sábado, 9 de dezembro de 2017

Gabatá e o vale das decisões

Multidões, multidões no vale da decisão; porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão.
Joel 3:14

Ouvindo, pois, Pilatos este dito, levou Jesus para fora, e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, e em hebraico Gabatá.
João 19:13

Hoje é sexta-feira, encerramento desta inspirada campanha. Busquei no Senhor uma revelação para trazer para vocês. Deus mostrou-me uma palavra: Decisão!

Numa determinada sexta-feira, encerramento da obra pré sacrificial de Cristo, também foi um dia repleto de decisões.

O Senhor Jesus decidiu tomar o amargo cálice, em obediência à obra que o Pai lhe confiou. O apóstolo Judas Iscariotes decidiu entregar Jesus, a um preço de 30 moedas de prata. O apóstolo Pedro decidiu sacar a espada e defender Cristo e pouco tempo depois decidiu-se por nega-lo. Todos os discípulos decidiram fugir ao verem Cristo preso e amarrado com cordas. 

De todas as decisões daquela sexta-feira, a que foi mais detalhada pelos quatro evangelistas foi a decisão de Pôncio Pilatos. Os detalhes desta narrativa tem muito a ensinar aos humildes servos do Senhor que estão prestes a tomar importantes decisões.

Para entendermos o contexto da importante decisão de Pilatos, precisamos conhecer um pouco de sua história. A história de uma pessoa, seus sucessos e fracassos, tem enorme peso em seus momentos de decisão.

Segundo o Dr John Davis, em sua obra Dicionário da Bíblia, o governo de Pilatos foi marcado por motins e revoltas populares, além de decisões bárbaras. Sendo o quinto governador romano da Judéia, foi o primeiro a levar sua esposa para a sede do governo romano Jerusalém. De seu governo são mencionados, pelo menos, três históricos motins:

  1. Já em sua chegada em Jerusalém, ele colocou escudos com insígnias no templo. Isso causou escândalo entre os judeus, que enviaram representantes na residência oficial dos procuradores pedindo a retirada das insígnias. Pilatos, depois de frustradas tentativas de intimidá-los, foi obrigado a atender aos seus pedidos.
  2. Noutro momento, Pilatos decidiu usar o dinheiro do templo para construção de um aqueduto em Jerusalém, fato inadmissível para os judeus. Na ocasião, os judeus cercaram o tribunal com grande tumulto e vozerio. Esse motim terminou de forma trágica. Previamente avisado, Pilatos infiltrou soldados a paisana e armados no meio da multidão. Ao sinal do governador, eles atacaram com violência os amotinadores, matando alguns. Outros morreram pisoteados na fuga da multidão. O dito aqueduto foi concluído, porém, a animosidade contra Pilatos cresceu.
  3. Houve outra tentativa de Pilatos colocar escudos em honra ao imperador no interior do templo de Jerusalém. Mesmo não tendo as insígnias, os judeus ficaram ofendidos. Os mais nobres de Jerusalém, foram até o imperador em Roma, que ordenou que Pilatos retirasse os escudos. Aumentando ainda mais o ressentimento entre o governador e o povo judeu. Pilatos ainda é descrito como um homem de disposição difícil, sem misericórdia e obstinado. Ele receava que os judeus procurassem o imperador para relatar sua corrupção, violência e castigos dirigidos ao povo judeu, não se utilizando de processos e julgamentos no tribunal. 

Seu caráter, revelado nesses vários episódios, também é observado no modo que tratou o caso do julgamento do Senhor Jesus. Pilatos não agiu segundo seu dever, e sim, segundo seu interesse. Isso é notório, pois, as perguntas "qual o meu dever?" e "qual o meu interesse" dividem um caráter justo do profano. Que o Santo Espírito nos mostre se agimos segundo nosso dever ou segundo nosso interesse.

As decisões de Pilatos durante o julgamento do Senhor Jesus possuem momentos cruciais, os quais, muito nos ensinam. Vejamos:

  • Primeiro momento
Os principais dos judeus acusam insistentemente o Senhor Jesus, que nada respondeu. Isso causou uma reação em Pilatos. Ele ficou maravilhado e quis interrogar pessoalmente o Senhor. 

Diante das ofensas e acusações, o silêncio ainda continua sendo a melhor resposta. Como Davi, que apenas se desviou das lanças que Saul arremessava, não devolvendo nenhuma delas.

  • Segundo momento
Eram três acusações contra o Senhor. Causador de motins, dizer ser rei dos judeus e se fazer Filho de Deus. Pilatos vai interrogar a segunda acusação. "Tu és rei dos judeus?". A resposta de Cristo mostra que ele sabe os que o conhece de si mesmo ou de apenas ouvir falar. Uma questão para  nossa meditação também. Assim, dizemos que ele é Cristo, porque os outros dizem ou porque o conhecemos e testificamos sua unção (Cristo = ungido). Dizemos que ele é o Senhor porque assim ouvimos e repetimos ou porque submetemos nossas vontades ao senhorio de Cristo. Dizemos que ele é nosso salvador porque assim aprendemos passivamente ou porque nos reconhecemos pecadores e vemos em Cristo nossa salvação? Que o Santo Espírito nos mostre essa importante diferença.

Pilatos rebateu afirmando que ele não era judeu e que foram os próprios compatriotas de Cristo que o entregaram. A resposta do Senhor mostra que seu verdadeiro povo não se restringe a uma nação física. Seu Reino não é deste mundo. Cristo afirma que somente os que são da verdade podem ouvir sua voz. Ao que Pilatos pergunta "o que é a verdade?" Parece que Pilatos ouvia a ministração de Jesus mas não ouvia a voz do Senhor. Interessante isso. Pilatos não ouvia porque não andava na verdade. Somente os que estão na verdade conseguem ouvir a voz do Senhor. Em meio a um louvor ou sermão, os que estão na verdade podem ouvir a voz de Cristo. Que o Espírito sempre nos conduza a andarmos na verdade de Cristo!

