimento… enfim, que possamos oferecer o sacrifício de louvor ao Senhor glorioso que governa toda a terra e que repara atentamente o seu culto.

 

Amém!

 

Erisvaldo Pinheiro Lima

Mensagem ministrada em Novembro de 2022, na Igreja Santuário do Altíssimo 

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