segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Progredir cada vez mais

 




(Em oração, leia 1Ts 4.1-12)


Paulo já havia elogiado a igreja dos tessalonicenses (1.7). A fé e dedicação deles eram dignas de serem qualificadas como exemplo para toda a região da Ásia. O apóstolo ainda pretendia vê-los, mas vinha enfrentando forças adversárias que o impedia de ir até lá (2.18).


Agora, nesse trecho da carta, Paulo vai tratar de três pontos que ainda precisavam ser melhorados em Tessalônica. Por mais exemplar que fosse, aqueles irmãos tinham áreas que precisavam ser tratadas. O reconhecimento e o tratamento dos pontos negativos são importantíssimos na caminhada com Cristo. Aqui isso é descrito como CONTINUEIS A PROGREDIR CADA VEZ MAIS. 


Precisamos reconhecer nossos pontos fortes, desenvolvê-los para o pleno serviço a Cristo. Ao mesmo tempo, é necessário uma constante análise interior, com a ajuda do Espírito, para descobrirmos aqueles pontos negativos que precisam ser minimizados. Otimizar nossas potencialidades e minimizar nossas fraquezas.


Esse mergulho interior é interessante e necessário para o amadurecimento.


Paulo faz em 1Ts 4 o que todo pai ou pastor deve fazer. Valorizar os acertos, sem fechar os olhos para as falhas. Melhorando os acertos e trabalhando as falhas temos então o que o apóstolo chamou de PROGREDIR CADA VEZ MAIS.


Já vi cristãos usarem o temperamento ou sua naturalidade como desculpas para camuflarem erros constantes. 


E mesmo falando em temperamentos, podemos aplicar esse princípio paulino de PROGREDIR CADA VEZ MAIS, veja:


A psicóloga Lizandra Arita explica sobre os 4 temperamentos:


  • Sanguínos. 

São pessoas comunicativas e que possuem bom humor. 

Pontos fortes: Simpatia e facilidade de fazer novas amizades.

Pontos negativos: São impulsivos. Falta de atenção. Exageradas.

  • Fleumáticos.

São pessoas pacíficas, “fáceis de lidar”. Gostam da rotina e do silêncio.

Pontos fortes: Equilibradas e confiáveis.

Pontos negativos: Lentidão, indecisão, resistência a mudanças.

  • Coléricos

São pessoas explosivas, ambiciosas e dominadoras. São muito confiantes e não se abatem facilmente.

Pontos fortes: Determinação, liderança, praticidade.

Pontos negativos: egocentrismo, intolerância, impaciência.

  • Melancólicos

Pessoas sensíveis. Que não expõem seus sentimentos. Detalhistas, fiéis e desconfiados.

Pontos fortes: lealdade, dedicação e sensibilidade.

Pontos fracos: egoísmo, pessimismo, inflexibilidade.


O grande escritor de Inteligência Emocional, Daniel Goleman, explica que, embora existam pontos que determinam o temperamento, muitos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser modificados.


Então, temperamento não é destino, não é desculpa. 


Escorar na bengala da falsa desculpa de que “pau que nasce torto até suas cinzas são tortas” é a mesma coisa que desqualificar o poder de mudança que o Santo Espírito é capaz de produzir. 


Paulo era um judeu zeloso e perseguidor de cristãos e se tornou um cristão zeloso e perseguido pelos judeus. 

Pedro era impulsivo e falastrão e se tornou um líder e autêntico pescador de almas.

João era ambicioso e vingativo e se tornou atencioso e gentil.


A santificação ocorre quando há aperfeiçoamento, progresso interior, melhoria interna. Santificação é quando cooperamos com o trabalho do Espírito dentro de nós que nos leva a PROGREDIR CADA VEZ MAIS.


Visando a santificação, Paulo destaca três áreas que precisam de melhoria nos irmãos tessalonicenses. Questões de imoralidade, de caridade fraternal e de trabalho. Vamos meditar em cada uma delas, mas antes, vamos falar mais um pouco mais sobre santificação.


  • Santificação


Nossa fé precisa ser prática, de forma que aquilo que professamos seja visível em nossas atitudes e reações. Principalmente nessa segunda, pois ocorre de forma inesperada. 


Atitudes falam de como nos comportamos nas ocasiões normais do dia-a-dia.

Reações, de como nos comportamos quando ocorrem ocasiões inesperadas, quando coisas saem do controle.


Não apenas andar no caminho, mas precisamos aprimorar o andar no caminho. Se bem que, duvido eu, que quem não se aprimore esteja de fato no caminho. Jesus disse: eu sou o caminho a verdade e a vida. Vejo uma sequência nessa declaração. O andar no caminho nos leva ao encontro com certas verdades que nos confrontam e nos transformam e esse processo nos leva à vida de Cristo.