  • Primeira decisão
Pilatos julgou Cristo como inocente. E é nessa hora que toma a sua primeira decisão no julgamento do Senhor. Libertar o inocente ou se auto-promover? A estratégia de Pilatos mostra que ele queria libertar o inocente, porém tentou fazer isso usando de sua sabedoria e ineficaz poder de persuasão. Parece que ele queria mostrar aos principais dos judeus que conseguiria também convencer e manipular a massa que estava fora do tribunal. Movido de vaidade, ele apresenta Cristo inocente e Barrabás assassino diante da multidão. Tentar impor a sabedoria humana ante ao poderio de Cristo é um erro grotesco. Quando um ministro da palavra se envaidece através do Evangelho está cometendo o mesmo erro de Pilatos. A vaidade de Pilatos colocou Cristo e Barrabás diante da multidão. Pilatos teve sua culpa pela escolha do povo. Assim é quando o ministro apresenta Cristo ao povo, movido por vaidade. O povo acaba vendo apenas Barrabás. Que o Espírito verta do Sangue Carmesim purificando nossas intenções ante ao Cristo inocente!

A decisão do povo foi libertar o assassino e condenar o inocente à cruz. Essa opção ainda é apresentada para nossas tomadas de decisões. A vaidade humana ainda continua nos apresentando Cristo ou Barrabás. Ou decidimos por Cristo e seu Reino ou por Barrabás e o mundo. Ou um ou outro. Não tem como conciliar. Ou o Cristo santo ou Barrabás e o pecado. Ou o Cristo e sua glória ou Barrabás e o desânimo. Ou Cristo e sua morada celestial ou Barrabás e as concupiscências terrenas. O que decidimos hoje? Hebreus 6.6 mostra que nossa escolha pelo pecado leva Jesus mais uma vez ao vitupério da cruz. Que o Espírito nos convença em nossas decisões que possuem consequências eternas.

  • Segunda decisão

A esposa de Pilatos o aconselhou a não entrar nas questões daquele justo. Ela tinha tido um sonho com isso. Não faltou avisos para Pilatos tomar a decisão mais acertada. Diante da escolha da multidão pela libertação do assassino e condenação do inocente, Pilatos vai tomar sua segunda decisão naquela sexta-feira histórica. Ele mandou açoitar o inocente.

Repare que o pedido do povo foi que crucificasse o Senhor. Pilatos não queria fazer isso. Ele ainda vai tentar manipular o povo, mostrando que aquele inocente não era digno de morte. Se a acusação era de que ele se dizia rei dos judeus, Pilatos tentou desmontar essa acusação. Cristo foi apresentado ao povo com uma coroa de espinhos, vestido de uma capa cor de púrpura (vermelho escuro) e ainda todo ferido pelos açoites. Pilatos enfatizou dizendo "eis aqui o homem". Ou seja, um ensaguentado homem que não possuía nada da nobreza. Um insulto. Um mero escárnio.

  • Terceira e última decisão
Os judeus não ficaram satisfeitos. Movidos pela manipulação dos principais dos judeus, queriam mais que a flagelação e humilhação, queriam a condenação de morte na cruz. 

A terceira acusação é colocada em pauta: "porque ele se fez Filho de Deus". Pilatos, ouvindo isso, ficou atemorizado. A grande hora da decisão se aproximava.

O governador entra na audiência mais uma vez. Ele quer saber de onde Jesus veio. Cristo, porém, nada respondeu.

Era a primeira vez que Pilatos teve o silêncio de Cristo como resposta. Isso o incomodou. Sua declaração mostra o poder do livre-arbítrio. Poder de condenar ou de soltar. Esse é o poder da decisão que, como declarou Cristo, Pilatos não teria se não o fosse dado de cima.

Antes de sua decisão final, Pilatos precisava ouvir mais um assunto. Cristo ministra que os que o entregaram tinha ainda mais pecado. Pilatos tinha pecado e os judeus tinham ainda mais pecado. Antes de decisões sérias, precisamos ouvir isso. Ou temos pecado ou temos ainda mais pecados. É necessário a ciência disso para nossas tomadas de decisões.

Essa declaração calou Pilatos. Não teve mais perguntas. Não houve mais diálogos com o Senhor. A ciência do pecado, ou nos aproxima com humildade diante do Senhor Jesus ou nos escondemos em silêncio. Pilatos se afastou. Lavou as mãos e sujou sua alma.

  • Gabatá
Pilatos se dirigiu ao ponto mais alto do tribunal, chamado em hebraico de Gabatá, o lugar das decisões mais sérias. 

Os judeu aumentaram a pressão em Pilatos, dizendo que se o nazareno fosse solto, o governador não era amigo de Roma. Um recado muito bem dado. Ele tinha memórias desgastantes nesse sentido. Mais uma ida dos principais dos judeus em Roma e Pilatos perderia seu título de governador. Por isso, ele fez sua última tentativa "eis aí o vosso rei". Porque nisso consistia a principal das acusações. Como já tinha feito antes, Pilatos apresenta um rei ensanguentado, humilhado e com uma coroa de espinhos. Um homem sem parecer, nem formosura que não tinha nada de rei... Sentado em Gabatá, imponente, Pilatos esperava que o povo ainda desconsiderasse a pena de morte. 

Foi em vão. O coro do povo aumentou: "crucifica-o, pois não temos outro rei senão Cesar". Assim, Pilatos tomou sua decisão final e entregou o inocente à crucificação. O povo escolheu Barrabás. Pilatos escolheu seguir a pressão do povo. E Cristo decidiu aceitar todo aquele falso julgamento para ter sua morte expiatória pelos nossos pecados. Diante de tudo isso, qual decisão tomamos hoje?

  • Vale das decisões
O vale das decisões de Joel 3.14 está ligado escatologicamente com Zacarias 14.4. As multidões estarão no vale das decisões. Cristo colocará seus pés no Monte das Oliveiras, que se repartirá em duas bandas, ante ao peso da glória do Filho de Deus naquele grande dia. O que é monte se tornará em vale. A multidão tomará sua última decisão. Todo joelho se dobrará, toda língua confessará que aquele glorioso Jesus é o Senhor. Haverá choro de arrependimento, como chorou Judas. Homens se reconhecerão pecadores e desejarão santidade. Ateus se tornarão crentes. Todos motivados pelo que seus olhos os mostrarão naquele Dia. Lembremos, pois, que a bem aventurança é para os que não viram e creram. E a promessa é para os que andaram na verdade e ouvem a voz do Senhor, hoje. Sim, a voz mansa e delicada do Senhor Jesus chama hoje os que andam na verdade. Somente os que andam na verdade podem ouvir essa voz. 

Por isso, tome sua decisão hoje. Não importa quantas decisões erradas foram tomadas no passado. Hoje é dado a oportunidade da tomada de decisão mais acertada. Lembre-se que decisões erradas geram experiências e experiências geram decisões acertadas. Abandonemos a vaidade. Apresentemos Cristo sem vaidade, para que o povo não escolha Barrabás. Por outro lado, abandonemos a pressão das multidões. As multidões tomarão sua decisão talvez tarde demais. 

O profeta mais recomendado pelo nosso Senhor disse que é necessário que Ele cresça e eu diminua. Que possamos fazer o mesmo, decidindo por ouvir a voz do Senhor. Ouvir e dar ouvidos. Ouvir e obedecer. Escutemos hoje essa gloriosa voz e decidamos por dobrar os joelhos e confessarmos que Ele é o Senhor. Façamos isso hoje.


Que Deus te abençoe.

Bispo Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada em 8 de Dezembro de 2017, no encerramento da Campanha de Restauração.
Comunidade Evangélica Arca da Aliança.


Fonte de pesquisa:

Jhon Davis. Dicionário da Bíblia. Editora Hagnos

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Jesus apazigua casamentos




Jesus apazigua qualquer tempestade num casamento
Lucas 8,22-25


Pastor José Roberto

Graça e paz aos amados!

Em 2015 chegou um dia muito importante em minha vida ministerial: A celebração do primeiro casamento. Confesso que o período que antecedeu esse matrimônio foi de muita expectativa e ansiedade. Joelhos no chão e a pergunta que não queria calar: “Senhor qual o texto para a pregação nupcial? ”. A pergunta é totalmente pertinente pois Paulo nos ensina que: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; ” 2Tm 3,16(grifo meu) ...Fiquei pensando: “Senhor as bodas de Caná é um texto “clássico” para casamento”, mas não testificou. Aguardei a resposta do Senhor e Ele me respondeu com o texto de Lucas 8,22-25


“E aconteceu que, num daqueles dias, entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos para o outro lado do lago. E partiram. E, navegando eles, adormeceu; e sobreveio uma tempestade de vento no lago, e enchiam-se de água, estando em perigo. E, chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, perecemos. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança. E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem? ”  


Não posso negar a o quanto fiquei surpreso (e um pouco intranquilo kk) com a revelação desse texto, mas “deixa Deus te usar”. Daqui para frente vamos reproduzir o que foi ministrado naquelas bodas: 

“Meus amados irmãos podemos ver o casamento como o barco descrito no texto. Vemos os discípulos entrando no barco de comum acordo e junto com Cristo (o noivo). Acreditamos que vocês estão de comum acordo. Estão preparados para entrar nesse barco chamado casamento? Diante de toda a novidade, da empolgação, colocamos Jesus no barco e decidimos “passemos para o outro lado do lago” (v.22). A viagem decorre normalmente, a lua de mel, a casa nova toda arrumada, móveis novos, grandes expectativas e grandes planos. Conhecendo a história de vocês eu sei o quanto esse casamento é um milagre. Mas para a glória de Deus vocês decidiram entrar nesse barco e também decidiram passar para o outro lado. 

Mas as afirmativas acima nos levam a outro questionamento: Quando ou se a tempestade de vento vier sobre o barco e ele começar a se encher de água? Todos nós passamos por um período de adaptação em nossos casamentos, uns mais tranquilos outros mais intensos...manias vindas de berços, criações totalmente diferentes, posições soberbas que acham que “posso resolver tudo o que vier, qualquer tempestade pois amo muito meu cônjuge”, mas há coisas que só o amor Eros não é capaz de tratar...problemas financeiros, sim, todos estamos sujeitos a isso. Qual a atitude de vocês diante de tal condição? O texto nos direciona para a solução. Como se pode ver na figura, Cristo dormia no fundo do barco. Então o que devemos fazer? 

Devemos descer. Isso mesmo, devemos descer do alto de nossa soberba e ir buscar ajuda em que realmente pode fazer a diferença. Clame: “Mestre não te importa que pereçamos? ” Mateus 4,38b. Aleluia. Quando clamamos Ele vem em nosso socorro. Talvez diante da situação nova e assustadora vocês não conseguirão “exercer” sua fé, temerão, mas O Senhor vem em socorro dos seus.  

Agora amados noivos, a parte mais importante que não poderão jamais deixar de ter: Cristo no seu barco, Cristo em seu casamento. Permita não só que Ele durma no fundo do barco, mas que ELE transite em todos os compartimentos, permita que ELE tome o leme desse barco, coloque o cordeiro Santos como capitão do seu barco, do seu casamento. Essa é a atitude vital para que seu barco não afunde...tempestade com certeza haverá algumas, pode vir o vento que for, o mar pode se agitar sobremaneira, mas se o teu barco estiver sendo conduzido por “quem até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem” (v25) tudo ficará bem.   