Falar de santificação é falar de valores em que o humilde servo do Senhor deve corresponder à vontade de Deus e não do próprio “eu”. Hoje eu comecei o dia orando assim: “ Senhor, te amo tanto que eu queria muito acertar mais para ti e errar menos contra ti, muito obrigado pela sua preciosa graça”.


Santificação vem do grego “agiasmos” e significa consagração e separação. 


Santificação então é estar consagrado com O Sagrado. Envolve tempo, contemplação, dedicação, meditação, oração, adoração, introspecção. 


Santificação é a separação da pessoa para Deus e para o serviço a Deus. Veja o que diz esses versículos:


Sabei, pois, que o Senhor separou para si aquele que é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a ele (Salmos 4:3)


Portanto, "saiam do meio deles e separem-se", diz o Senhor. "Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei" (2 Coríntios 6:17)


No primeiro verso, é o Senhor que separa a pessoa. No segundo, é a pessoa que atende à ordem do Senhor e se separa de certos meios. Santificação então ocorre quando Deus age e encontra correspondência no interior do homem.


Para avançarmos no Reino de Deus precisamos nos separarmos de várias coisas. Não apenas do pecado, embora isso seja primordial. Mas também de outras coisas menores. Eu tive que diminuir muito meu tempo de entretenimento pessoal para melhor me dedicar ao secreto com o Senhor. Não pense que isso seja um fardo que pese. Pelo contrário, o próprio Deus imputa alguns sonhos dentro de nós. E a renúncia com a busca no secreto  nos dá a sensação de que estamos na direção da realização desses sonhos. E isso é muito prazeroso. 


Verdade é que, sem santidade, ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). Mas faz-se necessário esclarecer que, aqui nesse mundo, não haverá uma santificação plena, pois “se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.” (1 João 1:8)  


Vamos, então, aos três pontos que Paulo exortou os irmãos tessalonicenses para santificação:


  • Sobre questões de imoralidade


A exortação é que “abstenhais da prostituição”. 


A palavra prostituição aqui significa qualquer ato de imoralidade sexual. 


Abstenhais vem do grego “apecho” e significa “distanciar-se de” e “manter-se afastado”. 


Isso nos ensina que, em se tratando de questões que envolvem imoralidade sexual, devemos nos distanciar das circunstâncias que são gatilhos e, ainda, nos manter distantes e afastados. Ou seja, se chegarmos perto, caímos.


A cultura da região dos tessalonicenses no primeiro século envolvia muito dessas questões de imoralidade. Eram tidas como questões inevitáveis e naturais. Eram tidas como hábitos normais. Em Corinto, por exemplo, que não estava distante dali, havia pelo menos 1000 sacerdotisas sexuais que serviam no templo pagão. Os lucros dessa prática de culto eram usados para manutenção do próprio templo e dos sacerdotes. 


A pregação de Paulo aponta para um ideal cristão de valores e princípios. Esses princípios são inalteráveis. Mudamos formas de abordagem, não o conteúdo. Construímos novos andares, mas o fundamento é o mesmo dos apóstolos, conforme Efésios 2.20 que diz “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular desse alicerce”.


Nesse ideal cristão, afirmamos e reiteramos que devemos nos abster da fornicação e do adultério. Fornicação é o sexo antes do casamento e adultério é o sexo fora do casamento. Minha oração é que os solteiros digam “eu vou esperar em Deus” e que os casados digam “eu vou honrar aquele que Deus me deu”.


O ideal cristão defende a monogamia, conforme 1 Tm 3.12 que diz “os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas”.


As religiões pagãs do tempo dos tessalonicenses, como os devotos de Afrodite, não apenas permitiam, mas também incentivavam a imoralidade sexual.


Por isso, Paulo teve que abordar esse assunto quando escreveu aos irmãos tessalonicenses, coríntios e romanos. 


Fato é que o casamento é uma bênção que nos foi dado como um presente do próprio Deus. Verdade é que o sexo é a saúde do matrimônio, por isso, não pode ser manchado pelo pecado.


Ou dominamos nossos impulsos ou somos dominados por eles.


Vale lembrar que quem não controla seus instintos carnais não herdarão o reino dos céus, pois 1 Co 6.9-10 diz “não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?

Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.”


No texto de 1 Ts 4, o termo vaso significa esposa. Assim, o casamento é o grande escape para se abster das questões de imoralidade. Tão logo o texto nos instrui a se abster da prostituição, nos leva à orientação de que devemos saber possuir nossa esposa. Sendo necessário vê-la como vaso em santificação e honra. 