Que a presença de Jesus seja uma constante em seu casamento.”



E foi isso que o Senhor ministrou no dia 23/05/2015 na primeira celebração de casamento do meu ministério. Toda honra e toda glória seja dada ao Cordeiro Santo.


  • Pastor José Roberto é teólogo formado pela Faculdade Evangélica de Brasília, pela misericórdia do Senhor, está à frente da Igreja Batista Vidas em Resgate – Recanto das Emas/DF. Marido da Pastora Naira Nogueira, pai da Diaconisa Naianne e Sogro do Diácono Pedro Ivo.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Centurião de Cafarnaum: exemplo de fé e modelo de amor

Centurião de Cafarnaum: exemplo de fé e modelo de amor
E, depois de concluir todos esses discursos perante o povo, entrou em Cafarnaum.
E o servo de um certo centurião, a quem muito este muito estimava, estava doente e moribundo.
E, quando ouviu falar de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeus, rogando-lhe que viesse curar seu servo.
E, chegando eles junto de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno que lhe concedas isso.
Porque ama a nossa nação e ele mesmo nos edificou a nossa sinagoga.
E foi Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou-lhe o centurião uns amigos, dizendo-lhe: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; e, por isso, nem ainda me julguei digno de ir ter contigo; dize, porém, uma palavra, e o meu criado sarará.
Porque também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu poder, e digo a este: vai; e ele vai; e a outro: vem; e ele vem; e ao meu servo: faze isto; e ele o faz.
E, ouvindo isso, Jesus maravilhou-se dele e, voltando-se, disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé.
E, voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo enfermo.
(Lc 7.1-10)

No relato bíblico acima, vemos a história do Centurião de Cafarnaum. O Senhor Jesus o destacou como exemplo de fé, dizendo "nem ainda em Israel tenho achado tanta fé". Vemos também, um belo modelo de amor nesta passagem, pois este centurião tinha uma sincera afeição pelo seu servo e amava Israel, enquanto que a maior parte dos romanos desprezava.

O centurião era a espinha dorsal do Império Romano, liderando uma tropa de 100 soldados. Era o primeiro degrau de liderança das tropas romanas. Havia também, o oficial da corte, que liderava 600 soldados. E, ainda, o oficial da Legião, que liderava uma tropa com 6.000 homens. Assim, numa legião romana, havia 60 centuriões. Dependendo do caráter que apresentavam, poderiam subir de cargo.

Essa passagem é registrada por Mateus e Lucas. No Evangelho de Mateus, parece que o centurião vai pessoalmente. No Evangelho de Lucas, vimos que são os anciãos que vão a pedido do centurião. Isso pode ser explicado de forma simples. Mateus aborda vários assuntos no Evangelho que escreveu, omitindo fatores secundários. Lucas é mais minucioso, abordando menos assuntos, porém, com uma riqueza de detalhes maior. Mateus emprega a regra: "o que se faz por meio de outro é considerado como se feito por si mesmo". Assim, não há contradição alguma entre os relatos.

  • Modelo de amor

O centurião enviou os anciãos para que rogassem a Jesus que fosse curar seu servo. Os anciãos fazem mais que isso. Eles intercedem muito e ainda declaram que o centurião é digno de receber sua petição. Esses anciãos tipificam a ação do Santo Espírito, que intercede por nós (Rm 8.26), pois nessa hora não sabemos pedir como convém.  Os anciãos atestaram o pedido do Centurião, declarando o amor que ele tinha. Tal ação também é feita pelo Espírito Santo, que Ele encontre esse mesmo modelo de amor em nossos corações.

O modelo de amor do centurião, selado por digno pelos anciãos, é este: 

  1. Ele amava seu servo (a quem este muito estimava)
  2. Ele amava o povo de seu servo (porque ama a nossa nação)
  3. Ele edificou o local de oração do servo (edificou a nossa sinagoga)

Repare bem, querido leitor, que este é o modelo de amor, que recebe o selo de dignidade do Santo Espírito e, ainda, que faz o Senhor Jesus se mover.

O amor pelo servo é demonstrado quando o centurião amou o povo do servo. Amar uma pessoa sem amar o povo dessa pessoa não é um modelo bíblico. Pergunte isso para qualquer mãe: "eu amo a senhora, amo muito, só não amo seus filhos". Ela não vai se sentir amada. De maneira alguma. Se ela for mãe de vários filhos e receber uma declaração de amor assim: "amo a senhora, amo seus filhos, só um que não amo", ainda assim, ela não se sentiria amada por completo. Amar de verdade uma pessoa, implica amar o povo dessa pessoa. O centurião amou o servo e também amou o povo do servo. Que o Espírito no ensine isso.

O centurião amou o servo. Amou o povo do servo. E, para completar o modelo do amor, edificou o local de oração do servo. O local de culto do servo foi beneficiado pela afeição do centurião. Amor que é demonstrado e testemunhado pelos anciãos que declararam "És digno". Querido leitor, sei que você tem causas que tens levado até a presença do Senhor Jesus. São situações, petições ou até mesmo pessoas, que você não quer perder. Assim como o centurião não queria perder o servo dele para a doença, pois o amava, também temos causas, situações ou pessoas que também não queremos perder. Uma mãe não quer perder o filho para o mundo e suas concupiscências, pois é seu filho e ela o ama. Uma esposa não quer perder seu marido, pois é seu, e o ama... Mas, repare que a petição do centurião foi atestada pelos anciãos com o selo "és digno, pois amou o servo, amou o povo do servo e edificou o local de oração do servo". Rogo ao Senhor para que nossas petições também sejam seladas com o modelo de amor do centurião de Cafarnaum. 

Logo que a petição foi selada pelos anciãos o Senhor Jesus se moveu em direção à casa do centurião. Orações seladas pelo Espírito Santo, faz mover o poder da glória do Senhor em direção à causa da petição.


  • Modelo de fé


Quando já estava próximo à casa, o centurião enviou uns amigos até Jesus. Na primeira cena, ele enviou os anciãos. Na segunda, enviou uns amigos. Os anciãos tipificam a ação do Espírito Santo. Os amigos não tipificam outra coisa a não ser a ação dos amigos mesmo. Quem tem o selo do testemunho do Espírito, tem amigos. Lembre-se que os anciãos aumentaram e melhoraram a petição do centurião, ação que o Espírito também nos faz, enquanto que os amigos relataram exatamente a fala do centurião. Amigos são assim, e devem mesmo ser assim, não acrescentam nada do que falamos. O amigo Espírito Santo é assim, melhora nossa oração com gemidos inexprimíveis. Que tenhamos a alegria de termos os dois.

O modelo de fé do centurião é destacado por Jesus quando os amigos trazem a petição. É o momento em que Jesus se maravilhou. Veja:


  1. Não sou digno
  2. Sou homem sujeito à autoridade
  3. Tenho soldados sob meu poder
  4. Basta uma palavra

Os anciãos disseram "ele é digno". Os amigos, porém, disseram "não sou digno". Os anciãos testemunharam a dignidade do centurião. Os amigos reproduziram a fala do centurião. Isso mostra a humildade que ele tinha. Não se considerava digno, embora as pessoas à sua volta o considerasse. Jesus começa a se maravilhar.

O centurião era o menor dos líderes dos oficiais romanos, como mencionamos anteriormente. Havia outros líderes acima dele. Embora líder, era sujeito aos seus superiores. Homem sujeito à autoridade. E o exemplo de fé está sendo atestado pela reação do Senhor.

Exercia sua liderança. Dizia vai, vem e faça e seus soldados atendiam. O seu modelo de liderança é o amor e fé. Líderes cheios de fé e de amor são exemplos.

E, para completar sua declaração de fé, ele disse "basta uma palavra e meu servo sarará". Oh que declaração maravilhosa mesmo. Uma única palavra do Senhor e toda a situação é mudada. O centurião exercia autoridade sobre seus soldados. Mas, somente Jesus tinha autoridade sobre aquela doença. Que possamos ser consolados com essa fé de que basta uma palavra do Senhor e toda situação mudará, porém, sem esquecermos do que ela foi acompanhada. Junto com esta belíssima declaração, o centurião também disse "não sou digno", "sou homem sujeito à autoridade" e "tenho soldados sob o meu poder". Que estejamos atentos a isso. Acreditar que basta uma palavra do Senhor e toda situação terá uma mudança. Isso deve ser acompanhado com uma atitude de humildade, pois não somos dignos, de submissão e, também, por uma boa consciência que estamos fazendo as atribuições que nos foram confiadas. Esse é o modelo de fé. 


Pense nisso...

Na linda história da petição do centurião de Cafarnaum, temos um exemplo de fé e um modelo de amor. O Senhor Jesus atestou a fé daquele oficial dizendo que nem em Israel encontrou tamanha fé. Os anciãos, que tipificaram a ação do Espírito Santo, atestaram o amor do centurião dizendo que ele era digno, pois amou o servo e o povo do servo. Rogo ao Senhor para que esse modelo de fé e de amor sejam encontrados nos dias de hoje.

Amém.


Bispo Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada em Agosto de 2017
Comunidade Evangélica Arca da Aliança.

Fontes de pesquisa:

COMENTÁRIO BÍBLICO MOODY. Editado por Charles P Pfeiffer e Everett F Harrison. Editora Batista Regular do Brasil

BÍBLIA REVELADA - Novo Testamento - Ômega. Traduzida, comentada e editada por Aldery N. Rocha

ENCICLOPÉDIA DA VIDA DE JESUS. Louis-Claude Fillion. Editora Central Gospel.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

7 nomes bíblicos escolhidos por Deus

sete nomes bíblicos escolhidos por Deus
Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedra branca com um novo nome nela inscrito, conhecido apenas por aquele que o recebe.                   Apocalipse 2:17

Sete nomes da Bíblia foram escolhidos por Deus. Cada um teve importante propósito na narrativa bíblica. Teve, também, uma provação ou luta envolvida com a escolha destes nome. E no final da Bíblia, no livro do Apocalipse, há uma intrigante promessa envolvendo um novo nome aos que vencerem. Veja, querido leitor, os sete nomes da Bíblia que foram escolhidos por Deus, além da vitória que cada um teve, e permita que o Espírito Santo fale contigo:


  • Ismael

Eis que concebeste e terás um filho, e chamará seu filho de Ismael, porquanto o Senhor ouviu tua aflição (Gn 16.11)
Seu nome significa: aquele que Deus ouviu. Na rejeição de Agar, mãe de Ismael, Deus a visitou e a orientou. Deus sempre pede aos homens que façam o melhor, ainda que o melhor seja o mais difícil de fazer. Agar teve que voltar e se humilhar perante Sara. A prova e luta aqui envolve rejeição. Agar, mãe de Ismael, teve que vencer os sentimentos que nascem da rejeição. Com isso, Deus fez uma aliança com Agar.


  • Isaque

Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, chamarás seu nome Isaque; e com ele estabelecerei o meu concerto, por concerto perpétuo (Gn 17.19)
Seu nome significa: riso. Abraão e Sara riram diante da promessa de terem um filho. A idade de ambos já era avançada e, além disso, parece que Sara era estéril. Repare que não há uma reprovação de Deus diante do riso do envelhecido casal. Não parece ser um riso de dúvida, e sim, de intimidade. Abraão e Sara tinham muita intimidade com o Senhor. A prova que passariam era justamente a questão de suas idades. A prova do tempo.