E assim, temos o equilíbrio. Possuir nos remete ao instinto do homem. A palavra do Senhor orienta a direcionar toda essa energia masculina para a esposa. Ao mesmo tempo em que a esposa deve ser honrada como um vaso santo. Eis uma grande chave para o homem e para a mulher, tendo o casamento como uma verdadeira ferramenta de santificação.


Quando o texto diz “que cada um de vós saiba possuir seu vaso”, o verbo saber indica algo que é aprendido, ensinado. Precisamos aprender a honrar cada vez mais nosso casamento. E podemos aprender isso na própria palavra do Senhor e também com algumas ferramentas, como o curso Casados Para Sempre, que iniciaremos daqui algumas semanas. 


Quero, ainda, destacar o que diz o fim do versículo cinco, que diz que os gentios não conhecem a Deus. Esses de quem o apóstolo fala, viviam na prática da imoralidade porque não conheciam a Deus. Ao passo que conheceram a Deus, espera-se mudança nessa área. Conhecer a Deus implica abandono à imoralidade e não retorno a tais práticas. Parece que alguns tessalonicenses ainda estavam ainda presos a essas questões.


O versículo seis ainda está dentro desse assunto. Oprimir e enganar um irmão nesse assunto, é tornar o Senhor como vingador destas coisas. 


Verdade é que se estamos andando com Deus, não podemos olhar no retrovisor do nosso passado pecaminoso. É o Senhor, nosso condutor. Devemos descansar nele e… curtir a viagem. Somente descansando no nosso gracioso Senhor é que poderemos PROGREDIR CADA VEZ MAIS.



  • Sobre questões com o próximo


Na centralidade dos três pontos abordados por Paulo está o amor ao próximo. Amando verdadeiramente nosso próximo estaremos isentos de cair nas questões de imoralidade e também estaremos instruídos sobre questões do trabalho.


No versículo nove, Paulo diz que sobre a caridade fraternal, o próprio Deus é quem nos instrui. Estar cheio do Espírito, implica necessariamente ser cheio de amor ao próximo. Deus nos ensina porque não é algo tão simples na prática. Não é algo que se aprende de berço. 


Amar o próximo é uma parte fundamental na santificação. A palavra aqui volta a nos exorta a PROGREDIR CADA VEZ MAIS. 


Estar mais com Deus e ser nutrido com seu amor. Sentir seu afeto preenchendo todo o nosso ser ao ponto de fluir para as pessoas. 


Deus nos prova para que esse fluir de fato ocorra. 


Quero compartilhar uma experiência. Na oração de quinta-feira, eu orava para que o Santo Espírito nos desse estratégias e ferramentas para servirmos nossa comunidade local. E no meio da oração sua doce voz começou a fluir dentro de mim, dizendo que já temos essas estratégias e ferramentas. 


O projeto Esperança, que oferece aulas de futebol para crianças carentes, é uma estratégia. 

O projeto do Ballet, que oferece aulas de ballet para crianças carentes, é uma estratégia. 

As pessoas envolvidas na realização desses projetos são as ferramentas que Deus já nos deu para servir nossa comunidade local. 



  • Questões sobre o trabalho


Parece que em Tessalônica havia um grupo de pessoas que não eram dadas ao trabalho. Viviam ociosas e espalhando qualquer notícias nas praças. 

O versículo onze aponta para um único grupo de pessoas. Eram pessoas que viviam de doações da igreja. Usavam a volta de Cristo como desculpa para não trabalhar. 


Parece, num primeiro momento, ser um assunto não tão importante. Porém, vemos na 2º carta que o problema não foi resolvido (2 Ts 3.6-15). 


Na segunda carta, com mais severidade, Paulo os chama de “desordenados”. Que não eram para os irmãos os terem por inimigos, mas também não eram mais para estar perto deles. Que seriam cortados da lista de doações. A regra dita é que quem não quisesse trabalhar, também não deveria comer.


Vejo um pai corrigindo um filho nesses dois trechos!


Sobre uma vida ociosa, assim escreveu Benjamin Franklin, o pai fundador da nação americana, que era servo do Senhor: “a preguiça anda tão devagar que a pobreza não demora a alcançar o preguiçoso”.


Sobre o trabalho, a palavra nos diz que devemos trabalhar como que ao Senhor (Cl 3.23)


A exortação central é que devemos progredir cada vez mais. 


E por falar nisso, em que você pode progredir cada vez mais no seu trabalho?

   


Erisvaldo Pinheiro Lima
Ministrado em setembro de 2021
Igreja Santuário do Altíssimo
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