  • Salomão

Eis que o filho que nascer será de repouso... portanto, Salomão será seu nome, e paz e descanso darei a Israel (1Cr 22.9)
Seu nome significa: repouso ou aquele que pacifica. Para melhor compreendermos a prova e luta que envolveu a escolha de seu nome, devemos verificar alguns versículos adiante, veja:
Então prosperarás, se tiveres cuidado de fazer os estatutos e juízos do Senhor (1Cr 22.13)
Essa é a base da prosperidade em qualquer área da nossa vida, obedecer ao Senhor. Salomão obedeceu durante toda a sua infância e juventude e prosperou mais que todos os homens de seu tempo. Esta é a prova e luta que envolveu a escolha de seu nome. A prova de obedecer ao Senhor, como princípio para a prosperidade que Deus tinha para Salomão.


  • Josias

Altar, altar! Assim diz o Senhor: eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias. (1Rs 13.2)
Seu nome significa: Deus trará salvação. Veja que a profecia é dirigida ao altar. Deus olha e zela pelo altar. Jeroboão, o primeiro rei de Israel depois da divisão, teve sua mão secada ao tentar impedir a ação do Senhor contra o altar. É a prova e teste da pureza do altar. Josias restaurou e purificou o altar, e, por isso, ficou conhecido com o último dos "bons" reis de Judá.


  • Ciro

Ciro é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Sê edificada, e ao templo, funda-te. (Is 44.28)
Seu nome significa: Aquele que tem autoridade. É interessante notar que esta profecia foi liberada 150 anos antes do nascimento do rei persa. Foi um dos não judeus que foi levantado por Deus para benefício de Israel. O povo de Deus estava passando pela prova do tempo de desamparo, fruto de sua própria obstinação.


  • João Batista

Não temas, pois a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher dará a luz a um filho, e lhe porás o nome de João. (Lc 1.13)
Seu nome significa: Graça de Jeová. Zacarias sonhava em ter um filho. Seu sacerdócio era hereditário. Seria sua maior herança. Deixar de ter um filho, e assim, seu sacerdócio não ter continuidade, era sua maior prova. Zacarias tinha realmente uma necessidade ter um filho. Ao mesmo tempo, Deus precisava enviar sua "voz que clama no deserto". Os resultados são poderosos quando se unem a necessidade de um homem com a vontade de Deus!


  • Jesus

E dará a luz um filho, e chamarás o seu nome Jesus, por que ele salvará o seu povo de seus pecados. (Mt 1.21)
Seu nome significa: Salvação ou Senhor da salvação. É o ápice desta lista. O último nome bíblico que Deus escolheu. Também é o principal deles, pois é aquele que salvará o seu povo de seus pecados. Sua prova e luta também estão inseridas nesta declaração. Ele venceu e tratou o pecado. E ainda, oferece essa vitória sobre o pecado para aqueles que creem em seu nome.

E tantos quantos forem salvos por este Senhor da Salvação terão o gozo e galardão de receberem um novo nome na glória. Estes salvos receberão um novo e derradeiro nome. Por enquanto, a descrição do nome segue em mistério, mas naquele grande Dia, conheceremos nosso verdadeiro nome escolhido pelo próprio Deus.

Dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra, um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe. (Ap 2.17)

Repare que esta intrigante profecia foi liberada à igreja de Pérgamo, que é acompanhada com a declaração AO QUE VENCER...

Por isso, querido leitor:

  1. Vença os sentimentos da rejeição, como a mãe de Ismael;
  2. Vença a prova do tempo, como os pais de Isaque;
  3. Vença as tentações da desobediência, como Salomão;
  4. Vença qualquer impureza do altar, como Josias;
  5. Vença o tempo de desamparo, como os judeus do tempo de Ciro;
  6. Vença as forças dos seus sonhos, alinhando-os nos projetos de Deus, como Zacarias;
  7. Vença o pecado, em Jesus Cristo, o Senhor da Salvação.
E assim, lhe será dado um novo nome, escrito numa pedra. Um nome escolhido por Deus. Isso é uma notícia incrível, pois teremos a oportunidade de termos nosso nome nesta seleta lista de nomes escolhidos por Deus. Não se esqueça que cada um desses nomes, estava associado a alguma prova, por isso, devemos vencer cada prova que for surgindo. Veja, também, quão forte foram os propósitos na vida dos sete homens que tiveram seus nomes escolhidos pelo Senhor. Por isso, vença!

Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedra branca com um novo nome nela inscrito, conhecido apenas por aquele que o recebe. (Ap 2.17)


Amém.

Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada na Comunidade Evangélica Arca da Aliança, em Fevereiro de 2017.


Fonte de apoio:



segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Pessoas precisam de pessoas: um comparativo na história de Jonas e Elias

Pessoas precisam de pessoas: um comparativo na história de Jonas e Elias
Jonas 4.1-11
1Reis 19.1-21

Existe um grande ensinamento na história dos profetas Elias e Jonas. Existe também, uma semelhança notável entre o dois. O primeiro esteve numa caverna, o segundo, numa aboboreira e ambos desejaram o fim de seus ministérios e até de suas próprias vidas. Nos dois casos, Deus vai mostrar algo simples e ao mesmo tempo desafiador para a cura de seus humildes servos. Elias e Jonas vão aprender que pessoas precisam de pessoas! Veja, querido leitor, esse ensino tão válido para os nossos dias e permita que o Santo Espírito fale contigo:

  • A dor e tristeza de Jonas

Os quatro capítulos do livro do profeta Jonas nos mostram uma história que é muito importante para os nossos dias. Embora o quarto capítulo seja menos conhecido, é o ponto chave para este estudo.

Jonas realizou uma grande obra. Uma cidade inteira se converteu de seus maus caminhos. A palavra revelada que Jonas liberou tinha apenas sete palavras. Ainda quarenta dias e Nínive será subvertida. Ele resistiu, à princípio, fugiu e foi parar no ventre do grande peixe. Mas acabou liberando a palavra que mudou a história da grande Nínive. E é aí que começa a dor e tristeza de Jonas.

O profeta monta uma cabana num lugar estratégico par ver se em 40 dias Nínive seria subvertida. A destruição não veio. O arrependimento da cidade mudou a sequência de destruição. Quão poderoso é o arrependimento sincero!

E assim, as emoções de Jonas ficam expostas e ele deseja a morte. Grandemente deprimido, Jonas passa a um estado de grande alegria. Essa mudança repentina ocorre porque uma planta nasce da noite para o dia. Jonas fica embaixo desta aboboreira. O calor é amenizado. Mas, da noite pro dia, a planta morre. Jonas volta a se entristecer amargamente. Deus manda um vento oriental e o forte calor faz Jonas padecer muito, a ponto dele pedir a morte pela segunda vez.

Por que Jonas ficou mal? Porque a aboboreira morreu. Por que Jonas ficou mal? Porque o sol escaldante estava sobre sua cabeça. Mas ele não conseguiu ficar mal pelas pessoas de Nínive. A aboboreira, no coração dele, tinha mais valor que as pessoas de Nínive. Seu bem estar físico tinha muito mais valor do que as 120 mil pessoas de Nínive. Essa é a síndrome de Jonas, onde as coisas tem muito mais valor que as pessoas.

Pessoas precisam de pessoas, Deus estava ensinando isso para Jonas. O profeta não precisava de uma aboboreira. Não precisava de uma sombra sobre sua cabeça. Jonas precisa era se compadecer pelas pessoas que estavam diante dele. Havia uma cidade inteira diante de Jonas e ele chorava por causa de uma planta!

  • A dor e tristeza de Elias

Ao receber a notícia da morte dos 400 profetas e que seu nome era o próximo da lista da macabra Jezabel, Elias experimenta um forte abatimento. Sua caminhada é interrompida. Sua tristeza o leva a desejar a morte. O Senhor manda um anjo que serve um revigorante alimento. Elias, renovado e cheio de força, volta a andar. Não dura muito tempo e sua caminhada é interrompida de novo. Mesmo abatimento e mesma tristeza que o leva a desejar a morte novamente. E o Senhor das renovantes misericórdias envia seu anjo mais uma vez. O profeta recebe o revigorante alimento e volta a andar. Parece um replay mesmo. Já são duas paradas e duas intervenções divinas. É como se agora sim, as coisas vão andar... mas... Elias não apenas pára novamente... ele vai pra o fundo de uma caverna. Realmente ele não estava bem.

Mesmo tendo recebido o revigorante alimento por duas vezes, seu problema continuava martelando. As pessoas que ele tinha ensinado, os profetas que ele tinha levantado, estavam mortos! Quatrocentos homens que Elias tinha sido instrumento do Senhor para serem levantados, estavam mortos.

Na caverna, já era a terceira vez que Elias interrompia sua caminhada. Somos de uma geração onde há muitos obreiros feridos que se esconderam nas profundezas de cavernas da vida. (Querido leitor, recebemos diariamente mensagens de pessoas que foram tocadas numa das mensagens deste blog, Elias na caverna e as provas do vento, terremoto e foto, o que mostra que existem muitos Elias em cavernas nos dias de hoje. Para acessá-la, clique aqui).

O que me surpreende é que quando Elias chega ao ponto de entrar no frio de uma caverna, Deus não manda mais anjos, Ele o visita pessoalmente! Não usa uma voz de repreensão, pelo contrário, Ele faz um convite: "Vem"! Creio que o mesmo Senhor de Elias possa estar chamando pessoas na mesma situação de Elias, dizendo: Vem, saia daí, vem para fora!

Elias sai da caverna e vai para próximo de Deus. O Senhor usa algo incrível para curar seu profeta. Vai tratar a origem do problema. Ele diz:

Unge Hazael rei sobre a Síria
Unge Jeú rei sobre Israel
Unge Eliseu profeta
Também eu fiz ficar 7.000 profetas, todos os joelhos que não se dobraram a Baal.




Pense nisso...


Elias sai da caverna para levantar pessoas, ungir pessoas, e se encontrar com muitas outras pessoas!
Não há registro do que fez Jonas depois de sua tristeza na aboboreira.
A história de Elias teve um recomeço. A de Jonas, parece ter terminado. 
Elias valorizou pessoas. Jonas, valorizou aboboreira.
Que o Espírito Santo nos faça esse alerta para valorizarmos mais as pessoas e cada vez menos as coisas. 


Amém!


Erisvaldo Pinheiro Lima

Mensagem ministrada em Novembro de 2016, no 3º Encontro de Obreiros da Comunidade Evangélica Arca da Aliança.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Mendigues espiritual: uma valiosa lição na história de quatro mendigos da Bíblia

Aprendendo com os quatro mendigos da Bíblia
Bartimeu (Mc 10.46-47)
Lázaro (Lc 16.20-21) 
O cego (Jo 9.8)
O coxo (At 3.2)

Na minha adolescência eu li um livro que me deixou muito reflexivo. Tânia Zagury em "A Rampa" narra a história fictícia de Alberto, um engenheiro civil respeitado que mora num aconchegante apartamento com sua família. Esse personagem vive sucessivas situações de percas. Sua vida vira uma "rampa" levando-o a viver como um mendigo.

A palavra mendigo significa "aquele que sobrevive pela caridade do outro".

Lendo a história de Bartimeu, Lázaro, o cego de nascença e o coxo da Porta Formosa, o Espírito Santo me convenceu de também podemos viver dias de mendigues espiritual. Muitos de nós podemos estar vivendo dias em que nossa espiritualidade está decaindo como numa rampa, em decadência. Alguns podem até lembrar de dias, momentos ou de uma fase de glória tão grande... E se acostumarmos a ter uma vida espiritual em declínio, poderemos estar chegando perto de sermos mendigos espirituais.

Veja, amado(a) irmão(ã), a história destes quatro mendigos da Bíblia e permita que Santo Espírito fale contigo:


A Palavra do Senhor mostra que este mendigo estava na entrada de Jericó, à beira do caminho.
E de forma breve, o versículo relata que Jesus passou por ali, entrou em Jericó, esteve lá e saiu acompanhado por uma grande multidão e por seus discípulos. E, repare, foi neste momento que Bartimeu levantou a voz e clamou "Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim". Ou seja, Jesus passou pelo mendigo, esteve por algum tempo em Jericó e, somente na sua saída, é que Bartimeu pediu socorro. Um pedido de ajuda um tanto quanto demorado feito apenas na saída do Senhor.

Verdade é que, se você está passando por problemas sérios, não espere tanto pra levantar sua voz. Jesus pode já ter passado bem perto de você... Você já deve ter ouvido grandes histórias do que Ele já fez... E, agora mesmo, pode ser esse momento "de saída" do Senhor, não perca a oportunidade e clame por socorro! Na cena bíblica, alguns até tentaram silenciar a voz do pedinte... Verdade é também que quando estamos ficando quase à beira do caminho, vozes de acusação vem tentando nos silenciar... Se for teu caso, meu querido, aumente o volume da sua voz e, como fez Bartimeu, grite "Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim"! Não espere tanto pra pedir ajuda...

Há dois fatos sobre ele. Tinha chagas, que eram lambidas pelos cães, e tinha fome, que o fazia desejar o alimento do rico. Seu desejo não era tanto pela cura, embora suas chagas fossem terríveis. Ele desejava alimento. Queria se alimentar mas não podia. Os Lázaros de hoje também estão desejosos por alimento. Ele tem feridas, chagas, mas sua alma anseia mesmo é pelo alimento. Ele entende que ser for alimentado, suas chagas serão curadas. Mas, note, há algo entre ele e o alimento. Uma porta que está fechada.

Lázaro teve um grande galardão no céu. Devemos sempre termos essa viva esperança. Mas repare ainda na cena. Ele doente, a porta fechada, e o alimento após a porta. A cena retratada na história contada pelo Senhor, pode ilustrar muito bem a situação que passamos por diversas vezes. Essa porta há de se abrir. Tem que ser aberta. Os nutrientes daquele alimento são capazes de revigorar e curar toda mazela da alma. Cristo é esse alimento. O Pão Vivo que desceu do céu. Devemos abrir a porta de nossos corações para recebermos esse alimento. Principalmente quando estiver ferido.


Sua situação de cegueira é declarada já no início do texto. Porém, sua mendigues, apenas mais adiante. Começa cego, e mais tarde, é declarado mendigo. Há pessoas assim. Não conseguem ver o que se passa ao seu derredor. Perderam a visão. Não tem mais foco. Não possuem percepção. Como o cego de João capítulo nove, os de hoje sempre foram cegos, de nascença mesmo. É uma herança pecaminosa. Ou essa visão se abre, ou logo o estado de mendigues será declarado!

Interessante notar que somente depois que seus olhos foram abertos é que sua situação de mendigues foi declarada. Que o Espírito Santo abra nossos olhos o mais rápido possível para podermos ver a real situação em que nos encontramos. 

Foi trazido à porta do templo. Não conseguia ir só. Ele precisava que outros o levassem. Não entrava no templo, pois entendia que suas necessidades poderiam ser atendidas apenas na porta do templo. Oh que triste situação. Uma deficiência na alma.

Os coxos de hoje também precisam serem carregados para chegarem à igreja. Até sabem que possuem necessidades, mas não se envolvem, preferem ficar apenas na porta.

No texto do terceiro capítulo de Atos, os dois apóstolos olharam para os olhos do coxo. Ele teve que levantar a cabeça. Em seguida, foi encontrado fé em seus olhos. Isso é muito sugestivo. Levantar a cabeça e ter uma fé verdadeira encontrada nos olhos. Que isso seja soprado a todos que ainda precisam ir ao templo carregado pelos outros. É a esposa que só vai se o esposo ir. O filho que só vai se a mãe for... estes que quando vão, ficam apenas "na porta". 


Pense nisso...

Quatro mendigos, uma valiosa lição. Seja o Bartimeu que demora a levantar sua voz de socorro, o Lázaro ferido que anseia pelo alimento, o cego que mais tarde foi declarado mendigo e o coxo que precisava ser levado pelos outros para ficar apenas na porta... cada uma dessas histórias nos mostram que, mais que a cura física que cada um recebeu, houve um também um tratamento interno, na alma. 

A vida espiritual de um humilde servo do Senhor pode ter momentos de "rampa". São declínios que precisam ser tratados antes que ele chegue a um estado de mendigues espiritual. Esses humildes servos precisam levantar a voz de socorro o quanto antes. Precisam desejar o alimento do Senhor para cura de suas incômodas feridas. Precisam ainda que o Espirito abra seus olhos para enxergarem sua real situação. E, por fim, precisam sair da porta e entrarem de vez no templo!

Amém.

Bispo Erisvaldo Pinheiro Lima
Mensagem ministrada em Junho de 2017
Comunidade Evangélica Arca da Aliança.
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